Capítulo 03 - TIM

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DISPONÍVEIS APENAS 5 CAPÍTULOS PARA DEGUSTAÇÃO.

Olás, amoraaaaaas! Como estão?

Mais um capítulo chegando, espero que gostem.

Um beijão!

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Observo essa pequena bruxa entrar em sua casa sem olhar para trás e por alguns segundos apenas me sinto aliviado, mais do que confuso, pela confissão que fiz a ela. Achei que esses fossem mais sentimentos egoístas de uma pessoa que só pensa em si mesmo, e que a forma como vi minha mãe por tantos anos fosse algo frio, em comparação a dor que ela e papai viveram. Achei que o dia em que desabafasse esses sentimentos com alguém, receberia em troca todas as acusações que carrego em minha mente por tê-los sentido, mas não havia qualquer julgamento nos olhos dela. Nem na maneira como falou comigo. Ela não me achou um monstro egoísta ou não teria voltado para o carro querendo ouvir o que eu tinha a dizer.

E isso de alguma forma me faz sentir melhor. E me faz sentir confuso. Por que disse essas coisas a ela? Ela me acusou de ter planejado deixá-la curiosa para então chantageá-la, mas não foi o que aconteceu. Despejei tudo o que guardei para mim por tantos anos, até mesmo as coisas que nunca tive coragem de contar nem mesmo ao Eros.

— Só pode ser bruxa! — deduzo baixinho.

— Tim? O que está fazendo aqui? — A voz de Ulisses me impede de entrar no carro e o avisto aproximar-se com algumas flores na mão.

— Oi, Uli. Só vim trazer a Sabrina, já estava de saída.

Ele arqueia as sobrancelhas e embora exiba um sorriso amigável, parece preocupado.

— Sei, o chefe dando carona, certo? Você só está sendo legal? Ou vocês estavam em algum outro lugar e você a trouxe em casa depois?

— O quê? Uli não entendi nada do que você disse.

— Por que você a trouxe para casa? — pergunta finalmente e percebo o que o está preocupando, ele está com ciúmes.

Preciso segurar o riso. Nosso pequeno Uli é apaixonado pela melhor amiga da irmã. Me pergunto se Sabrina sabe disso e se sabe, o que ela acha.

— Ela perdeu o ônibus e ia esperar uma hora até que passasse outro. Eu apenas fui gentil. Não foi nada demais.

Ele sorri aliviado e me pego rindo dele.

— Que bom!

— Por que esse interesse, Ulisses? — pergunto para provocá-lo.

— Não, nada demais, só curiosidade. Ela é amiga da minha irmã, Ayla não está aqui, estou apenas observando-a.

Entro no carro e quando estou prestes a sair, Uli surge na janela.

— Mas fique longe dela.

Levo um susto e sequer entendo o que disse.

— Da Sabrina — explica. — Eu a amo, ela é minha, vamos nos casar, fique longe dela.

— Ela sabe disso?

— Claro! Não sou covarde! Eu assumo meus sentimentos.

— Muito bem. E o que ela acha?

— No começo ela não me dava a menor bola. Mas agora, até está guardando as flores que trago para ela quase todos os dias. Estou vencendo-a pelo cansaço.

Não consigo segurar o riso. Com certeza isso será uma ótima munição contra essa pequena bruxa, caso ela me irrite.

— Bem, boa sorte, amigo. Não se preocupe comigo, não estou interessado na sua garota.

— Ótimo! Você não teria chance, de toda forma. Ela meio que te odeia.

— Eu sei.

— Então boa noite.

Despeço-me dele e arranco com o carro finalmente, apesar do quão cansado me sinto, vou ao hospital. Chego pouco antes do fim do horário de troca de turno e me permitem entrar já que Ayla não atende o celular para ir embora. A pego dormindo na cama com Eros.

Ela se assusta quando entro e quase cai na sua tentativa de descer rapidamente, mas sorri aliviada ao se dar conta que sou eu.

— Você me assustou.

— Acho que você não tem permissão para dormir assim, na cama com ele.

— Quem disse isso? Ele é meu marido, claro que posso dormir com ele — responde com um sorriso.

— Vá para casa, Ayla. Deixa que eu passo a noite aqui.

Ela nega com a cabeça enquanto se levanta.

— Não posso. Mas preciso de um café, daqui a pouco a Milla, uma enfermeira, virá me chamar para fazer de toda forma. Então você pode ficar com ele enquanto faço um café novo, mas voltarei logo depois.

Seguro sua mão quando tenta passar por mim e noto seus olhos cansados e as olheiras abaixo deles.

— Você está exausta, precisa mesmo descansar. Não é nada demais, eu posso ficar, só tome um banho e durma um pouco, vai te fazer bem.

— Você não parece muito melhor do que eu, sinto dizer.

— Sou mais forte do que imagina. Vá descansar, Ayla.

— Obrigada, mas na verdade o melhor lugar onde eu posso estar é com ele. Não vou descansar dormindo em uma cama em que ele não esteja. Está tudo bem, não é nenhum sacrifício ficar aqui.

Ela solta minha mão e sai do quarto e me sento na cadeira onde ela deveria estar sentada, ao invés de dividir a pequena cama com ele.

Observo o rosto estranho diante de mim. Há hematomas e cortes, seus lábios estão inchados e seu cabelo foi raspado para a cirurgia.

— Você não vai gostar de se olhar no espelho quando abrir os olhos, irmão. Está parecendo aquele boneco do soldado que destruiu aos oito anos. Você devia abrir logo os olhos. Ayla está muito cansada, ela não irá deixá-lo, então volte para nós e deixe essa menina descansar. Você tem dado muito trabalho a ela.

Observo o teto do hospital e o movimento pela enorme janela, seguro a mão de Eros e volto a falar com ele.

— Não sei se você pode me ouvir, mas eu nunca saí com sua mulher sem que você soubesse. Não tivemos um caso, nunca tivemos, ela nem me deu bola. Aliás, você ia adorar os foras memoráveis que ela me deu. Ela o ama tanto! Olha que filho da puta sortudo você é, vamos, abra esses olhos e aproveite o amor que você ganhou de presente.

Ele sequer se mexe, solto sua mão e ela cai ao lado da cama como se não tivesse vida. Exceto pelo barulho da maquininha ao seu lado, ele parece sem vida. Afasto esses pensamentos e me levanto, quanto mais isso irá durar?

Ayla volta pouco depois e me estende um copo de café. Se ajeita na cama com Eros, e percebo que ela sentirá frio. Despeço-me dela e vou a uma loja de conveniência vinte e quatro horas mais próxima. Tenho a sorte de ter esquecido de tirar minha etiqueta de acompanhante ao deixar o hospital, de forma que passo sem problemas pela recepção ao voltar. Abro a porta devagar dessa vez e ela está dormindo. Jogo a manta que comprei sobre ela e apago a luz do quarto torcendo para que ela realmente consiga descansar, já que pelo visto terei outra noite em claro.

DEGUSTAÇÃO - Quem disse que é amor?Onde histórias criam vida. Descubra agora