Capítulo 22

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Outro dia, andando pelos corredores do castelo, sob os olhares ainda suspeitos dos guardas, após uma coluna, surgiu o príncipe Branco. O Leão o acompanhava.

— Onde está a tua senhora, lobo?

— Ela está com minha irmã no momento.

— Eu pensava que os dois eram inseparáveis.

— Mestre, ela está segura. Está com minha irmã. E o Castelo é bem guardado.

— Sua ingenuidade pode custar caro, lobo. Ouça meus conselhos. Se falhar em proteger minha irmã, eu mesmo posso destituí-lo.

— Mestre, acha mesmo necessário me ameaçar?

— Estou pedindo somente para ficar atento, Lobo. Não sou tão complacente quanto meu pai.

Eu não entendia a razão daquela hostilidade, de seu servo com seus olhos fixos em mim. Antes de se afastar Ômega me disse:

— Alfa, não fique em nosso caminho. Pela sua irmã, eu preferiria não enfrentá-lo.

— Se forem ameaças a minha senhora, terão de lutar contra os dois lobos.

— Nunca seríamos ameaças para a princesa. E não tenha tanta certeza de que Behta ficará ao seu lado.

Os dias correram na mais aparente tranquilidade. Conversei com minha irmã, pedi explicações sobre as palavras de Ômega. Ela me tranquilizou.

— Meu irmão, vivemos todos juntos neste castelo. O Príncipe pode ser difícil, mas ainda é nosso soberano. É nosso dever protege-lo também. Vai dar tudo certo. Branca um dia se casará com o irmão, e permaneceremos nesse castelo, para garantir a segurança deles.

— Ela rejeitou o irmão.

— É a vontade de nosso Rei. Uma hora ela vai ter que concordar.

— A vida de Branco depende disso. Ele está desesperado.

— Essa briga não é nossa, Alfa. As desavenças dos reis não são nosso trabalho. Entendo seus laços com a princesa. Eu também a amo. Mas somos lobos. Eles são celestiais. Escute sua irmã. Faça somente o seu trabalho e tudo ficará bem.

Naquela noite, minha irmã se afastou de nossos aposentos. Ainda dormíamos todos na mesma cama. Embora adultos, o leito de nossa senhora ainda nos abrigava. Mas Betha tinha permissão para fazer o que bem entendesse. E ela passava cada vez mais tempo longe de nós. Sentia certo alívio por poder ter a cama de minha senhora apenas para nós dois. Ainda assim, crescemos todos junto. A distância de Betha me fazia sofrer. Naquela noite, minha princesa me disse ao ouvido.

— Não confie demais em Betha. Acredito que ela está nos espionando.

— Seria possível, mestra?

— Tenho certeza. Não tornaremos a esse assunto. Fique atento. Me proteja alfa.

— Eu juro que a protegerei.

Estávamos em treinamento no lado de fora, próximos da floresta. Branca manejava a espada. Sempre foi uma ótima espadachim. Ela avançava contra mim. Não há sutilezas no combate de espadas entre feras e celestiais. A força e a magia não permitem. Movimentamos o corpo e investimos contra o oponente. Se o golpe for fraco, ou o corpo não tiver equilíbrio, o oponente é lançado para longe, na melhor das hipóteses, ou é partido ao meio. Betha descansava numa elevação a uma distância segura. Ela trocara golpes com a princesa, e segurava um ombro machucado.

— Não me deixe ganhar, Alfa.

— Eu juro, minha princesa, que estou lutando com todas as minhas forças.

O REINO DOS CHACAISOnde histórias criam vida. Descubra agora