DISPONÍVEL ATÉ 23/01.
A mão da minha mãe acaricia meu cabelo, enquanto minha cabeça repousa em seu colo. Como sempre, sua voz calma acalma minha alma.
— Há injustiças muito piores na vida, do que seu pai ter um restaurante badalado, filha. Há muitas outras injustiças. Isso não é nada. Deixa que ele tenha a vida dele, o dinheiro dele, isso não nos afeta — diz como se não doesse nela a traição, o abandono, o sufoco que passamos por anos quando ele simplesmente sumiu.
— É o seu dinheiro, não é justo, mãe! Ele ao menos deveria dividir uma parte disso com você, ao menos deveria devolvê-la o que você deu a ele — defendo minha mágoa.
— Mas aí é que está, filha. Eu dei o dinheiro a ele, ele não o roubou. Não foi um empréstimo, foi um favor. Logo, ele não tem que me devolver nada.
— O bom senso diz que sim. E para que você deu a ele todo seu dinheiro? Mãe, às vezes tenho vontade de segurá-la pelos ombros e te sacudir!
Ela demora um tempo a responder, mas quando o faz, não consigo encontrar nada de mágoa, acusação ou rancor em sua voz.
— Eu pensei que ele realizaria seu sonho, faria o curso que tanto queria e voltaria. Pensei que uma esposa na minha condição e uma filha pequena pudessem ser peso demais para ele. Eu era muito jovem e muito iludida, Sabrina. São tolices que cometemos por amor. Mas se não as cometemos, não aprendemos a lição.
— Eu não precisei cometer qualquer burrada por amor para saber essa lição. Seu exemplo me basta.
— Por falar nisso, o que vai fazer a respeito do seu chefe?
— O que eu poderia fazer? — De repente o aperto em meu peito volta e me sinto culpada por tê-lo magoado por nada.
— Se desculpar. Veja bem, você teve a mim para acalmá-la quando chegou em casa.
Pronto! Dificilmente ele foi até o apartamento da mãe ser acalmado. Dificilmente ele foi para qualquer lugar, senão sua casa, remoer tudo o que disse como confessou ter feito na outra vez em que fui grossa com ele. A diferença é que na outra vez ele mereceu.
Contrariada, levanto-me e visto um casaco, pego minha bolsa e ligo para minha melhor amiga.
— Você pode descer até a entrada do hospital e me ouvir por cinco minutos? — pergunto temendo não ser uma noite boa para ela.
— Por que você ainda pergunta? Eu levo o café?
— Claro! O seu, não quero esse sem açúcar do hospital.
— Você traz os pãezinhos então — ordena.
— Ayla, onde vou achar pães a essa hora?
— Se vira! A sessão de emergência é sua. Não funciono com fome.
— Tudo bem.
Volto para dentro de casa enquanto o motorista espera e pego os pãezinhos e bolo que mamãe já havia feito. Esses devem servir.
Enquanto quase congelamos sentadas em um banco frio na calçada, conto a Ayla tudo o que aconteceu desde que ela se mudou para esse hospital, exceto a parte em que acertei a vaca da Louisa, porque não quero ter que explicar o motivo de eu tê-la acertado. Ayla não precisa de nem uma grama a mais de peso além do que está carregando.
— Poxa! Você foi desnecessariamente cruel! — acusa.
— Eu sei disso, não é isso o que quero ouvir.
— Você foi má e muito babaca também.
— Ayla!
— Você tem que saber disso! Tudo bem, vá pedir desculpas a ele — ordena e volta a tomar o café como se tivesse me dito para fechar o zíper do casaco. Seus olhos pousam em mim e ela franze o cenho, fazendo um gesto com a mão para que eu me apresse.
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DEGUSTAÇÃO - Quem disse que é amor?
RomanceDISPONÍVEIS APENAS ALGUNS CAPÍTULOS PARA DEGUSTAÇÃO. TODOS OS DIREITOS RESERVADOS. PROIBIDA CÓPIA OU DISTRIBUIÇÃO PARCIAL OU TOTAL DESTA OBRA SEM CONSENTIMENTO DO AUTOR. PROIBIDO ADAPTAÇÕES. PLÁGIO É CRIME! SPIN-OFF DE UMA MENTIRINHA DE NADA... A me...