O meu melhor amigo

Capítulo 3

Charles

Eu não consigo fingir que estou bravo com Marcella por ela está gastando todo o meu dinheiro nessa livraria idiota. Não dá pra ficar bravo com ela. Primeiro porque eu a usei novamente como desculpa pra espantar mais uma garota com quem eu dormi, segundo porque o sorriso que ela estampa no rosto nunca vai me permitir ficar bravo com Marcella. Quando Jules, o nosso melhor amigo, morreu, eu a vi chorar todas as noites. Eu estava devastado com a morte dele também, mas a pior parte foi vê-la chorando, foi como ter meu coração partido em mil pedaços. Essa foi a única vez na vida que eu tive a sensação de um coração partido, e a forma que eu encontrei para me curar foi prometer a mim e a Jules que eu nunca mais deixaria essa criatura linda chorar. O seu sorriso parece um farol nos dias mais tempestuosos.

"Leclerc para terra, chamando, alô?". Fiquei tão extasiado com minhas lembranças que nem notei que Se estava falando comigo.

Sim, eu a chamo de Se por conta de seu sobrenome Senna. Quando eu descobri que o seu nome era uma homenagem ao Ayrton Senna eu pirei, pois eu sou muito fã do cara, apesar de ele ter morrido antes de eu nascer. Chamá-la de Se me faz lembrar de duas coisas que amo: a Fórmula 1 e Marcella. Não me entenda mal, eu a acho atraente e talz, mas nunca a vi de outra forma além de uma irmã, acredito que ela também nunca se sentiu atraída por mim desse jeito.

"Oi, o que tá pegando?"

"Achei que você estava tendo um treco. Você tá parado no mesmo lugar há meia hora e tá olhando pro nada..."

"Desculpa, eu só me perdi nos meus pensamentos. Agora sou todo ouvidos"

Ela me encara como se estivesse procurando algum sinal de que estava mentindo e de que não estava bem. Como ela não achou nada em minhas feições deu de ombros, abriu aquele sorriso outra vez, pegou a minha mão e me disse: "Vem, tenho uma surpresa pra você"

"Espero que seja uma morena linda que eu vi por aí, alguns minutos atrás"

"Há, vai sonhando garanhão!"