A caverna não era tão perto assim. Vez ou outra, Krisha, dirigia para Cás um olhar acusador.
— Mestra, fico feliz que a senhora ficou conosco.
O jovem Thu era uma rapaz amável. Ele mexia nos pertences e sempre achava algo para compartilhar com a ladra. Entre as bagagens havia frutas secas e cristalizadas, figo e tâmaras, e outras frutas exóticas e doces. Apresentavam grande quantidade de carne seca e salgada. Eles comiam bem. E o jovem chacal era generoso.
— Onde vocês conseguem tanta coisa?
— São restos ainda do suprimento que trouxemos de nossa terra natal, mestra. As florestas são difíceis. Há pouco alimento. Por isso trouxemos um estoque grande. Mas brevemente, seremos obrigados a caçar.
— Já estou com vontade de comer uma carne fresca. Fiquei tentado de assar nosso velho amigo porco.
— Não como nada que ande e fale comigo.
— Você deveria rever seus conceitos, pois os seus velhos amigos não possuíam esses pudores.
— Eu bem sei.
— Não se preocupe, mestra. A senhora está segura agora conosco.
— Não confie muito em Thu. Ele é otimista em excesso.
— Eu prefiro pessoas otimistas. Pessimista eu já sou.
— Não se deixe enganar, mestra. Mestre Cãs é otimista também.
— Mas não em excesso.
Avançaram ainda mais por um caminho íngreme. Parecia que desceriam até as profundezas. O caminho foi ficando cada vez mais estreito e acidentado. O bisão avançava. Em determinado momento, o próprio príncipe subiu no animal junto com Krisha e Thu.
A certa distância, não foi possível mais avançar.
— Mestre, o bisão não passa mais daqui. — Thu ia na frente, Cás no meio e Krisha atrás.
— Vamos ter que descer, feiticeira. Seguimos a pé a partir de agora.
— E eu, mestre?
— Vai ficar perigoso a partir de agora. Fique com o bisão e nos aguarde. Se não voltarmos até o amanhecer, retorne e diga que fracassamos.
— Não poderei retornar sem o senhor, mestre. Não terei condições de enfrentar nossa soberana.
— Vou fazer o seguinte, eu fico com o Thu, e fico responsável por comunicar a rainha.
— Se você conhecesse a soberana, mudaria de ideia. Eu também preciso de você. Não vai poder ficar.
— Que pena, senhora. Volte logo com meu mestre.
— Thu, você é muito falso.
Desceram da montaria e seguiram pelo caminho estreito entre duas paredes de pedra. Krisha olha para o alto, a fenda do céu branco. Antes do anoitecer, a passagem estaria escura. E qualquer inimigo, ou uma simples intempérie, poderia soterrá-los debaixo de metros de sedimentos.
Thu ficou para trás, sobre o animal que não podia mais passar. Ele olhava apreensivo. Ele poderia se sentir abandonado, mas temia pela vida de seu amo de longa data, e sua mestra adotiva.
Passou algum tempo, e os dois viajantes não podiam mais ver o jovem chacal.
— Ele é sempre gentil assim?
— Na verdade, não. Ele gostou de você.
— A sua mãe, a rainha é uma mulher tão terrível assim?
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O REINO DOS CHACAIS
FantasyNa terra de Algória, governada por uma raça invasora, os humanos são uma espécie decadente. Sem direito a terras, aos ofícios mais nobres, e não tendo defesa, estão sujeitos aos trabalhos mais desprezíveis, desde recolher o lixo até a limpeza de lat...