Thulla saiu da tenda onde Cás estava. À porta, Krisha aguardava ansiosa.
— Como ele está?
— Já está bem.
— Como uma mãe pode fazer isso com o filho?
— Ela já o deixou pior. Os deuses são assim. O amor deles é severo. Acho que você já pode vê-lo. Sei que a benção negra do mestre Alfa não permite que você fique perto de pessoas com algum ferimento, ou que estejam se recuperando. A morte atrai as pessoas perto de você.
— É uma situação difícil. Não imaginava que fosse criar tantas complicações.
— Na guerra realmente é um atributo delicado. — Krisha já estava se afastando quando a chacal a reteve. — Eu gostaria de te agradecer por ter socorrido o príncipe. Eu acho que se não fosse você, eu não teria coragem de fazer algo.
— Como você seria capaz de ficar inerte?
— Por favor, entenda. Ela é minha rainha, mãe do príncipe. Ela tem autoridade sobre todos nós, e também sobre ele. Talvez esse seja o espírito dos humanos.
— Quem sabe você pode ser um pouco humana também.
— E você talvez possa ter o coração de um chacal. O sangue dos lobos já possui. Mas ainda acho você indigna. Vou perdoá-la apenas porque sei que você também o ama, igual a mim.
— Como uma irmã?
— Você sabe que não é essa natureza dos meus sentimentos. Não seja idiota. Mas todos os humanos são idiotas. O príncipe não foge a regra.
Krisha não respondeu. Afastou-se para entrar na tenda. O príncipe estava sentado sobre grossas e quentes peles. Exibia o corpo musculoso envolto em faixas.
— Você ainda está ferido. Fique deitado.
— Não posso. Devemos seguir viagem. Temos um destino.
— Porque você se esforça tanto por uma rainha que quase o matou.
— Ela é minha mãe.
— Mães não deixam os filhos a beira da morte.
— Humanas são diferentes?
— Claro.
— Eu pensava que todas as mães eram iguais.
— Você é um palhaço. Qual é o nosso destino, afinal?
— Casarmos, termos os nosso próprios filhotes.
— Não, seu doido. Estou falando da comitiva.
— Nem percebi. A comunidade dos mamutes das montanhas. Eles devem nos levar a bacia das almas. Acho estranho eles não nos terem contatado ainda.
Nesse instante, Thu apareceu na entrada da tenda. Assim que viu a feiticeira, encolheu-se um pouco e sua expressão apressada transformou-se num sorriso malicioso.
— Estou interrompendo algo?
— Claro que está. — o príncipe respondeu.
— Está não, Thu. Não ligue para este moribundo.
— Fale chacal! O que aconteceu?
— Um batedor mamute, mestre. Ele apareceu em nosso acampamento.
— Ótimo. Estavam demorando. Você, minha noiva, poderia me ajudar a vestir minhas roupas?
— Eu pensei que você já estava melhor. Afinal, eu te encontrei sentado enquanto devia estar descansando.
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O REINO DOS CHACAIS
FantasyNa terra de Algória, governada por uma raça invasora, os humanos são uma espécie decadente. Sem direito a terras, aos ofícios mais nobres, e não tendo defesa, estão sujeitos aos trabalhos mais desprezíveis, desde recolher o lixo até a limpeza de lat...