Capítulo 34

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CAPÍTULO 34

A celestial recolheu o arco e sacou a espada, pondo-a diante do corpo. Branco ergueu seu arco mais uma vez, e disparou sua flecha de raios sobre a irmão. Ela com a espada, absorveu a energia, desviando sua descarga, que explodiu ao seu lado. Ainda com a espada erguida avançou contra o irmão, que não teve tempo de desembainhar a própria lâmina. Defendeu-se do jeito que estava, e recebeu um golpe que manipulava o ar, e rasgou suas festes. Ele conseguiu se defender, mas o redemoinho cortante decepou a cabeça o lagarto sobre o qual estava montado. O animal tombou debaixo do rei, com o grosso rabo se contorcendo. Branca se afastou antes de receber qualquer contra-ataque.

Branca ergueu a cabeça para ver o príncipe. Alfa percebeu imediatamente o que tinha acontecido e trocou olhares com sua senhora. Ele entendeu e seguiu para ajudar o filho.

— Como pode se importar com um humano?

— Ele é meu filho.

— Como pode ser tola? Você desperdiça seu amor com criaturas inferiores. Primeiro o lobo, e agora um humano?

— Um rei é pai de seu reino. Se você não entendeu isso, irmão, então é um fraco. Não é digno de mim, e também não é digno da coroa.

Ambos, celestiais se entregaram a luta com espadas e elementos, raios e ventos, cortes e queimaduras.

***

Diante do príncipe, Betha estava indecisa. Diante dela, um homem robusto a desafiava na luta de espadas. Ela podia sentir a energia maligna emanando de seu sabre. Aquela era a energia do irmão.

O que era aquela criatura diante dela? Não podia ser apenas um homem. Suportava a energia sinistra de um lobo negro, tinha coragem de desafiar a loba branca, que maldições escondiam sua real aparência?

Betha avançou. Sua energia era uma maldição gelada. A luz da lua. Sinuosa como as correntes de água, robusta como o mar. O homem fez a energia sinistra crescer dentro dele, as sombras escorriam da lâmina negra. Aquela tinha sido a lâmina do irmão, há tempos atrás, quando ele ainda era jovem?

Era óbvio que o humano era mais fraco fisicamente que ela. E no entanto, ele não media forças com a oponente. Movia a espada e se equilibrava usando todo o corpo, como se ele e a lâmina fossem dois dançarinos. Do primeiro golpe, ele desviou, sua espada cruzou o espaço ao mesmo tempo, e a loba foi obrigada a recuar também para não ser ferida. As energias se tocaram, a afastaram a ambos, a luz da lua e das marés, e a energia sombria da morte. Ele poderia ser um humano, mas o coração era de um lobo.

— Como ousa usar o poder de meu irmão?

— Ele é meu pai. Um filho sempre pode usar o poder do pai.

— Isso é impossível. Você mente! Entregue a soberana.

— Minha mãe vai aonde ela quiser. Não sei se você percebeu, mas ela está onde deseja estar.

Eles conseguiram ter um filho? Mas um humano? Se eles foram capazes de uma proeza dessas, eles poderiam ressuscitar a raça dos lobos? Quem era ela para sonhar? Uma escrava, que perdeu o amor, condenada a seguir um rei desprezado pela irmã. Perderia o irmão, também? Perderia sua rainha? Se o jovem diante dela era um lobo em seu coração, ela sentia dor de lutar contra ele. Mas ela era uma escrava. Aquela era a sua obrigação.

Quando se preparava para avançar, o lobo negro surgiu diante dela, brandindo a lâmina escura, transbordando de uma energia sinistra descontrolada. Diferente do humano, ele a atingiu com toda a sua força. Betha foi lançada para longe, com a espada erguida por ter bloqueado o golpe. As sombras cresciam ao seu redor, devorando gelo, devotando pedras, milhares de bocas e olhos que emergiam do negrume. A luz pálida da lua emanou de sua pelagem alva., afastando os tentáculos vorazes.

Seu irmão estava possesso, fora de si, desesperado. Do jeito de um lobo ficaria ao defender o próprio filho. Ele urrou para o jovem, qualquer pessoa pensaria que arrancaria a cabeça do humano. Ele estava brigando. Dava ordens incompreensíveis. O humano começou a responder.

— Eu vou ficar aqui. Eu vou lutar ao seu lado.

Então o lobo apontou para o outro lado. A luta se desenrolava. Krisha sobre o golem contra um general gorila, e a Celestial contra o irmão.

O humano não discutiu mais. Saiu correndo para ajudar nos outros combates. Betha observava tudo. O humano tentaria salvar os outros membros, lutaria por sua alcateia?

— Criou um bom filho, irmão.

Alfa urrou novamente. A guerra explodia ao seu redor. Os golens contra gorilas, numa luta que poderia se prolongar indefinidamente. No final, os gorilas poderiam ser destruídos, mas o custo era incalculável.

Betha sentia um incômodo crescendo dentro de si. Sua alcateia poderia ser restabelecida? Um humano seria capaz de fazer isso? Onde estava a alma do irmão? Para o seu irmão sem voz, apenas o amor ao filho e sua soberana o mantinham lúcido. Sacrificar a alma, isso era algo que um lobo faria por sua cria. As espadas cortaram o ar novamente. Irmão contra irmão. Era sempre uma cena triste de se ver.

***

O gorila chocou-se contra o petrus. Krisha se encolheu nas costas do golem. Rapidamente conjurou a língua de fogo, e desferiu vários golpes contra a espada do oponente.

Ele parecia preocupado com o rei branco. E estava preocupado com a loba também. Aparentemente, não viria ninguém em seu auxílio. O outro companheiro morrera atingido pela flecha da Celestial. Em seu íntimo, amaldiçoou o companheiro morto.

Ele podia sobreviver mais um pouco.

Julgou que sua sorte tinha sido um pouco melhor. Enfrentar o lobo negro seria muito pior.

— Fale para o seu golem se afastar, humana. Não tenho interesse em vocês. Queremos somente a Celestial, e podem voltar a brincar com o reino de mentirinha de vocês.

— Primeiro, gorila, meu nome é Petrus. Segundo, nunca entregaríamos nossa mãe. E por último, não acreditamos em vocês.

Petrus arrancou uma pedra enorme do chão e jogou contra o gorila. Ele desviou por um raspão. Empunhou a espada e foi ao encontro do golem.

Krisha conjurou suas bolas de fogo, e arremessou contra o gorila. Ele se defendeu com a espada e isso atrasou seu passo.

Droga — pensou — esses dois também são complicados. E não estão muito abertos a negociações. Os celestiais nunca estão.

Petrus desferiu vários golpes com o punho pedregoso. O gorila defendeu-se e girou a espada, de modo que atingiu entre a junção, separando o braço de pretrus do corpo. Enquanto um braço caia, o golém pegou o gorila pelo punho que segurava a espada com o outro, girou o gorila no ar, e jogou no chão de costas. O corpo bateu contra as pedras e afundou, para logo em seguida, o golem o erguer novamente no ar e o arremessar para longe. Enquanto o gorila voava, o braço tornou a grudar no ombro de pedra.

O gorila caiu distante e revirou se terra até rastejar e pegar novamente a espada, que com sorte, caiu a sua frente.

As coisas não poderiam ficar piores. Quando percebeu um humano se aproximando.

— Esse cara está muito bombado. O que te deram? Fermento?

O gorila percebeu que precisaria se defender. A lâmina do homem avançou contra ele, transbordando de energia maligna. As lâmina se chocaram, e o soldado percebeu que suas forças se esvaíam.

— Parece que estou lutando com um lobo. Que bruxaria é essa?

— Cás, deixe ele conosco. Vá ajudar a rainha. 

O REINO DOS CHACAISOnde histórias criam vida. Descubra agora