CAPÍTULO 10
Já começava a ficar escuro, e o frio incomodava. Se a noite os surpreendesse ali, morreriam congelados. Thu ainda não queria descer, pois acreditava que seus mestres poderiam aparecer a qualquer instante. Krisha pensava que a fé do jovem os acabaria matando.
Suas desconfianças, porém. Foram facilmente rechaçadas. Thu foi o primeiro a perceber.
— Eles estão descendo.
Krisha apertou os olhos e aos poucos pode discernir uma sombra se movendo do alto, descendo aos pulos, agarrada às pedras e aos gelo. Thu assoviou, para indicar onde estavam. Tinha esperanças que o seus assovio fosse confundido com alguma ave.
Os vultos demonstraram entender, e continuaram descendo na direção da gruta. Quando próximos, krisha pode ver o rosto de dor de Cás, afligido pela eletricidade negra que paralisara a maga. Ele saltou das costas do pai e prendeu-se a pedra próximos aos outros dois, com a ajuda de uma adaga, que fincou na parede.
— O que vocês estão fazendo aqui?
Thu saltou da pedra e subiu nas costas do Lupino. Era grande afinidade entre os dois. Krisha sentiu no olhar do príncipe um sorriso triste. Ele teria ficado assim por não ter a mesma intimidade com o pai? Por estar perto dele o fazer sofrer tanto? Ele demonstrava querer estar no lugar do jovem chacal.
— Mestre, o exército dos gorilas. Eles estão nos perseguindo.
— Então eles perceberam a nossa movimentação?
— Tenho impressão, mestre, que eles também estavam a procura do mestre Alfa. Eles já deviam patrulhar essas estradas a algum tempo.
— Você! — Ele se dirigiu a Krisha. — Venha comigo. — Suspenso na parede de pedra, preso pela adaga funda na pedra, ele estendeu um dos braços. — Seja rápida, senão vou cair! — Ela atendeu seu chamado, agarrou-lhe a mão estendida e soltou para as suas costas.
Novamente o guerreiro estava preso ao paredão de pedra. Adaga firme e mãos segura nas fretas, desceu rapidamente, exibindo sua destreza. A uma altura ainda perigosa, saltou para o chão. Novamente Krisha usou sua magia, e os dois pousaram suavemente na estrada. Alfa soltou de uma vez. Ouviu-se o baque surdo de seus pés na rocha.
— O que faremos agora príncipe? — Krisha tinha vontade de questionar seu misterioso aliado. Ele fazia de conta de que não lhe devia qualquer explicação. Somente agora ela percebia que o monstro lupino exibia uma armadura negra sobre o peito. Tudo era ocultado pela longa manta. Decidiu segurar a sua curiosidade. Tinha preocupações mais urgentes.
— Poderíamos retornar e pegar outro caminho. Isso nos atrasaria. Estaríamos mortos e congelados em pouco tempo. Somente o meu pai sobreviveria. Talvez Thu, se comece a nossa carne.
— Mestre, eu preferiria morrer.
— Meu pai também não permitiria isso. Poderíamos dar o nosso bisão por perdido. Ainda bem que estou com o meu arco. O problema é o pequeno grupo que está mais adiante. Eles devem ter alcançado o bisão, e perceberam que foram enganados. Eles devem retornar também. Teremos que enfrentá-los. Ainda que o bisão e nossos suprimentos estejam perdidos, podemos ficar com os seus mantos e sua bagagem.
— Mestre, eles não carregavam uma bagagem grande.
— Então isto é sinal de que eles possuem uma base, um alojamento próximo.
— Mestre, eles mencionaram um general.
— Verdade? Então estamos com problemas. Vamos ter que nos apressar mesmo. O general estava nesse grupo?
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O REINO DOS CHACAIS
FantasyNa terra de Algória, governada por uma raça invasora, os humanos são uma espécie decadente. Sem direito a terras, aos ofícios mais nobres, e não tendo defesa, estão sujeitos aos trabalhos mais desprezíveis, desde recolher o lixo até a limpeza de lat...