Ventos Uivantes

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"O amor e a razão são dois viajantes, que nunca vivem juntos na mesma hospedaria: quando um chega, parte o outro". -Walter Scott

Charlotte Collins

North Castle, 1837

      A noite do baile havia sido incrivelmente agitada. Inúmeros acontecimentos em uma noite.

       Charlotte acabava de pentear os cabelos, cantarolando no processo. Havia acordado muitíssimo confusa, porém feliz após o baile. No entanto, a sua ressaca moral estava de parabéns. Não se lembrava de muitas coisas após roubar uma bebida que pertencia aos seus avós e beber a pinga brasileira junto de Victoria, que sofria pela vida amorosa. Charlotte nunca tivera uma ressaca tão severa quanto nesta madrugada.

       Assim que ficou pronta, alisou seu vestido e lembrou-se de descer para o café. No entanto, resolveu guardar o par de brincos de esmeralda que havia deixado em cima da penteadeira próxima á janela quando se recolheu. Charlotte teve uma grande surpresa ao ver a figura de Edward Wessex parada em frente a propriedade, montado em um garanhão negro.

      Charlotte mal pôde acreditar no que via: ele estava mirando ao longe a propriedade dos Collins. Ela disparou para o quarto ao lado, animada. Já tinha percebido que Annabeth e o Sr. Wessex se encontravam na Campina e estava feliz, pois era nítido como o humor da prima havia melhorado nos últimos tempos.

       No mesmo instante, saiu correndo do quarto. Por conta de sua euforia, nem se deu ao trabalho de bater à porta ao lado, já foi invadindo o ambiente de forma triunfal.

-Annie! Ele está lá fora! -Exclamou empolgada, entrando no quarto de sua prima e fechando a porta atrás de si, animada. Ela percebera o a atmosfera romântica entre os dois no final da festa, quando os flagrara conversando. -ELE!!!

      Assim que Charlotte se situou, percebeu que Annabeth encontrava-se em pé, encarando a janela do quarto. Ela já não estava com suas roupas de dormir e tudo indicava que ela vira  o cavalheiro pela janela, mas o Sr. Wessex não estava mais à vista, já havia partido.

    Após alguns segundos de silêncio, Annabeth virou-se levemente para Charlotte.

-Eu sei. -Respondeu, em pé encarando a janela fixamente.

    Charlotte estava pasma. Annabeth estava horrível, com um aspecto deplorável. Os seus olhos estavam inchados e vermelhos, assim como suas bochechas. Dava para ver que ela estava péssima. O quê teria acontecido?

-O quê houve, querida? -Perguntou, preocupada com a prima.

    A seguir  ela mal acreditou no que via: grossas lágrimas escorriam do delicado rosto de sua prima. Ela nunca tinha visto Annabeth chorar em todos esses anos. Ela inclusive duvidava que ela fosse capaz de tal feito.

-Ele... Ele me pediu em casamento! -Revelou Annie, sentando-se em uma poltrona próxima a lareira apagada.

-C-c-como? -Charlotte gaguejou, sem entender a situação deplorável. Ela estava pasma com toda aquela situação. Annabeth era mais impenetrável que uma rocha e seus sentimentos eram uma verdadeira incógnita até mesmo para os que a conheciam intimamente. Jamais pensaria que algum dia a prima estaria dessa maneira. -Ah meu Deus! E você...?

-Eu recusei. -Annabeth disse, limpando as lágrimas. Bom, isso explicaria a sua apatia.

-O QUÊ? -Berrou Charlotte, se aproximando dela. Bom, pelo choro não seria uma notícia agradável, mas Charlotte pensou que Annabeth poderia estar mais receptiva ao amor após ter conhecido Edward Wessex. Charlotte não era cega, mas aparentemente certos membros da família sim.

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