Capítulo 51

697 31 3
                                    

Charles

Toco a campainha da casa dos pais da Marcella e rezo para que alguém esteja em casa. Depois que o meu almoço com a minha mãe e o Arthur acabou, decidi que viria na casa de seus pais para devolver as luvas prediletas dela. Mas é óbvio que isso é só um pretexto para ver se consigo arrancar algo sobre a Marcella.

Eu estou com saudade, e cada dia que passa a saudade só aumenta. Para piorar a situação nenhum dos amigos dela sabe nada sobre seu paradeiro. Ou seja, ela nos cortou completamente de sua vida. Eu sei que mereço, mas o Arthur ficou chateado pela decisão.

"Charles, o que faz aqui?", pergunta Anna, mãe da Se.

"Desculpa, é que eu achei as luvas prediletas da Marcella no meu armário. Queria devolver para o caso de ela sentir frio...". Acho que dona Anna percebe o meu desespero para saber sobre Marcella, pois elas me olha de cima e a baixo e diz para eu entrar. Ainda bem, pois aqui fora tá um frio do cacete.

Dezembro e janeiro são os meses mais frio do planeta terra! Ao menos é o que parece, exageros à parte.

"Charles, você sabe que ela está no Brasil e a última coisa que faz no Brasil essa época é frio", diz Anna respirando fundo.

"Eu sei, é que sei lá, ela ama essas luvas", digo com uma tristeza genuína. Meu coração dói só de tocar nessas luvas e estar aqui na casa dos pais delas. São tantas lembranças que me deixam quase sem ar.

"Tá, senta aqui no sofá comigo, filho", diz Anna e a obedeço.

"Sabe, não preciso dizer isso de novo, mas você fez merda. Fez muita merda e magoou muito a Marcella. Por isso sugerimos dela ir ficar com os parentes brasileiros por um tempo. Ela já não comia, não fazia nada, estava preocupante. Então dá esse tempo para ela, dá o tempo para ela se curar". A sinceridade da dona Anna é tanta que parece que eu estou prestes de começar a chorar.

"Mas e se ela nesse tempo perceber que não me quer na sua vida? Que eu sou a pior pessoa do mundo?", digo. Estou parecendo uma criança birrenta.

"Olha, ela sabe que você é uma pessoa incrível. Todo mundo sabe disso. Falo sempre com seus pais e meu marido sobre você. Todos eles sabem que o que vocês passaram foi algo forte, e todos estamos preocupados com os dois. Você e ela precisam desse tempo para se recuperar e, quem sabe, se for para ser, vocês voltem algum dia. Mas ficar procurando sempre por ela não vai ajudar em nada, não é saudável. Eu mesmo já disse isso para ela, pois só o que ela faz é perguntar sobre você", diz Anna.

Pera, ela pensa em mim? A esperança de tê-la na minha vida de novo se acende.

"Ela pensa em mim?", digo parecendo ser a pessoa mais tímida do mundo.

"Marcella sempre pergunta de você. E ela sabe que você pergunta dela. Charles, ela tá vivendo a vida dela agora, e peço para que você viva a sua. O que vocês passaram sempre vai ficar no coração de vocês. Mas dê tempo ao tempo. Vai se divertir e ganhar a próxima temporada da Fórmula 1. Não desperdice seu talento e tempo. A vida passa rápido e você pode se arrepender por não ter feito nada"

Dona Anna tem razão. Eu preciso melhorar em alguns aspectos e preciso deixar que Marcella também faça o mesmo. Sempre nos amamos, e esse amor não vai se apagar nunca. Vou dar o tempo dela e procurar o que fazer com o meu. Eu quero que quando ela voltar veja que eu sou a melhor escolha para a sua vida.

"Obrigado, Anna. Você é uma mãe para mim. E eu amo sua filha. Prometo ser melhor por mim e por ela", digo emocionado.

Levanto, dou um beijo na bochecha da Anna e vou fazer exatamente o que ela me disse. Viver a vida e deixar que a Se aproveite a dela, até o dia que nos encontrarmos novamente.

O meu melhor amigoOnde histórias criam vida. Descubra agora