04 - parte 04

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DISPONÍVEL ATÉ 23/01.

Tiro toda a roupa molhada e visto o roupão, saio do lavabo e ele me estende a coberta, me enrolo nela, pego sua garrafa de vinho e tomo um gole para aquecer. Então paro diante dele.

— Eu realmente não penso nada do que disse, sei ser cruel quando quero. O que eu fiz foi desnecessário, mesquinho e me torna uma pessoa horrível. Eu não poderia dormir com a culpa.

Ele apenas me observa e bebo mais um pouco do vinho porque meus órgãos ainda parecem congelados.

— Chega com isso, tudo bem? — diz tirando a garrafa da minha mão. — Quero você sóbria.

— Você me desculpa?

— Você tem certeza que não pensa nada do que disse? Porque não temos que transformar isso em um círculo, Sabrina. Sei que você mal me suporta, sei que é um sacrifício ter que me ajudar e que só o está fazendo porque é boa demais para dizer não. Se há alguma dúvida em você quanto ao que estamos fazendo, prefiro que você se afaste. Eu a perdoo e não nos falamos mais.

Se ele está disposto a afastar a única pessoa com quem conversa, a ferida que causei a ele é pior do que eu pensei. Seguro sua mão porque ele sempre faz isso quando quer me acalmar.

— Eu tenho certeza. Quero ajudar você. Sinto muito por ter sido babaca. Você me desculpa?

Ele não responde, seus olhos continuam presos aos meus quando segura minhas mãos de volta e me puxa. Nossos corpos se encostam com um pequeno baque e seus olhos estão fixos na minha boca. De repente sinto-me nervosa, minhas mãos formigam e quando sua boca toca meu rosto, perto demais da minha boca, afasto-me dele e vou até a garrafa de vinho. Tomo um gole enquanto ouço seu riso baixinho.

— Se você queria me beijar é porque me desculpou, não é? — pergunto.

— Eu não ia beijar você, isso é, só se você quisesse.

— Você me desculpou, que bom! Posso dormir tranquila agora. Vou embora.

Pego minha bolsa e caminho até a porta, ele não vem atrás de mim e entendo o motivo quando a abro. A chuva fina transformou-se em uma tempestade que não permite que eu veja um palmo à minha frente. Volto a fechar a porta e o encaro, detestando o sorrisinho idiota que ele mantém no rosto.

— Você tem um quarto de hóspedes onde eu possa ficar só até amanhecer?

Ele ri alto com minha pergunta e não entendo o motivo. Me guia pelas escadas até o último quarto do corredor. O quarto é enorme e muito bonito! Há uma cama box no centro, uma televisão enorme em um painel iluminado sobre uma lareira elétrica. Uma porta que deve ser do banheiro, ou do closet e algo que chama completamente minha atenção: um lado da parede é todo de vidro, e como a casa fica no alto, a vista lá fora seria linda se a chuva não estivesse impossibilitando qualquer visão. Aproximo-me da enorme janela tentando enxergar, mas não vejo nada.

— A vista aqui deve ser incrível, não é?

— Acho que você adoraria. Talvez consiga vê-la pela manhã. Mas confesso que a noite é ainda mais bonita. Há muitas luzes, as da cidade e as das estrelas.

Aproximo-me da enorme cama e há tantos travesseiros sobre ela, que eu poderia tranquilamente jogá-los no chão e dormir confortável apenas sobre eles. Sento-me enquanto ele me observa e há algo em seu rosto, um certo incômodo que não entendo.

— Este não é o quarto de hóspedes — diz finalmente. — É o meu quarto.

Levanto-me imediatamente e observo a enorme cama atrás de mim com uma careta. E eu me sentei nela! Ele parece ler meus pensamentos, pois um sorriso surge em seu rosto adivinhando o rumo que tomaram.

DEGUSTAÇÃO - Quem disse que é amor?Onde histórias criam vida. Descubra agora