Rosas e Epifania

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"Quem, em prol da sua boa reputação, não se sacrificou já uma vez- a si próprio? "
-Nietzsche

Eloise Collins Bonneville

Whiterose House, Cambridge, 1837

       A carruagem finalmente parou com alguns solavancos desagradáveis na rua, e Eloise inspirou fundo quando o cocheiro estendeu a mão para que ela saísse dali. Ela precisaria de muita disposição para fazer tudo o que fosse necessário neste dia que acabava de começar.

-Obrigada, tenha um bom dia. -Ela agradeceu, tirando alguns xelins da bolsa que carregava e entregou ao homem. Era mais do que o necessário, mas ela não aceitou o troco.

        Eloise Collins Bonneville ficou parada defronte a enorme Whiterose House, a casa de sua prima Claire, e permaneceu alguns segundos admirando a arquitetura dali, com um notória influência francesa e sua art nouveau. Ela tinha uma missão exclusiva: viera ali para tratar sobre como ela e sua prima Claire iriam ao baile em North Castle dali a algumas semanas.

        Seus respectivos pais não iriam, e a pouca distância entre as residências tornou um arranjo possível para tal finalidade.

     Com esses pensamentos em mente, ela abriu o grande portão, subiu as escadas e bateu delicadamente à porta branca, esperando que algum empregado aparecesse. Ficou levemente surpresa quando a sua tia, a Sra. Montmorency abriu a porta. Seus cabelos loiros estavam presos em um coque como ditava a moda na época.

-Eloise, mas que surpresa agradável! Entre, querida!

-Obrigada, Senhora. -Disse, adentrando a casa imensa. 

-Eu, o Sr. Montmorency, minha cunhada e Claire estamos tomado chá na sala, junte-se a nós! -Sugeriu, já arrastando a pobre garota para dentro.

    Bom, Eloise detestava chá. Mas quis fazer média, então aceitou a xícara de bom grado e cumprimentou a todos nos sofás. 

      O Sr. Montmorency conservava sua postura rígida e a cumprimentou com a mesma polidez e doçura de sempre. A sua irmã mais velha, Brigitte Montmorency, uma solteira de cinquenta e dois anos, vestia um longo traje de cores sóbrias e conservava uma aparência fechada e mau-humor constante, mal dirigiu um sorriso para a recém-chegada.

      Claire e Eloise se cumprimentaram cordialmente, e as duas se entenderam através de olhares que nenhuma gostaria de estar ali. O vestido de Claire era num tom dourado, destacando os seus impecáveis cabelos loiros.

-Conte-nos como vai em Oxfordshire. -A Sra. Montmorency pediu, quando Eloise sentou-se.

       A moça pigarreou levemente, fazendo com que Brigitte soltasse um breve resmungo.

-Segue uma normalidade constante, Senhora. Alguns falam em uma revolta dos trabalhadores, mas nada muito grave. -Disse com cautela.

     A Srta. Bonneville sabia bem que as suas opiniões não eram muito aceitas nos grupos que frequentava, portanto mantinha vigilância constante com sua língua afiada.

-Claro.

      Fez-se silêncio desconfortável durante um tempo e o único barulho audível foi Brigitte mexendo a colher na delicada xícara de chá de maneira extremamente irritante, enquanto a pequena Beatrice, de quatro anos, estava no chão brincando com suas bonecas de pano. A  morena tentou quebrar o gelo:

-Como vão os negócios, Sr. ?

      O Sr. Montmorency preparou para respondê-la, mas Brigitte foi mais ágil:

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