ATO 3: ALASTAIR

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- Merda! Merda! Merda! - o rapaz falava enquanto corria pelo corredor escuro.

O alarme tocava mais alto do que nunca, dava para ser ouvido até fora daquela mansão, havia sido soado do quarto principal, alguma coisa tinha acontecido.

O rapaz vira a esquerda, depois a direita, rapidamente sobe o lance de escadas que levava ao quarto principal. Todos os empregados da casa estavam aos prantos, caídos no chão, com as mãos nos ouvidos, se contorcendo de dor, eles não suportavam barulhos altos.

Ele chega na porta do quarto principal, ofegante, com o suor descendo pelas suas costas, tenta abrir a porta, mas está trancada.

Se alguma coisa der errado, ele vai querer a minha cabeça, ele pensava, com desespero.

O rapaz recua um pouco, fica à dois metros da porta, retira da cintura uma pistola, presente de seu pai quando era menino, e dá um tiro na fechadura. O tiro foi superficial na tranca, ao forçar novamente a porta, ainda não abria.

- Que inferno!!! - ele se afasta novamente da porta e dá três tiros na fechadura, o terceiro tiro dá um ricochete, atingido seu ombro de raspão, o rapaz estava tão desesperado que não deu importância para algo tão fútil quanto um tiro no ombro, não quando a sua vida está em risco.

Num chute desesperado na tranca, a grande porta de madeira maciça abre com facilidade e, rapidamente, ele entra com a pistola nas mãos, preparado para atirar caso algo decidisse atacá-lo.

O quarto estava escuro, mas pela luz fraca da lua do lado de fora, dava para ver que era grande, bem chique, parecendo aqueles da realeza, com um lustre enorme e uma cama de casal bem na frente da porta. Com pequenos e silenciosos passos, o rapaz vai se aproximando da cama, que estava sendo coberta por um véu escuro.

Ele fica à frente da cama, na distância de um aperto de mão, segura o véu com a ponta dos dedos, a pistola, na outra mão, já pronta para atirar ao menor sinal de perigo. Rapidamente, puxa o véu com força, arrancando-o da cama, mostrando a figura imóvel deitada.

Ao ver quem estava na cama, o rapaz larga a pistola, seu rosto fica pálido, seus lábios secam, o suor frio descia pela sua testa enquanto via o sangue escorrendo pelo lençol. Sua mente fica vazia, sentia sua alma saindo pela boca, seus instintos estavam em alerta e impotentes, como gado indo direto para o abate.

Aquele cadáver era a pessoa mais importante daquele lugar, sua morte significava a infeliz verdade: o rapaz falhou, e ele vai pagar muito caro por isso.

Beatrice entra no quarto, vê o corpo nu e ensanguentado, para ela, a imagem só não era mais assustadora do que o rosto catatônico do rapaz, seu mestre, olhando para o cadáver. Ela rapidamente começa a vasculhar o quarto, procurando alguma pista de onde estava a pessoa que fez isso.

Atrás de uma poltrona, no canto do quarto, Beatrice encontra uma pequena porta entreaberta, com cerca de 90 centímetros de altura, uma passagem secreta que levava diretamente para o porão daquela casa.

Dois homens de terno, armados, entram no quarto.

- Mestre! - um dos homens fala para o rapaz - O que houve?

Não houve resposta, ele ainda estava em choque, olhando para o corpo.

- Vão para o porão agora! Ela fugiu pra lá! - Beatrice dá as ordens, sem perder tempo.

Os dois homens sinalizam com a cabeça e saem rapidamente do quarto, a moça vai em direção ao seu mestre.

- Mestre! Olha pra mim - ela puxa seu rosto na direção do rosto dela, os dois agora se olhando cara a cara - Ainda dá pra escapar dessa.

- Não dá - ele fala, num tom pessimista - Eles vão querer a minha cabeça.

Beatrice percebe que ele voltou um pouco a si mesmo, o segura pela mão e correm para fora do quarto. O alarme ainda tocava e os empregados ainda estavam agonizando no chão.

Eles chegam no lado de fora da casa, correm para um caminho onde tem alguns carros estacionados, entram num carro e saem rapidamente daquela propriedade. Beatrice dirigindo, indo o mais rápido possível, sem olhar para trás.

- Não vai dar certo - o rapaz diz, olhando para a janela - Eles vão nos matar, não importa para onde formos.

- Eu tenho um plano, Mestre - ela diz, olhando para frente, sem piscar - É uma forma de escaparmos dessa.

Ele se vira e olha para a moça, seu olhar de determinação era assustador, naquele momento, o rapaz se sente mais seguro.

- Tudo bem, o que nós fazemos!?

- Vamos voltar para casa.

E os dois seguem rapidamente pela estrada.

Enquanto isso, o alarme ainda tocava na mansão, os dois homens armados desciam rapidamente até o porão, chegando lá, uma busca minuciosa não revelou mais do que algumas correntes e pinturas bizarras, um deles percebeu um pequeno rastro de sangue que seguia até uma pequena janela aberta, que ia em direção do bosque.

- Ela caberia nessa janela? - ele perguntou.

- Você viu como ela era? Se ela conseguia se soltar das algemas sem quebrar o pulso, com certeza, consegue passar por aí.

- Bom, então é uma situação de alerta vermelho, contate os Monarcas e chame os outros, diga a eles que o espécime fugiu.

salute! (Eu Voltei!!!)Onde histórias criam vida. Descubra agora