O grupo se reunia junto aos portões de uma muralha que separava o resto do reino de uma imensidade fria. As pedras escuras manchadas pelo branco e pelo sopro frio das montanhas. A chacal feminina, de pelos brancos e cabelos cumpridos, se aproximava usando armadura e tendo uma espada na cintura. Thu se aproximou de krisha, após falar com a tia, que o afagou e expôs um sorriso, que logo se extingui, assim que viu a humana.
— Mestra, decidiu vir conosco?
— Essa viagem não é demais pra você, pequeno aventureiro? Não é melhor ficar com o seu avô?
— Mestre Cás não sabe viver sem mim. Alguém precisa cuidar dele.
— Deixa que eu cuido pra você.
— Na verdade, mestra, eu vim para cuidar da senhora também.
Cás não demorou muito a aparecer. Krisha o viu se aproximar e a Chacal o abraçar radiante. Por um instante, pensou que não tinha com o que se preocupar. Eles eram íntimos, era tudo. E então ela observou os olhos maliciosos de Thulla, e seu olhar alternar desejo e ódio para a humana. Seu sangue lhe subiu a cabeça. Teve vontade de assar dos dois.
O príncipe se despediu da velha amiga. Ela respondeu a contragosto, mas permaneceu onde estava. Não demonstrou qualquer vontade de acompanha-lo falar com os outros integrantes daquele grupo.
Próximo da feiticeira, exibia seu usual sorriso.
— Então, Thu, você convenceu o velho a deixar você vir?
— Mestre, ele me pediu que cuidasse do senhor.
— O que nós vamos fazer, afinal? — Krisha quis saber.
— Estamos numa corrida contra o tempo. Agora, a este momento, os exércitos do rei celestial deve estar se movimentando, tentando atravessar as montanhas.
— O exército do pai de branca?
— Não, o exército do irmão. O pai morreu. Você está sabendo de tudo?
— Mestre, o vovô mostrou os registros do mestre Alfa.
— Aquele velho é um fofoqueiro. Não sei se percebeu, mas não temos um exército. As tropas do rei terão um grande desafio para chegar pelas montanhas. As tropas chegarão cansadas e famintas. Nós teremos uma chance, mas ainda assim, precisamos de um exército.
— E como pretende fazer isso? Pretende fabricar um?
— Parte dele deve vir de alianças. Quando os chacais chegaram a esta terra, a planície não era habitada, mas as montanhas são povoadas pelo povo mamute. No começo os povos eram hostis. A diplomacia do meu pai selou um contrato entre eles. Como pode ver, o reino produz uma grande quantidade de verduras e frutas e grãos. Nunca ficou intrigada porque os chacais produzem tanto se são carnívoros.
— Falando desse jeito, agora eu percebi.
— A dieta do povo não pode ser feita exclusivamente de produtos agrícolas. A carne vem das manadas de bisões que os mamutes pastoreiam. E eles recebem em troca os nossos produtos. Foi a forma de resolvermos os dilemas de um povo carnívoro que habitava terras cultiváveis e um povo vegetariano que habitava vales povoados de rebanhos de animais de grande porte.
— Por que eles não habitam o vale?
— As montanhas são sagradas pra eles. E eles são guardiões da bacia das almas.
— Mas o que é isso?
— É a chave para a segunda parte da sua pergunta.
— Qual?
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O REINO DOS CHACAIS
FantasyNa terra de Algória, governada por uma raça invasora, os humanos são uma espécie decadente. Sem direito a terras, aos ofícios mais nobres, e não tendo defesa, estão sujeitos aos trabalhos mais desprezíveis, desde recolher o lixo até a limpeza de lat...