Capítulo 15: Cartas

955 85 4
                                    

Após uma longa viagem, finalmente ela estava em casa. Jogou-se na cama e adormeceu de tanto cansaço.

No dia seguinte, saiu do castelo disfarçada para treinar movimentos de ataque e defesa, com ou sem uma espada. Treinou por dias e dias até adquirir habilidades suficientes para proteger a aldeia e seu reino.

Dentro do castelo, Cecília entrou e disse:

— Princesa Rose, chegaram duas cartas para a senhorita.

Entregou as cartas e saiu. Uma das cartas era do Príncipe Enrique e a outra do Príncipe Diego. A princípio, não entendeu o motivo de Diego ter lhe enviado uma carta. Deixou isso de lado e começou a ler a carta de Enrique:

"Princesa Rose,

Escrevo para expressar o quanto sua falta é sentida neste castelo, a ausência de ver seu rosto junto às lindas rosas que combinam com seu nome. Quero saber se ainda está treinando com a espada, se seu pai permite que saia do castelo e como foi a viagem de volta. [...] Espero que os bons ventos a tragam de volta para perto deste cavaleiro que aqui lhe escreve. Que os pássaros cantem as mais belas melodias para alegrá-la quando se sentir triste. Por enquanto, aguardarei sua carta. Até logo.

Príncipe Enrique."

Quando terminou de ler, foi logo atrás de papel, pena e tinteiro. Escreveu:

"Príncipe Enrique,

Agradeço por expressar sua saudade, meu nobre amigo. Em resposta, informo que sim, continuo treinando movimentos de ataque e defesa, com ou sem a espada. Meu pai ainda não permite que eu saia do castelo, pois afirma que só o farei quando estiver casada, algo que, de minha parte, não desejo no momento. Quanto à viagem, foi tranquila. Paramos em uma aldeia para descansar e seguimos viagem no dia seguinte. Por ora, despeço-me e aguardo suas próximas cartas.

Princesa Rose."

Quando terminou de escrever, olhou para a carta do Príncipe Diego. Sua curiosidade não a deixou em paz, então leu o que estava escrito:

"Princesa Rose,

Naquela tarde em que interrompeu o treinamento por causa de suas lágrimas, não tive a oportunidade de perguntar o motivo de estar chorando. De certo modo, espero que não esteja chorando por aí ou atrapalhando os outros por causa de seus caprichos. Quando dormiu, parecia que estava fazendo um som estranho, me desculpe dizer, mas parecia um porco. Confesso que não consegui dormir por sua causa. Espero que tenha resolvido o problema.

Príncipe Diego."

Não acreditou no que acabara de ler. Foi extremamente indelicado da parte dele escrever algo assim para uma dama. Em resposta, escreveu:

"Príncipe Diego,

Em nenhum momento tive a intenção de atrapalhar seu treinamento e de qualquer modo não lhe devo satisfações sobre o motivo pelo qual eu chorava. Não sou o tipo de mulher que faz caprichos para conseguir o que quer. Eu simplesmente persigo meus objetivos com meus próprios esforços. E que fique claro que não faço nenhum barulho enquanto durmo. De certo modo, foi você quem quis deitar-se ali sem motivo algum. Quando acordou, pediu desculpas, e agora escreve em sua carta com tremendo desrespeito para com minha pessoa. Isso não ficará assim. Farei com que se arrependa de ter escrito isso para mim.

Princesa Rose."

Queria ter escrito mais, mas decidiu não fazer o que ele fez. Apenas expressou sua indignação. Respirou fundo, selou os envelopes e colocou as cartas. Pediu a Cecília que as enviasse para o reino de Auxizer.

O dragão e a princesaOnde histórias criam vida. Descubra agora