Capítulo 45

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Charles

"Cara, você precisa parar de beber. São 14:00 e você já está mais bêbado que tudo", me diz Arthur. Ele está sendo um pé no saco esses dias.

Ele não entende que estou triste. Estou tão triste que se eu não beber eu vou ter que encarar a realidade que me assombra, e isso vai me matar. Estou tentando dar o meu melhor para Charlotte e para meus treinos, mas a que custo? Que sentindo tem a vida sem a Marcella?

Arthur tira a garrafa de cerveja da minha mão e me dá um tapa na cara.

"MAS QUE MERDA VOCÊ PENSA ESTAR FAZENDO?", digo tentando soar bem, mas eu to tão bêbado que estou enrolando todas as palavras.

"Você é patético. Olha pra você, são 14:00 e você está bêbado. Eu vou embora agora, pois preciso terminar de arrumar os preparativos da minha festa e porque se eu ficar mais um minuto aqui eu vou quebrar a sua cara. Tenta dormir e tomar um banho. Se você chegar assim no meu aniversário eu te expulso de lá! E tenho dito!"

Arthur sai mais puto do que quando entrou e bate a porta com muita força. Esse pirralho está começando a me irritar, e pra valer dessa vez!

Mas só por hoje, no seu aniversário, eu vou dar o que ele quer. Ele disse para não chegar bêbado lá, não disse que eu não poderia beber na festa. E é o que farei!







Marcella

O aniversário do Arthur vai ser no nosso karaokê de sempre. Fico feliz por isso, pois posso curtir minhas últimas horas em um lugar que amo e que me trazem muitas lembranças boas. Meu avião para o Brasil sai uma hora da manhã. Devo chegar no Brasil umas nove horas da manhã.

Estou muito empolgada com essa viagem. Vou poder curtir mais a minha avó e o resto da minha família brasileira. Minha avó até já me matriculou em uma escola de português para estrangeiros. Não é uma fofa?

Prometi para meus pais que eu não iria me abalar por Charles está na festa, mesmo eu tendo uma crise de ansiedade só de pensar nele lá. Não durmo tem duas noites, só pensando no quando vai doer encontrar ele lá com a Charlotte.

Mas eu preciso ir para me despedir dele, nem que seja de longe, do Arthur e todos que estou deixando para trás. Meus pais disseram que posso ficar o tempo que eu quiser no Brasil, e é isso que farei. Vou aproveitar tudo daquele lugar, e só volto quando estiver me sentindo completa novamente.

Chego ao aniversário do Arthur com os meus pais. Arthur vem correndo me abraçar quando me vê, quase que ele não me deixa ir abraçar os meus outros conhecidos. Ele passa boa parte do tempo ao meu lado, e eu acabo contando que ficarei pouco em sua festa, pois daqui algumas horas estarei indo para o Brasil.

Ainda não vi Charles em lugar nenhum. Ótimo. Assim consigo aproveitar mais a festa.

Mas claro, minha felicidade não dura muito, pois meia hora depois ele chega a festa acompanhado de Charlotte.







Charles

Marcella está na festa. Sim, ela está aqui e não é ilusão da minha cabeça. Há dias eu venho sonhando com ela. Até quando estou transando com Charlotte eu penso nela. Outro dia chorei a madrugada inteira lembrando que quem está ao meu lado é Charlotte, e não Marcella. Isso está me matando.

Ela está linda. Mas posso ver que sua fisionomia é de uma garota sofrida, e posso ver pelos seus olhos fundos que ela tem tido aqueles pesadelos que não a deixam dormir. Ela está mais magra também. Na minha cabeça doentia eu fico feliz por ela estar assim, pois sei que ela não me esqueceu e me quer tanto quanto eu a quero.

Falo um oi para Arthur e ele me alerta para não chegar nem perto de Marcella hoje, se eu não quiser ser morto.

Charlotte percebe meus olhares para Marcella e fica triste imediatamente. Ela não é burra, já entendeu o que se passa comigo. Eu me sinto muito mal por ela, mas não consigo evitar o que eu estou sentindo. Tenho estado distraído nos treinos também, e quase perdi a direção do carro umas duas vezes essa semana.

O pessoal da minha equipe disse para eu tirar um mês de férias e descansar, pois não querem que eu tenha um acidente, ou que eles tenham que me despedir pelo meu baixo rendimento. Foda-se todo mundo! Eu estou deprimido!

Quer saber, acho que está na hora de eu começar a beber.











O meu melhor amigoOnde histórias criam vida. Descubra agora