Capítulo 13

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CAPÍTULO 13

Eles se arrumaram para ir embora. O lobo exibia sua pesada armadura negra, e um grande escudo redondo preso as costas. Sobre a superfície da arma, desenhos elaborados que lembraram as gravuras da caverna. Cás vestiu também uma pesada armadura. Trazia uma espada e também um escudo, como um cavaleiro humano de histórias antigas. O elmo ainda estava nos braços.

— Consegue andar melhor, feiticeira?

Thu estava próximo de Krisha. Já lhe era permitir ajudar a mulher, ainda que sob escrutínios e xingamentos do príncipe.

— Estou bem melhor. Mas gostaria de saber o que isso significa?

— Lembra de nosso mapa? — O príncipe tornou a desenhar no chão, com um graveto que recolheu próximo. Antes, pousou o elmo sobre uma pedra. — Nós nos movemos do sul para o oeste, ainda distantes da costa mais afastada. Pegamos um caminho por entre as montanhas. Recolhemos meu pai no interior de uma caverna, e a armadura nos altos de uma montanha num caminho a oeste. Nesse caminho encontramos aquela divisão do exército. Depois disso, retornamos. E pegamos outra rota entre as montanhas. Fomos até o âmago da pedra, e encontramos aquele lago congelado subterrâneo. Saímos do outro lado, mais ao centro do continente. Agora vamos precisar seguir em frente e vamos nos aproximar do alojamento do exército. Eles já devem ter percebido que algo aconteceu com a divisão desaparecida, e estão investigando, ou para saber quem atacou divisão tão poderosa, ou se os soldados desertaram. A partir de agora, a coisa pode ficar feia. E o último artefato pode não ser tão simples de conseguir.

— Existe outra possibilidade?

— Qual seria?

— Eles estão atrás do Alfa, e já devem saber que ele despertou.

— Desde quando ficou tão inteligente?

— Não é inteligência. Algo mudou desde que eu despertei. Eu me sinto ligada ao lobo velho. Às vezes sonho que caminho na floresta. Tenho sonhos estranhos. Vejo pessoas que eu não conheço.

— O sangue negro deve ter levado algumas memórias com ele. Não é nada demais.

O grande lobo se aproximou. Cás olhou para ele surpreso. Thu se apressou e foi ter com o mestre Alfa. Ao se aproximar, a fera maior rugiu, e o jovem chacal se prostrou solícito. Era um ritual complicado. Krisha pensou que lobos eram feras com fortes laços de hierarquia e amizade. O lobo rugiu mais uma vez. O medo adormecido despertou no interior da feiticeira.

Agora era a vez de alfa desenhar no chão com uma das garras. Fez um círculo na neve, e vários outros detalhes, e algumas frases na língua celeste. Ela ficou impressionada que a fera, ainda que bestial, pudesse escrever.

— Isso é um círculo de transmutação? — Krisha quis saber, mas parecia traduzir os pensamentos do príncipe.

— Mestra, o mestre Alfa deseja lhe dar algumas lições. São necessárias agora, para aprender a lidar com o seu novo poder.

— É muita coisa?

— Não. Apenas alguns detalhes. O resto a senhora vai precisar desenvolver sozinha. Tudo no momento certo.

— Eu deveria adivinhar. Nada é fácil.

— A primeira lição é que não vai mais precisar enunciar os comandos dos feitiços. Poderá fazer isso somente dentro de sua cabeça. A enunciação vocal perdeu a necessidade depois que a senhora ficou mais forte. Apenas pense no enunciado, e desenhe os círculos em sua mente. A magia aparecerá.

— Serei mesmo capaz disso?

— A senhora vai ver por si mesma. Pode ter alguma dificuldade no início, pela falta de hábito.

O REINO DOS CHACAISOnde histórias criam vida. Descubra agora