DISPONÍVEL ATÉ 23/01.
Já se passou uma semana desde a conversa com a pequena bruxa e desde então, temos apenas nos cumprimentado pela empresa. Preciso de sua ajuda, mas Eros tem que acordar primeiro para que eu possa então me concentrar em mim. Ando tão cansado e tenho dormido tão mal, que pela terceira vez nego o pedido de Julia, a assistente do RH, por uma noite divertida.
No final da tarde, chego à copa e encontro Sabrina com fones no ouvido dançando feito uma maluca enquanto limpa as mesas. Fico parado observando-a, ela canta desafinada uma música agitada e mexe o corpo de uma forma estranha. Pouco depois, ela se vira em minha direção e leva um susto ao me ver aqui.
— Você quer me matar? — pergunta irritada.
— Você não pode ouvir música em horário de trabalho, sabia?
Ela faz uma careta, mas guarda imediatamente o fone no bolso do avental.
— Sinto muito — diz. — Você quer um café?
— Por favor.
Sento-me em uma mesa e ela surge pouco depois com duas xícaras de café, me entrega a minha e se senta com a sua em uma mesa ao lado.
— Para de palhaçada, senta aqui comigo — peço e ela sorri enquanto se levanta e senta-se diante de mim. — Ainda temos um trato, certo?
— Claro, o que fizemos de mindinho. O que você quer?
— Agora nada, eu acho. Preciso que me ajude, mas você terá que sair comigo para isso.
Ela deposita a xícara sobre a mesa com força desnecessária e me observa nem um pouco feliz com a notícia.
— Não vou sair com você. Você quer que eu banque a terapeuta, certo? Não me importo de te ouvir e te julgar, já que está me dando esse poder. Não me importo de te aconselhar, nem de servir de seu diário humano. Mas não tenho que sair com você para isso.
— Não podemos conversar sobre certas coisas na empresa, Sabrina. Além do mais, preciso de você para mais do que isso.
Ela abre a boca para responder, quando alguém esbarra em uma cadeira atrás de mim. Julia está aqui e ouviu nossa conversa, com certeza interpretando tudo de maneira errada. Sabrina leva as mãos à testa, mas não parece realmente irritada.
Quando Julia sai, sem dizer uma palavra para mim ou para ela, Sabrina aponta o dedo para mim.
— Agora, para todos na empresa, serei mais um nome na sua listinha — acusa de forma dramática.
— O que tem isso?
— Passei meses consolidando minha imagem de mulher confiante e repleta de amor próprio que não cai na lábia de um cafajeste como você — responde como se estivesse me contando o que comeu no almoço, ao invés de me ofender.
— Sinto muito por quebrar sua imagem de mulher inatingível — provoco com um sorriso.
— Você não sente nada! Se veio aqui desabafar, faça isso rápido! Não vou ficar depois do horário ouvindo você, apenas para que saiba. Também não vou atrasar meu serviço para ser seu diário. Você terá poucos minutos por dia.
— Eu sou seu chefe, sou eu que faço o seu horário.
— Você é chefe da Sabrina copeira, não da Sabrina diário humano. Se me der horas de folga na empresa, irei usá-las para descansar e não para ficar te ouvindo.
Olho seus olhos marrons e a desafio:
— Você é muito chata, sabia? É por isso que está solteira. Aliás, é por isso que o seu maior pretendente é o irmão caçula da sua melhor amiga. Quantos anos o Uli tem mesmo? Na certa ele não tem experiência suficiente com mulheres para distinguir como você é chata, afinal ele mal saiu das fraldas.
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DEGUSTAÇÃO - Quem disse que é amor?
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