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Boa noite, minhas amoras lindas!
Como foi o final de semana de vocês?
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Um beijão, amoras!
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Deixo o café da manhã pronto e olho pela quarta vez o relógio na cozinha, são quase onze e meia da manhã e ela ainda não acordou. Por algum motivo, sinto-me ansioso para que desperte. Embora possa antecipar a conversa que teremos sobre eu não beijá-la nunca mais. Me pego sorrindo em antecipação, pois ela correspondeu ao meu beijo com o mesmo desejo com que a beijei.
Sabrina é uma mulher linda, inteligente, confiante e sincera. Um pacote completo. A presença dela tem me ajudado de maneiras que sequer sei descrever nas últimas semanas, e acredito que vamos nos tornar bons amigos um dia. Mas bem, nunca tive amigas tão bonitas. Aliás, nunca tive uma amiga assim, que fosse de uma forma tão próxima, e ao mesmo tempo, tão distante. Algo apenas baseado em amizade. E por mais que esteja buscando me tornar uma pessoa melhor, há muito do velho Tim em mim. Incluindo o desejo por ela, uma mulher bonita demais, próxima demais a mim. Por isso o beijo na madrugada. Apenas para matar a curiosidade.
Mas confesso que foi maravilhoso.
Entediado, decido acordá-la. Abro devagar a porta do quarto e a vejo em frente a parede de vidro, admirando a vista do condomínio onde moro e a lagoa abaixo. Ela sequer nota minha presença. Usa uma blusa preta minha que parece enorme nela e tem o cabelo alaranjado preso apenas de um lado em um coque torto, enquanto a outra parte está solta.
— Sabrina? — chamo e ela se vira com um sorriso imenso no rosto.
— Essa vista é incrível! Se eu morasse em um lugar como este, passaria todos os meus dias em frente a essa janela! — comenta animada.
— Sabia que você ia gostar.
Curiosamente, ela é a primeira mulher que repara de verdade na vista. Também, a primeira que dormiu neste quarto.
— O café está pronto, você está com fome?
Ela assente e se despede da vista, seguindo-me escada abaixo até a cozinha. Mal terminamos o café, ela me olha de maneira mais séria e me preparo para o que sei que vai falar. Vai me dizer que não podemos fazer mais isso, e vou responder que não pretendia mesmo fazer de novo. Mas então ela me surpreende ao perguntar:
— Por que você me beijou?
Seus olhos marrons estão focados em mim e não me preparei para responder essa pergunta.
— Você me pediu desculpas antes de fazê-lo, o que quer dizer que sabia que não devia fazer isso, mesmo assim fez. Como se fosse uma necessidade. Por quê?
Penso no que posso responder a ela, e dizer que foi porque estava curioso de repente não parece ser exatamente verdade. Parece uma resposta vazia demais para dar a ela.
— Meu Deus, Sabrina! Acabei de acordar, não me faça perguntas profundas a essa hora! Pensei que você viria com o discurso sobre não podermos mais fazer isso, não que fosse querer saber o motivo.
— Eu vou chegar nesta parte, você sabe que não vamos mais fazer isso. Não sou sua amiguinha de foda, Tim, não sou nem mesmo sua amiga.
— Vamos nos tornar bons amigos, Sabrina. Eu sinto isso.
— Pode ser. Mas não coloridos. Nós não vamos misturar as coisas, nunca mais me beije de novo.
Assinto. Abro a boca para dizer o que ensaiei a manhã toda, mas nada sai. Não consigo olhar seus olhos, esse rosto delicado e perfeito e dizer que não vou mais fazer isso.
— Prometo tentar — respondo com um sorriso que claramente a irrita.
— Não é o bastante. Você não respondeu a minha pergunta. Por que você me beijou?
Encaro esse rosto delicado, que parece mais irritado do que curioso e simplesmente não sei a resposta. Foi curiosidade, foi porque ela estava perto demais, foi por desejo e por muitos outros motivos que eu não poderia enumerar. Após pensar algum tempo, dou de ombros, desistindo de encontrar uma resposta.
— Você quer uma resposta racional para algo que fiz por desejo. Sinto muito, Sabrina, mas não tenho uma resposta certa para esta pergunta.
Percebo algo semelhante a decepção em seu semblante, mas some tão rápido que não tenho certeza se estava mesmo ali. Ela desvia os olhos dos meus, como se nada tivesse acontecido.
— Então vou adivinhar seu motivo — provoca.
— Não vai ser difícil — confesso.
Finalmente ela sorri, tenta esconder, mas vejo em seu rosto que não está brava com a situação, apenas está se precavendo.
— Você me beijou porque sou mulher e estava perto demais de você. Sem motivo que justifique, apenas você sendo você.
— Também, mas faltou dizer que foi também porque você é muito linda e eu estava ficando louco de curiosidade sobre seu beijo.
Seu rosto atinge aquele tom vermelho que adoro e ela fica sem graça, desvia os olhos dos meus e se levanta, procurando sua roupa.
— Molhada no chão do lavabo, provavelmente, onde você a deixou — digo para irritá-la.
Ela solta um palavrão e sai resmungando que sou incompetente. E aproveito para ir à secadora pegar a roupa que lavei e coloquei para secar. Pouco depois ela volta com cara de poucos amigos e estendo a roupa para ela.
— Que perfume você usa? — pergunto enquanto ela puxa as peças da minha mão.
— Nenhum, perfumes me dão alergia — responde o que tenho certeza que é uma mentira, antes de voltar ao lavabo para se vestir.
É claro que usa algum perfume, um delicado, não é doce demais e é bem suave. Um que não conheço, e tenho certo conhecimento sobre perfumes femininos.
Pouco depois, passa por mim vestida, e sequer olha para mim quando diz "obrigada pela estadia e tchau" nem me dando a chance de levá-la em casa.
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DEGUSTAÇÃO - Quem disse que é amor?
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