Capítulo 44

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Marcella

Tem umas três semanas que estou na casa dos meus pais, e eu implorei para que eles guardassem segredo sobre onde eu estava. Meu pai e minha mãe estão fazendo o melhor para me deixar em paz e tranquila, mas sei que eles estão muito preocupados comigo.

Todo dia saio para trabalhar, mas meu rendimento no trabalho caiu bastante e René tem me dado muita bronca por conta disso. Não durmo quase nada, nem como, meus pesadelos voltaram e eu ando evitando todos os meus amigos. Direto recebo mensagem do Charles perguntando como estou e dizendo que ele quer conversar comigo, mas nunca respondi nenhuma mensagem.

A única pessoa com quem eu tenho falado é Luke, pois ele me anima e me dá uma perspectiva feliz da vida. Isso um dia vai passar e meus cacos vão juntar-se, e quem sabe um dia eu até ame alguém como amo Charles.

Estou na cozinha tomando meu café para ir trabalhar quando meu pai e a minha mãe aparecem. Pela cara deles, eu sei que eles tem algo importante para me falar.

"Cella, precisamos conversar com você". O que eu disse? Sou ótima em ler as pessoas.

"Eu e seu pai estávamos pensando se você não quer passar um tempo no Brasil com a sua avó, tios e primos", diz minha mãe. Eles me pegam de surpresa.

"Sabe, estamos muito preocupados com você. E não só nós, até a sua chefe tem dito que você não está focada e que está preocupada. Os Leclcercs estão sempre perguntando por você também. Charles e Arthur insistem em saber onde você está, mas não contamos que você está com a gente...", minha mãe me surpreende mais uma vez.

Sabe, eu gostaria de ir para Frankfurt ver o Luke e comecei a pensar que talvez essa seja uma ótima hora para me mudar para lá. Mas eu nunca consigo seguir esse plano, pois eu estou presa ao meu passado e a Charles. E Frankfurt vai me lembrar de nossas aventuras na infância e isso vai me fazer ficar mais triste.

"Mas o que eu faria no Brasil?", pergunto aos meu pais.

"Isso daí é com você. Só estamos sugerindo", diz meu pai.

A ideia talvez não seja tão ruim. Sempre quis passar uma temporada no Brasil para aprender português, e acho que passar um tempo lá pode fazer com que eu me sinta melhor. Quem sabe eu possa ficar livre desses sentimentos que me perseguem. Não sei, eu tenho que pensar direito.

"Bom, se você quiser ir, já falamos com a René e ela disse que por ela não tem problema. Você pode tirar um tempo da editora. É para seu próprio bem, filha."

"Mãe, pai, se eu resolver ir para o Brasil, posso ir quando eu quiser?", pergunto.

"Claro. Você quem decide", meu pai diz.

"Então eu quero ir na sexta, depois do aniversário do Arthur", digo.

"Filha, o Arthur não ficaria chateado por você não ir ao aniversário dele. Ele entende o que você está passando", diz minha mãe.

"Eu sei, mãe. Mas eu preciso ir. Quero me despedir do Arthur e do Charles. Eu preciso fechar esse ciclo se eu quiser superar tudo o que aconteceu", digo com a maior confiança do mudo.

Estou muito confiante. Pela primeira vez eu tenho certeza do que estou fazendo, e estou fazendo por mim. Está na hora de sair da minha zona de conforto e encarar a vida.

O meu melhor amigoOnde histórias criam vida. Descubra agora