"O acaso é o maior romancista do mundo. Para ser fecundo, basta estudá-lo." -Balzac
Claire Collins Montmorency
Cambridge, 1838
As três amigas estavam em seu habitual ponto de encontro durante a amena tarde em Cambridge, enquanto riam de fofocas e assuntos um tanto quanto... Inadequados para damas de reputação respeitável.
-Qual seria o seu homem perfeito? -Amanda perguntou, enquanto comia seu brioche. Seus cabelos estavam presos em uma trança primorosamente feita.
-Alto. Bem alto. Quase uma porta! -Claire respondeu prontamente, sem hesitar.
Marianne sorriu, bem-humorada como sempre.
-Você é impossível.
-Não quero que meus filhos sofram o que eu sofri. Acha que é fácil ser baixa? -A Srta. Montmorency retrucou.
As três damas se conheciam há anos, em virtude de aulas de etiqueta que fizeram juntas e eram inseparáveis.
-Eu entendo. -Amanda interferiu, tomando chá. -Não sei ao certo o motivo, mas há um quê de charme em homens ruivos.
-Misericórdia! -Marianne ria à beça. -Bom, sabem que não podemos exigir muito.
-Já são seis horas, devo voltar. -Amanda lamentou. As três se despediram e tomaram rumos diferentes ao saírem da confeitaria.
Claire estava apressada andando pelas ruas enquanto voltava para Whiterose House após passar a tarde com as amigas Marianne Belmont e Amanda Steinberg.
Ela gostava de andar, sentia-se mais livre. Dissera a Marianne que um cocheiro a esperava a duas quadras da confeitaria, mas era uma das diversas mentiras que havia contado nas últimas semanas. Ela sentia-se pressionada em casa, mas nas ruas ela se sentia livre e feliz.
Pelo menos até que um par de olhos interrompeu seu caminho, fazendo com que Claire sentisse calafrios desagradáveis na espinha. Fazendo de conta que não vira o Sr. Giardeli, atravessou a rua movimentada e entrou em uma travessa para despistar. Ela não se sentia bem na presença daquele homem enigmático. Eles se viram por somente três ocasiões, mas Claire percebera que ele estava sempre à espreita, quase como se ele esperasse o momento certo para atacar.
Quando a Srta. Montmorency pensou que não teria jeito, entrou em um estabelecimento qualquer da rua. Era imenso, com diversos espelhos e havia somente homens ali, a maioria musculosos.
Assim que olhou ao redor, viu diversos pares de olhos masculinos encarando-a fixamente. Eram em sua maioria marinheiros, ela notou.
-Boa tarde, senhorita. Em que posso ajudá-la? -Um homem alto de cabelos castanho-escuros perguntou, solene.
-Ah, bem eu... -Ela tentou dizer, mas se distraiu analisando o ambiente.
-Prazer, Aaron Scott. -Disse o homem, abrindo um sorriso enigmático. Claire percebeu que ele tinha covinhas, que em sua opinião eram algo surpreendentemente atraentes.
-Marianne Smith. -Mentiu na cara dura, abrindo um leve sorriso.
-Marcou algum horário?
-Receio que não. -Disse, ainda tentando desvendar o que era no ambiente.
-Tem certeza que não está perdida? -O moreno dos olhos esverdeados contonuou seu interrogatório.
-Eu? Claro que não. -Claire tentou imprimir firmeza em sua voz.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Amor e Ódio
RomanceA Família Collins é uma das mais importantes ao norte da Inglaterra no século XIX e chefia o Condado de Northumberland. Na grande propriedade de North Castle, vivem os irmãos Collins. Annabeth Collins, a caçula da família, é a antítese perfeita do q...