Sinto minha cabeça latejar ao mesmo tempo em que meus olhos vagarosamente se abrem. Pequenos flashs dos últimos acontecimentos povoam minha mente.
Nick.
Demônio.
Possessão.
Traição.
Alaster.
Ethan.
Irmão.
Tento, com tudo o que há em mim assimilar tudo, enquanto mantenho-me focada ao teto cinza e apagado, tentando encontrar alguma coerência, ou pelo menos, que eu possa acordar e ver que tudo isso não passa de um pesadelo. Vozes ecoam pelo ambiente.
Eu tenho um irmão.
Eu, que pensava estar completamente sozinha depois da morte dos meus pais.
Parte de mim, sente lá no fundo, um resquício de sentimento surgir: esperança.
Mas, uma outra parte (maior) sente se enganada, traida. Traida pelos meus pais, pelos segredos que mantiveram, assim como também me sentia traída por aqueles que já considerava meus amigos.
-Hannah, fale conosco.- Steve aparece no meu campo de visão.
Não consigo dizer nada. O silêncio agora me parece ser a única opção.
Minha garganta se aperta e curtas lembranças da minha infância me vem à mente. Das vezes em que eu pedia um irmãozinho e eles nada diziam.
Das vezes em que passava noites em claro por conta das frequentes aparições e, a única coisa que queria era um irmão, para que eu pudesse me sentir protegida apesar de tudo, e agora um irmão cai de paraquedas na minha vida.
Tento balbuciar algumas palavras, porém o esforço é vão. São tantas confusões que eu consigo se quer olhar para Ele. Não sei o que pensar, não sei o que sentir. Me sinto perdida.
-Fale alguma coisa, por favor.- agora já sentada, permaneço de cabeça baixa, imóvel.- Olhe para mim.- Ethan continua.
Não percebeu a semelhança entre vocês?
Eu não consigo olhá-lo, não dá.
Olhar para ele e reconhecer os traços da mamãe vai ser um baque para mim.
-Por favor, não me odeie.- levanto a cabeça então pela primeira vez.- Não me olhe desse jeito.- pede suplicante, pouco afastado de mim, quando faz menção de se aproximar.
Faço um leve aceno negativo com a cabeça, e ele compreende.
-Preciso de um tempo, de espaço também. -consigo dizer, por fim.
-Não temos...-Faith começa.
-CHEGA!- explodo, já de pé - CHEGA DESSA HISTÓRIA DE QUE EU NÃO TENHO TEMPO. PAREM DE ME PRESSIONAR! VOCÊS JOGAM BOMBA ATRÁS DE BOMBA NO MEU COLO, VOCÊS MENTEM PRA MIM, ESCONDEM COISAS O TEMPO TODO, DEPOIS QUEREM VIR COBRAR RESPONSABILIDADES?-silêncio total- ESTOU CANSADA. CANSADA DE SER ENGANADA. ENGANADA PELOS MEUS PAIS, ENGANADA POR VOCÊS.-vejo aflição em quase todos ali, como se quisessem dizer que estava errada.- Sinceramente, eu preferia que vocês nunca tivessem aparecido.
Foi o que faltava. Os olhos de Faith expressava tamanha dor, junto com o brilho de pequenas lágrimas recém acumuladas, como se uma adaga a rasgasse por dentro.
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Os Mortos Estão Por Aí
RastgeleHannah Bailey é uma jovem de 19 anos que tem a estranha habilidade de ver se comunicar com pessoas que já se foram, quer dizer, não completamente. Mais precisamente pessoas que estão presas entre o inimaginável e o que é real. Ela não imaginava se...