Marcella
Já é terça-feira e Stefano ainda está estranho comigo. Nosso fim de semana foi peculiar, para não dizer coisa pior. Depois do comentário de René e de Charles me ligar duas vezes para saber se eu queria que ele comprasse alguma coisa para mim em Bolonha, e depois teve uma terceira vez, quando ele voltou de viagem e perguntou o que eu queria de comida do supermercado, a coisa entre Stefano e eu só desandou mais. Ele diz que não ficou chateado, mas ele tem agido de forma estranha. Mando mensagem e ele me responde monossilábicamente, se eu tento ligar cai direto na caixa postal. Mas que merda mesmo! Eu to tão magoada com esse silêncio do meu namorado que acabei ficando puta com Charles. Eu sei que não é culpa dele, mas tinha que me ligar tanto assim? Charles percebeu que algo estava rolando, principalmente depois que ele fez suas piadinhas e eu nem ri, ou quando tentou conversar comigo sobre a briga que teve em Keep Up with the Kardashians e eu disse que queria assistir o episódio em silêncio.
Charles
Hoje eu e Arthur, meu irmão mais novo, viemos almoçar juntos. Meu irmão é um dos pilotos do programa de jovens talentos do senhor Bianchi. Arthur é tão talentoso e dedicado quanto eu, e só por ter conseguido entrar na equipe dos Bianchi já é um indício de seu talento e dedicação. Não tenho dúvidas que um dia ele e eu estaremos nos enfrentando na Fórmula 1.
Chego atrasado para o nosso almoço, por isso Arthur já está sentando em uma mesa bebendo enquanto me espera.
"Desculpe o atraso, eu estava em uma reunião com os engenheiros da minha equipe"
"Sem problemas, eu perguntei para Cella – o apelido do meu irmão para Marcella – se ela sabia onde você estava e ela me disse que em uma reunião com o pai dela e os outros engenheiros". Não acredito que ela responde ao Arthur e a mim ela ignora. Tem algo muito errado nisso aí, e esse silêncio todo tem me deixado louco.
"Espero que você não se importe, mas já pedi as nossas bebidas e a comida. Já já o prato chega"
"E o que você pediu pra mim, fedelho?", digo passando a mão em seus cabelos arrumadinhos e os bagunçando. Não importa o tempo que passe, eu e ele nunca vamos parar de implicar um com o outro. Quando alguém tenta mexer com Arthur eu fico uma fera, e ele também fica muito bravo se alguém ousa se quer falar mal de mim. Sabe como é, coisa de irmão.
"O seu predileto, macarrão à carbonara"
"Valeu! Você é o melhor!"
"Eu sei disso", diz Arthur todo prepotente, o que me faz dá uma risada. Acho que ele aprendeu isso comigo.
"E o que tá rolando entre você e a Cella?", respiro fundo para responder, pois essa é a conversa que eu não quero ter. Só me deixa mais chateado falar sobre isso.
"Como assim?", digo.
"Eu tive a impressão de que quando perguntei sobre você ela parecia meio chateada..."
"O pior é que eu não faço ideia o que aconteceu. Desde segunda, quando ela voltou pra casa, tem me ignorado e quase não fala comigo, só fala o essencial. Até tentei fazer ela falar comigo sobre aquele programa idiota que ela assiste, mas nada"
"Então isso requer uma intervenção!". Quando Arthur fala isso eu olho para ele como se o que ele acabou de dizer fosse a maior imbecilidade da terra. O que ele quer dizer com isso?
"Vai, C, não me olha com essa cara. Você lembra de quando éramos pequenos e um de nós acabava chateado por algo e exigíamos a intervenção? Lembro do dia que Jules inventou isso, depois de brigar com a Marcella porque ele deu uma de irmão ciumento com um dos paqueras dela". Não tenho como segurar o riso, eu me desato a gargalhar lembrando disso. Jules sempre tinha saída para tudo! Principalmente para a teimosia da Se. Acho que ele era o único que conseguia dobra-lá quando estava com raiva.
A intervenção, como chamávamos, consistia em fazer a pessoa sentar em uma cadeira, de frente para os juízes, e a pessoa tinha que falar o que estava pegando. Se isso não acontecesse, a pessoa ficava um mês pagando sorvete para todos nós. É ridículo, eu sei, mas éramos crianças. "Quantos anos você acha que ainda temos? 9 anos?"
"Bom, se você tiver ideia melhor, vai nessa. Mas tratem de se arranjarem, vocês dois ficam um pé no saco quando estão de mau humor. Não quero ter que eu mesmo fazer a intervenção", diz Arthur. Claro que eu morro de ri com as coisas ridículas que ele fala, mas em uma coisa ele está certo, o mundo fica de cabeça para baixo quando eu e Marcella estamos brigados, e isso raramente acontece. Deus, eu preciso transar pra tirar esse mau humor de mim!
Nossos pratos chegam e mudo o rumo da conversa, pois a vontade que eu tenho é de ir atrás daquela teimosa e obrigá-la a falar o que tá acontecendo. Estou frustrado e não quero ficar assim, preciso estar com a cabeça no lugar e me concentrar em ganhar de Max na próxima corrida.

VOCÊ ESTÁ LENDO
O meu melhor amigo
FanfictionMarcella Senna da Silva Pellegrini, Jules Bianchi e Charles Leclerc são melhores amigos desde sempre. Jules é um piloto ambicioso, dedicado, leal e vem de uma família influente de Nice, França. Charles Leclerc, assim como Jules, é um piloto dedicado...