Capítulo 33

28 7 10
                                    

O exército celestial despontava do outro lado da planície. Desceram as montanhas e foram guiados para um terreno aberto. Uma tropa cansada aguardava ordens para avançar, assim como o nascer do sol no horizonte.

Nada indicava que aquele dia seria palco de derramamento de sangue. antes de se lançarem a batalha, havia sempre uma esperança no coração dos soldados que a luta seria evitada, e de alguma forma, todos voltariam para as suas casas, aventurando-se novamente na penosa travessia.

Os gorilas estavam assustados com o exército que os recebia. Um mar de soldados de pedra, negros, disposto de fileiras. Provavelmente também aguardavam o nascer do sol, o que abrandava um pouco o terror que sentiam. Monstros como aqueles poderiam atacar até mesmo no escuro, pensavam.

Diante da tropa, um rei em sua armadura brilhante, frio e triste, parecia ouvir a música do vento, no instante em que a Loba Betha se aproximou para receber as últimas orientações. Ela passou por um gorila preocupado, o linguarudo, que transmitiu pelo olhar a esperança que o general fizesse o rei desistir de sua loucura.

— Eles realmente estão prontos para a guerra.

— Sim, majestade. É um exército impressionante.

— Alfa é bem capaz deste tipo de indigesta surpresa.

— Quais as ordens?

— Todos já devem saber. Prepare as tropas para avançarem assim que o sol nascer. Deixe as tropas sob as ordens de seus soldados mais graduados, e venha até mim. Quero cuidar pessoalmente de minha irmã e seu lobo. Tenho certeza que esse exército de que este exército está vinculado ao lobo negro. Se ele morrer, o exército vai desmoronar.

***

Os golens pareciam estátuas sem vida. Krisha tinha dúvidas se eles obedeceriam quando ela os mandasse marchar e lutar. O velho lobo lhe mostrou os círculos mágicos, e como conjurar as ordens para que o exército se movimentasse. O espírito dos guerreiros que foram convocados para habitarem os colossos fariam o restante do trabalho. A seu favor havia os golens serem criaturas fortes, resistentes e difíceis de matar. A desvantagem era que como tropa, as manobras eram complicadas. O campo aberto era a resposta mais simples. Havia outro complicador. Krisha não poderia morrer. Se ela morresse, a tropa ruiria.

Isso os levou a tomar algumas precauções. Petrus, o golem original foi destacado para proteger a feiticeira. Ele tinha vinculação com o lobo, e não seria afetado. Era o mais próximo de um espírito independente que existia. Outra estratégia complicada era permanecer ao lado da celestial e do lobo. Provavelmente seria o lugar mais perigoso do campo de batalha. Outra medida, era ter o príncipe ao seu lado sempre. No entanto, seus olhos não saíam de seus pais divinos.

Divisões de mamutes, ainda que menores que os colossos de pedra, eram preciosos. Sua força e sua inteligência os tornava a divisão mais flexível, e capaz de responder mais rapidamente a intensa dinâmica dos exércitos. Eles ficaram recuados depois dos golens, próximos a Rainha e seu lobo. Suas armas originais, clavas e lanças de madeira, foram substituídas pela obra dos artesãos chacais. Foram cobertos de armaduras rudimentares e leves, e munidos de espadas e lanças.

Os chacais não eram bons guerreiros. A maior parte deles exerciam atividades de suporte e de apoio as tropas. Mas os poucos guerreiros eram corajosos. Espadachins habilidosos, sua vantagem era a velocidade. Manejavam com segurança espadas leves. Também ficavam atrás dos golens. O primeiro impacto seria um show de força bruta. Era preferível evitar que fossem pisoteados.

Krisha estava sobe a costas de Petrus. Estar próximo da celestial sempre era penoso, porque próximo a ela sempre era mais frio. O príncipe exibia uma espada estranha e severa. Ela o vira treinar várias vezes, ser tomado por energia maligna, treinar até cuspir sangue e ser jogado no chão inconsciente. Era uma arma extrema. A guerra não poderia ser longa. Ele provavelmente não resistiria.

O REINO DOS CHACAISOnde histórias criam vida. Descubra agora