O consultório era frio e um pouco escuro, a janela da recepção estava numa posição em que o sol não entrava em momento algum do dia. Alice supôs isso depois de passar duas horas esperando para ser atendida.
Henry achou que seria bom levar Alice ao psicólogo, já que Mia havia fugido durante a noite alguns dias antes e a deixado sozinha. Ela ficou arrasada, não tinha vontade de comer e nem sair do quarto, Mia era sua única amiga naquela mansão cheia de estranhos, agora ela não tinha ninguém.
"O Dr. Crowley é o melhor, ele é um antigo colega meu, tenho certeza que ele te ajudará a se sentir melhor", Henry disse, ao deixar Alice no consultório e depois ir embora.
Alice não entendia o porquê de tanta demora para ser atendida , ela era a única na sala de espera, nem a recepcionista estava lá, havia ido embora 15 minutos depois de Alice ter chegado.
"Isso é ridículo!", ela disse, levantando-se para ir embora. No exato segundo em que colocou o primeiro pé para fora do consultório, ela ouve uma voz vindo detrás dela.
"Alice Hale, dirija-se a sala 1, por gentileza", Alice se vira e se depara com um homem alto, na faixa dos 40 anos, calvo e de jaleco a alguns passos dela, seu crachá estava escrito "Doutor John C.", era o Dr. Crowley. Ela respirou fundo, revirou os olhos e foi na direção dele, ele entrou na sala 1 e Alice o seguiu.
Ela deu uma boa olhada no consultório dele, era extremamente limpo, parecia aqueles consultórios de panfletos hospitalares, livros de psicologia na estante, a pintura de uma coruja na parede, alguns arquivos em cima da mesa extremamente arrumada, todos com a assinatura "R. Helms". Dr Crowley senta à mesa.
"Sente-se, por favor", ele diz, apontando para a cadeira a frente. Alice anda em direção a cadeira e senta timidamente.
Dr. Crowley observa Alice por alguns segundos, a deixando incomodada.
"Você só vai ficar me olhando?", ela diz.
"Quero saber com o quê estou lidando, nosso corpo fala mais que palavras, sabia disso?", ele responde, abrindo a gaveta da mesa e tirando uma ficha, ele a abre e começa a ler.
"Alice Hale, 13 anos, 1 metro e 52 centímetros, 41 quilos, olhos azuis, cabelos pretos, teve apendicite aos 10 anos, os pais recentemente faleceram num infortúnio horrível, aliás, eu sinto muito, querida."
"Peraí, essa ficha é minha?"
"Seu tutor legal a cedeu para mim."
"Ele pode fazer isso?"
"Ele pode fazer o que quiser."
Alice achou aquilo muito estranho, sentia que devia sair dali logo.
"Como se sente?", ele pergunta.
"Sei lá... mal? Era isso que queria que eu respondesse?"
"Eu quero que você seja sincera.", Crowley responde, olhando para a ficha. Alice deu uma boa olhada na capa da sua ficha, viu um pequeno adesivo preto semelhante a uma mariposa e ao lado escrito à caneta, as iniciais "A.L.B." seguido por um "#1". Alice ficava cada vez mais apreensiva.
" Eu não sei bem o que responder."
Dr. Crowley suspirou alto, como se estivesse entediado, fechou a ficha e a jogou na mesa.
"Tudo bem,na verdade, não precisa falar nada, está na sua ficha, eu já sei o que você tem."
"Ué, sabe?", ela definitivamente estava surpresa.
"Você só está triste, a morte repentina de seus pais a deixou traumatizada e dependente de alguém que a entendesse, quando a sua única amiga orfã sumiu, sua tristeza apenas voltou num grau maior, tenho certeza que você vai ficar bem com o tempo."
O que acabou de acontecer?, Alice pensava consigo mesma, assustada, a forma que Crowley falou definitivamente tinha sido estranha, ela sabia que alguma coisa muito errada estava acontecendo.
"Porque você disse tudo isso?", ela pergunta.
"É apenas o que eu concluí, com base em tudo o que está na sua ficha."
"Não é assim que um médico deve agir, tenho certeza", Alice responde, levantando da cadeira.
"O que você sabe? Você não passa de um bonequinho quebrado", ele tira um charuto da gaveta e coloca na boca. Alice anda em direção a porta, não ia ficar mais nenhum segundo naquele lugar.
Ao ver ela abrindo a porta, Dr Crowley se levanta.
"Meu turno está acabando, Henry me disse para levar você para casa", diz Crowley, acendendo o charuto.
Alice o olha com desprezo.
"Não vou a lugar algum com você, eu vou andando, não se preocupe."
"Tudo bem, vá pela sombra", responde Crowley, acenando.
Ao fechar a porta, Alice vai andando rapidamente em direção a saída. Dr Crowley senta-se novamente, abre a gaveta e tira um cortador de charuto, corta a ponta do charuto e o coloca novamente na boca. Ele pega o telefone, disca meia dúzia de números e aguarda na linha. Uma voz responde e Crowley conversa com a pessoa na outra linha:
"Código de verificação?"
"Monarca 1-9-3-9"
"Status?"
"Espécime aprovado."
"Qual setor de transferência?"
"Setor novo: ALB 0001."
"Entendido, solicitando extração imediata de Alice Hale."
O telefone fica mudo.
Fim do primeiro ato.
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salute! (Eu Voltei!!!)
Misterio / SuspensoMia acorda num lugar estranho, escuro, com milhares de olhos na parede a observando. Ela não faz ideia de onde está e como foi parar lá. Um rapaz bonito com roupas coloridas aparece, lhe dando a oportunidade de sair daquele lugar: ela deve matar uma...