Capítulo 13

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Marcella

Charles está muito bêbado. Tão bêbado que tenho que ajudá-lo a subir as escadas. Quando entramos no seu quarto, o coloco na cama e tiro seus sapatos. Tento fazer ele beber água para não acordar com ressaca. O que me espanta foi o tanto que ele bebeu hoje, Leclerc nunca foi muito de beber. Diz ele que atletas mantém sua saúde em dia, por isso não bebe.

Quando Charles termina de beber um copo de gigante de água que eu trouxe, coloco o copo em sua mesinha ao lado cama, dou um beijo em sua testa e me preparo para sair do quarto. No momento em que me levanto a mão dele me puxa para baixo "eu quero falar com você", me diz ele.

"Agora? Você está muito louco para isso"

"Não fala besteira. To bêbado, mas sei exatamente o que quero falar"

"Então me diz o que foi", digo, pois sei que ele não iria me deixa ir embora até eu permitir que ele falasse.

"Eu estava pensando, já percebeu o quão amigos somos?"

"Ah, não, você não vai dar uma de bêbado meloso e dizer que me ama. Eu já sei disso", começo a ri e ele faz uma cara de irritação.

"Deixa eu terminar, sua insuportável!"

"Tá bom..."

"Então, nossa amizade pode ser benéfica para nós. Sei que você quer aprender a ser casual, e eu gosto de transar, como eu gosto... Podemos tirar proveito disso". Não estou gostando dessa conversa. O que ele tá sugerindo? "Eu pensei então em nos tornarmos P.A"

"O que é um P.A?"

"Pau amigo. Claro, só eu tenho o pau nessa história, mas você me entendeu. Podemos transar sempre que quisermos, eu te ensino uns truques e de quebra você ainda vai gozar muito com a nossa diversão", pera, o que ele tá me sugerindo? Transar com ele?

"Você está louco, boa noite. Não tem nem chance de isso acontecer". Tá, eu sei que eu pensei a mesma coisa ontem, e que eu me senti muito bem com a nossa pegação, mas vendo Charles levantar essa hipótese, essa ideia parece idiota.

"Vai, Se. Somos amigos, vai ser ótimo. E não precisamos nos preocupar em nos apaixonarmos ou ter que dispensarmos um ao outro no dia seguinte. Só temos a ganhar com isso. Falei com o Arthur, e ele aprova a ideia"

"Pera, você falou com o Arthur sobre isso?", digo com uma vergonha danada do que o Arthur vai pensa. Merda, ele é um irmão mais novo para mim.

"Você sabe que conto tudo pra ele...E sabe o motivo de eu não ter ficado com a Agnes hoje? Só tinha uma garota que eu queria beijar hoje, e ela é você"



Marcella

PUTA MERDA! Acho que eu fiquei tão petrificada com essa informação que nem percebi que Charles está me olhando com aquela cara de cachorro pidão, esperando minha resposta.

"O que vai ser? Aceita?"

"Charles, eu não sei... e se algo der errado?". Não quero nunca me separar do Charles, e isso pode ser algo que ameace a minha amizade com ele.

"Lembra de quando éramos crianças e assistíamos filme de terror escondido dos nossos pais? Jules, eu e você? E quando alguém estava com muito medo do filme dizia a palavra de segurança que inventamos, daí naquele momento desligávamos o filme e o terror ía embora?". Meu coração se enche de amor com essa lembrança. Jules e Charles amavam os filmes de terror e não tinham medo deles, mas eu tinha. Então, um dia, para me fazer ficar com eles enquanto assistiam, Charles inventou isso de palavra de segurança e Jules concordou. Sei que eles inventaram esse troço só para me proteger.

"Lembro..."

"Então, se algum de nós quiser pular fora, falamos alguma palavra de segurança e o nosso caso acaba. Ninguém sai machucado e tudo continuará bem". O que ele diz me faz ri, pois parece que voltamos no tempo, voltamos a nossa infância.

"Qual seria a palavra de segurança?". Vejo um brilho de esperança naqueles olhos cinzentos.

"Hmm...Não sei, você tem alguma ideia?", ele me pergunta.

"Tá, eu aceito essa loucura! Mas nada de compromisso, saí de um agora e ainda estou magoada. E não quero ver suas outras conquistas aqui em casa, por favor. E acho que a palavra pode ser... desisto!"

"Desisto? Você já foi mais criativa. E aceito suas regras", ele diz rindo da palavra idiota que eu sugeri. "Mas tudo bem, pode ser essa"

Por alguns segundos ficamos nos encarando, até eu quebrar o silêncio. "Então, o que fazemos agora?". Acho que ele vê a forma como fico constrangida, e o que me diz logo em seguida me surpreende.

"Bom, que tal começarmos amanhã? Assim você relaxa, se prepara e tudo mais. Não quero forçar você a nada", e é nesse momento que sei que essa loucura toda vai dar certo. Sorrio para ele e digo, "tá certo. Obrigada por isso. Bom, agora vamos dormir. Boa noite!"

Assim que me viro para sair, Charles me diz, "às 20:00h? Faço o jantar, assistimos algo e transamos". Começo a ri da sua ousadia. "Vai ser tipo um encontro?", pergunto sorrindo de orelha a orelha. "Tipo um encontro, se assim você desejar"

"Ás 20:00 então!". Saio do quarto e a sensação que eu tenho é que isso nunca pareceu tão certo.

O meu melhor amigoOnde histórias criam vida. Descubra agora