Capítulo 42

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Marcella

Consigo tirar o Callum da minha cama e ele vai embora dizendo que me liga depois. Eu estou rezando para ele esquecer de ligar. To começando a considerar o convite de Luke e ir passar uns dias em Frankfurt. Charlotte resolve ir embora também. Ela disse que vai dormir um pouco para melhorar a ressaca,  e quer deixar eu e Charles sozinhos para conversarmos.

A última coisa que quero é conversar com ele, mas ela está certo. Temos muita coisa para ajustar se quisermos que nossa amizade não se degrade mais.

Assim que Charles chega em casa eu corro para abraçá-lo. Ele parece meio hesitante em me abraçar, mas acaba fazendo. Eu pergunto o que aconteceu para ele ser expulso e ele me conta.

Fico chocada quando percebo que a causa fui eu. Mas o que Charles me diz depois disso me deixa mais chocada ainda. Não, me deixa devastada. Mais do que quando ele me contou sobre ele e Charlotte.

"Marcella, acho melhor eu e você morarmos em casas diferentes", ele me diz.

"O que você tá falando? Isso aqui sempre foi ideia sua", digo muito indignada.

"E agora a minha ideia é ou eu ou você se mudar. Isso aqui não vai dar certo. Eu realmente quero dar uma chance para Charlotte, e não quero ter ciúmes de você quando algum carinha aparecer aqui com você. Não é justo com a Charlotte e nem com você"

"É um caralho que você está pensando em mim! Você sempre faz as coisas de acordo com suas vontades. Quando Jules morreu você não queria ficar sozinho, por isso me trouxe para cá. Agora você já não está mais sozinho, por isso quer que eu vá", digo começando a chorar. Eu não to acreditando no que estou ouvindo.

"Marcella, não é isso. Eu sou seu amigo e sempre serei, mas neste momento, se você ficar por aqui eu não vou conseguir dar para a Charlotte essa chance. Você me enlouquece."

Não consigo dizer mais nada. Tá decidido, estou indo embora. Eu deveria ter aceito o convite da minha mãe para morar com os meus pais. Eu não sei porque pensei que essa amizade iria conseguir lidar com esse triângulo amoroso que é eu, Charles e Charlotte. Ou o triângulo só estava em minha cabeça, pois para Charles parece nunca ter existido.

Entro no meu quarto e fecho a porta. Sento com as costa encostada na porta e desabo de tanto chorar. Meu maior medo de todos se concretizou, eu perdi Charles. E não foi para um acidente e nem nada disso, foi justamente por amá-lo demais.

Como diz na música Love Will tear us apart, o amor é que vai nos separar.



Marcella

Não estou encontrando as minhas luvas roxas em canto nenhum, então resolvo pergunta para Charles se está com ele, pois ele vivia roubando essa luva na época de frio.

Quando entro em seu quarto ele não está. Procuro em todos os lugares da casa e percebo que ele não está em casa. Então resolvo eu mesma procurar em suas coisas as minhas luvas roxas.

Abro sua cômoda e começo a procurá-las. Na primeira gaveta não está, será que na segunda? Abro a gaveta e começo a vasculhar tudo, mas de repente encontro uma caixinha de jóias. O que é isso? Claro que minha curiosidade não me deixa em paz, então abro a caixa.

Um anel de noivado. Eu encontro um anel de noivado na caixinha. Ele está pensando em pedir Charlotte em casamento? Por isso quer que eu vá embora?

Esqueço minhas luvas e vou correndo para o meu quarto chorar e terminar de organizar as minhas coisas para ir embora, pois era o que eu estava fazendo antes de ir procurar minhas luvas. Ele que fique com elas.

Em um bolso da minha mochila encontro o carrossel que comprei para Charles em Frankfurt. E eu idiota me sentindo culpada por ele ter visto as coisas que eu estava pesquisando sobre Frankfurt, mesmo não pensando em ir para lá sem ele. Ele estava esse tempo todo pensando em casar com a Charlotte e não me contou.

Pego só algumas coisas e jogo na mochila, desisto de arrumar o resto, depois peço para meu pai vir buscar. Eu preciso ir embora deste lugar.

Deixo o carrossel em forma de pingente em cima da sua mesinha de cabeceira e vou embora do lugar que eu costumava chamar de lar. Eu nem sei mais que lugar é esse, pois neste momento ele só me traz lembranças dolorosas. Não parece nem um pouco com o que eu chamava de lar. Deve ser porque o meu lar era Charles, não um lugar.



Charles

Depois que pedi para Marcella ir embora, ou eu iria, me senti muito mal por isso. Ouvi ela chorando em seu quarto e quase supliquei para que ela ficasse comigo. Não podemos mais fazer isso, ou eu irei ficar louco.

E o lance com a Marcella me fez perder a cabeça com Max, não quero que isso estrague a minha carreira também, já basta a nossa amizade estar arruinada. Se eu perder ela e o contrato com a Ferrari, daí eu não iria aguentar mais nem um dia. Eu iria ruir até não sobrar nada.

Resolvi dar uma volta para esfriar a cabeça. Não tenho ninguém com quem falar, principalmente porque Arthur está viajando, e mesmo se ele não estivesse eu sei que ele não iria querer falar comigo sobre a Marcella. Ele ficou puto com a minha briga com Max.

Quando dou por mim eu estou tocando a campainha da pessoa que eu menos esperava que um dia eu iria pedir um conselho.

Stefano abre a porta e percebo que está surpreso por eu estar alí. Eu também estou. Mas eu preciso muito de um amigo, e posso entender agora porque Marcella corre para ele quando precisa de ajuda.

O meu melhor amigoOnde histórias criam vida. Descubra agora