Capítulo 27

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Thulla saiu da tenda onde Cás estava. À porta, Krisha aguardava ansiosa.

— Como ele está?

— Já está bem.

— Como uma mãe pode fazer isso com o filho?

— Ela já o deixou pior. Os deuses são assim. O amor deles é severo. Acho que você já pode vê-lo. Sei que a benção negra do mestre Alfa não permite que você fique perto de pessoas com algum ferimento, ou que estejam se recuperando. A morte atrai as pessoas perto de você.

— É uma situação difícil. Não imaginava que fosse criar tantas complicações.

— Na guerra realmente é um atributo delicado. — Krisha já estava se afastando quando a chacal a reteve. — Eu gostaria de te agradecer por ter socorrido o príncipe. Eu acho que se não fosse você, eu não teria coragem de fazer algo.

— Como você seria capaz de ficar inerte?

— Por favor, entenda. Ela é minha rainha, mãe do príncipe. Ela tem autoridade sobre todos nós, e também sobre ele. Talvez esse seja o espírito dos humanos.

— Quem sabe você pode ser um pouco humana também.

— E você talvez possa ter o coração de um chacal. O sangue dos lobos já possui. Mas ainda acho você indigna. Vou perdoá-la apenas porque sei que você também o ama, igual a mim.

— Como uma irmã?

— Você sabe que não é essa natureza dos meus sentimentos. Não seja idiota. Mas todos os humanos são idiotas. O príncipe não foge a regra.

Krisha não respondeu. Afastou-se para entrar na tenda. O príncipe estava sentado sobre grossas e quentes peles. Exibia o corpo musculoso envolto em faixas.

— Você ainda está ferido. Fique deitado.

— Não posso. Devemos seguir viagem. Temos um destino.

— Porque você se esforça tanto por uma rainha que quase o matou.

— Ela é minha mãe.

— Mães não deixam os filhos a beira da morte.

— Humanas são diferentes?

— Claro.

— Eu pensava que todas as mães eram iguais.

— Você é um palhaço. Qual é o nosso destino, afinal?

— Casarmos, termos os nosso próprios filhotes.

— Não, seu doido. Estou falando da comitiva.

— Nem percebi. A comunidade dos mamutes das montanhas. Eles devem nos levar a bacia das almas. Acho estranho eles não nos terem contatado ainda.

Nesse instante, Thu apareceu na entrada da tenda. Assim que viu a feiticeira, encolheu-se um pouco e sua expressão apressada transformou-se num sorriso malicioso.

— Estou interrompendo algo?

— Claro que está. — o príncipe respondeu.

— Está não, Thu. Não ligue para este moribundo.

— Fale chacal! O que aconteceu?

— Um batedor mamute, mestre. Ele apareceu em nosso acampamento.

— Ótimo. Estavam demorando. Você, minha noiva, poderia me ajudar a vestir minhas roupas?

— Eu pensei que você já estava melhor. Afinal, eu te encontrei sentado enquanto devia estar descansando.

O REINO DOS CHACAISOnde histórias criam vida. Descubra agora