Capítulo 6

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A caverna não era tão perto assim. Vez ou outra, Krisha, dirigia para Cás um olhar acusador.

— Mestra, fico feliz que a senhora ficou conosco.

O jovem Thu era uma rapaz amável. Ele mexia nos pertences e sempre achava algo para compartilhar com a ladra. Entre as bagagens havia frutas secas e cristalizadas, figo e tâmaras, e outras frutas exóticas e doces. Apresentavam grande quantidade de carne seca e salgada. Eles comiam bem. E o jovem chacal era generoso.

— Onde vocês conseguem tanta coisa?

— São restos ainda do suprimento que trouxemos de nossa terra natal, mestra. As florestas são difíceis. Há pouco alimento. Por isso trouxemos um estoque grande. Mas brevemente, seremos obrigados a caçar.

— Já estou com vontade de comer uma carne fresca. Fiquei tentado de assar nosso velho amigo porco.

— Não como nada que ande e fale comigo.

— Você deveria rever seus conceitos, pois os seus velhos amigos não possuíam esses pudores.

— Eu bem sei.

— Não se preocupe, mestra. A senhora está segura agora conosco.

— Não confie muito em Thu. Ele é otimista em excesso.

— Eu prefiro pessoas otimistas. Pessimista eu já sou.

— Não se deixe enganar, mestra. Mestre Cãs é otimista também.

— Mas não em excesso.

Avançaram ainda mais por um caminho íngreme. Parecia que desceriam até as profundezas. O caminho foi ficando cada vez mais estreito e acidentado. O bisão avançava. Em determinado momento, o próprio príncipe subiu no animal junto com Krisha e Thu.

A certa distância, não foi possível mais avançar.

— Mestre, o bisão não passa mais daqui. — Thu ia na frente, Cás no meio e Krisha atrás.

— Vamos ter que descer, feiticeira. Seguimos a pé a partir de agora.

— E eu, mestre?

— Vai ficar perigoso a partir de agora. Fique com o bisão e nos aguarde. Se não voltarmos até o amanhecer, retorne e diga que fracassamos.

— Não poderei retornar sem o senhor, mestre. Não terei condições de enfrentar nossa soberana.

— Vou fazer o seguinte, eu fico com o Thu, e fico responsável por comunicar a rainha.

— Se você conhecesse a soberana, mudaria de ideia. Eu também preciso de você. Não vai poder ficar.

— Que pena, senhora. Volte logo com meu mestre.

— Thu, você é muito falso.

Desceram da montaria e seguiram pelo caminho estreito entre duas paredes de pedra. Krisha olha para o alto, a fenda do céu branco. Antes do anoitecer, a passagem estaria escura. E qualquer inimigo, ou uma simples intempérie, poderia soterrá-los debaixo de metros de sedimentos.

Thu ficou para trás, sobre o animal que não podia mais passar. Ele olhava apreensivo. Ele poderia se sentir abandonado, mas temia pela vida de seu amo de longa data, e sua mestra adotiva.

Passou algum tempo, e os dois viajantes não podiam mais ver o jovem chacal.

— Ele é sempre gentil assim?

— Na verdade, não. Ele gostou de você.

— A sua mãe, a rainha é uma mulher tão terrível assim?

O REINO DOS CHACAISOnde histórias criam vida. Descubra agora