Não havia nada que pudesse animá-la. Por que ficar triste se ela tinha passado toda a sua vida presa naquele quarto, naquele castelo? Após o café da manhã, alguém bateu à porta e ela perguntou:
— Quem é?
— Seu pai. — respondeu a voz do outro lado.
— Entre.
Seu pai entrou, e ela se levantou para reverenciá-lo e pedir sua bênção.
— Minha filha, por que tentou fugir ontem à noite? — perguntou ele.
— Porque eu queria e quero conhecer a cidade e nosso povo, que o senhor tanto protege. — respondeu Rose.
— Não seria adequado para uma princesa. — retrucou o pai.
— Pai, eu sei que seria arriscado, mas queria fazer algo novo e ver o que tem lá fora.
— Hora! Você já tem tudo. Qualquer um que estivesse em seu lugar estaria mais que satisfeito.
— Não estou reclamando. Eu agradeço muito pelo que tenho.
— Então... para que sair?
— Mas o que sinto é que me falta um pouco de liberdade, sair por aí, conhecer novos lugares e novas pessoas, só isso.
O humor de Rose se tornou triste. Aos olhos de seu pai, isso não era nada simples. Mesmo sabendo dos motivos dela, ele não mudaria de opinião. Sem dizer mais nada, ele saiu do quarto.
Os dias passaram silenciosos e tediosos. Mas um dia, cansada da mesmice, sentada em frente à janela, Rose observou o movimento agitado dos cavaleiros. Não era normal eles treinarem em frente à sua janela. Talvez algo tivesse acontecido no campo de treinamento. Ela decidiu imitá-los, pegando sua escova de cabelo e simulando seus movimentos. Gostou da sensação. De repente, ouviu alguém batendo à porta. Rapidamente, ela jogou a escova na cama, sentou-se e abriu um livro, convidando a pessoa a entrar. Era a servente, trazendo o chá da tarde. Apesar disso, ela se sentiu triste, pois duas semanas haviam se passado desde que fora pega.
Seu pai a visitava uma ou duas vezes por semana, e sua mãe uma vez ao dia, sempre ao entardecer. Em uma dessas visitas, sua mãe a chamou:
— Rose, minha filha.
Rose não respondeu. Ela não estava se sentindo bem. Seu pai e sua mãe entraram, e ela permaneceu na janela. Sua mãe se aproximou dela, olhando-a com preocupação:
— Rose, você se sente bem?
— Não muito.
— Por quê?
— Sinto-me cansada, apesar de não estar fazendo nenhum esforço.
Sua mãe olhou para o pai e discutiu com ele. Em seguida, ele disse:
— Que saia do quarto.
Rose ouviu e, em seguida, perguntou:
— Então posso ir à cidade também?
— Viu? Era só fingimento! — resmungou o pai, saindo do quarto.
— Querido, deixe ela sair. — interveio a mãe.
— Se casar, ela poderá sair do castelo. — disse o pai.
Casamento? Era mais como um contrato de obediência. Jamais aceitaria tal coisa.
— Se for assim, permanecerei neste quarto. — declarou Rose.
Seu pai não gostou do que ouviu e saiu do quarto resmungando. Depois que ele saiu, sua mãe tentou animá-la, mas não adiantou nada. Se casar significava ficar presa de qualquer forma.
Os dias passaram, e a situação de saúde de Rose só piorava. Sua mãe tentava tirá-la do quarto, mas era em vão. Finalmente, ela não conseguia mais ficar de pé. Cecília, que havia voltado a trabalhar há três dias, tentava de todas as formas possíveis animá-la.
Então, um dia, sua mãe chamou um guarda para levá-la ao jardim. Ela relutou, mas foi obrigada a sair do quarto. O guarda era alto, não usava armadura, tinha pele clara, cabelos castanhos escuros e olhos castanhos. Quando se aproximavam do jardim, ela ouviu seu pai dizer:
— O que significa isto?
— Foi necessário tirá-la do quarto. — explicou a mãe.
— Então...? — perguntou o pai.
— Ela piorou, tem tido tonturas. — disse a mãe.
— Levem-na para o jardim logo. — ordenou o pai.
Rose foi carregada até o jardim e colocada em uma cadeira. Logo depois, alguém trouxe uma bandeja de frutas, e Cecília veio fazer-lhe companhia.
Alguns dias foram assim. Ela ia ao jardim por obrigação, ia à biblioteca pegar livros, e sua saúde foi melhorando gradualmente.
Em seu quarto, continuou imitando os guardas com suas espadas. Em um desses momentos, ouviu alguém bater à porta. Rapidamente, se ajeitou e disse:
— Entre.
Sua mãe entrou no quarto sem dizer nada e foi direto para seu guarda-roupa escolher um vestido.
— Rose, vista este vestido e se arrume rápido. — disse ela.
— Mãe, para que tudo isso? — perguntou Rose.
— Temos visitas. — respondeu a mãe.
— Quem seriam? — indagou Rose.
— Vamos logo, querida. — insistiu a mãe.
A mãe saiu do quarto, e Rose trocou de roupa. Cecília a ajudou a arrumar o cabelo. Quando estavam prontas, saíram do quarto. Os serviçais estavam apressados, indo de um lado para o outro. Ela se dirigiu à sala do trono, onde viu dois homens. Um parecia ser jovem, da idade dela, com cabelos pretos escorridos, e o outro era mais alto e mais velho.
Ela se aproximou de seus pais, e seus olhares estavam voltados para ela, principalmente o do mais jovem.
Seu pai os apresentou:
— Príncipe Henrique e Rei Jorge, esta é minha filha, a Princesa Rose.
Eles se cumprimentaram adequadamente.
VOCÊ ESTÁ LENDO
O dragão e a princesa
RomanceNum mundo medieval onde cavaleiros cavalgam dragões, a jovem princesa, filha de um rei, é protegida da dura realidade. Contudo, durante um ataque ao castelo, ela foge para a floresta e encontra um dragão, iniciando uma conexão inesperada. Juntos, el...