Capitulo 13: Vozes da verdade

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Permaneceu sem virar-se, olhou para a janela e observou o jardim. O sol faltava pouco para se pôr. Ele deu um passo à frente e disse:

— Você está bem, Rose?

Não disse nada. Ele continuou:

— Me perdoa, não queria ter dito aquilo.

Deu mais alguns passos à frente, aproximando-se. Ela disse:

— Não se aproxime de mim.

— Por favor, me perdoe.

— "Me solte" — disse, empurrando-o como se ele fosse um inseto em sua roupa.

Ele ficou calado, e ela continuou:

— Sua fúria não enxergou que a criatura não fazia nada de mau. Por que querer machucá-la?

— Queria te proteger.

— Me proteger? Se me escutasse, não seria necessário me proteger.

E saiu rumo ao jardim. Não sabia se ele a seguira ou se tomara outro rumo. Sentou-se e saboreou o pequeno lanche.

Cinco dias se passaram, e ela e o príncipe Erique não se falaram mais. Sua mãe recebeu uma carta de seu pai, dizendo que o castelo estava quase terminando a reforma e que esperava pelo retorno deles.

No final da tarde, andando pelos corredores, escutou vozes vindas de uma sala ao lado:

— Erique, fale com ela, peça desculpas.

— Já tentei, meu pai, mas ela não aceita.

— Esse seu comportamento agressivo estragou meu plano. Deve haver uma outra solução para que eu consiga o controle do reino de Erendor.

Ouvir aquilo deixou-a apavorada. Tudo o que Erique estava fazendo para se aproximar dela era parte de um plano para assumir o controle do reino de Erendor. Eles continuaram a falar, desta vez sem que ela pudesse escutar. Aproximou-se mais da porta. Perto dela, havia um vaso com flores e alguns castiçais com velas. Quando esteve perto o suficiente da porta, deu para escutar um pouco, mas não o suficiente. Ao afastar-se um pouco, esbarrou no vaso, que se mexeu para o lado. Seu coração disparou. Pensou: "Se o vaso cair, fará um enorme barulho que chamará muita atenção". Segurou-o a tempo e colocou-o no lugar. Quando ergueu o braço, parte do pano que envolvia sua mão prendeu-se em uma fresta do castiçal e caiu no chão. Ouviu passos vindo em direção à porta. Pegou o castiçal do chão e colocou no lugar, saindo correndo dali e encontrando um corredor que dava para o jardim.

Encostou-se em uma árvore, respirou fundo e descansou, sentando-se no chão. Lágrimas deslizaram por seu rosto. Um par de sapatos de couro estava à sua frente. Não quis ver quem era, então ele disse:

— O que faz aqui aos prantos?

Não respondeu. Em vez disso, virou o rosto. Ele continuou:

— Se não quer falar, então saia daqui. Está atrapalhando meu treinamento.

Ficou onde estava. Um vento passou por eles, soprando seus cabelos. Teve a impressão de que ele não gostou de vê-la ali. Uma mão pesada pegou em seu punho, forçando-a a levantar. Um punhal estava em seu pescoço, e uma voz disse:

— Ela está a te incomodar?

— Me solte — disse ela, tentando se soltar. Foi quando viu um outro punhal com a mão livre e o apanhou, apontando-o para sua barriga. Quando ele percebeu, a soltou rapidamente. Ela devolveu o punhal e saiu dali sem olhar para trás.

Mais tarde, o rei anunciou:

— Quero que conheçam o meu filho Diego. Ele chegou recentemente de uma excursão.

O rei Jorge os apresentou:

— Esta é a princesa Rose de Erendor.

Quando o olhou, percebeu que era o mesmo rapaz que vira antes, e lembrou como ele a tratara. Após as apresentações, voltou para seus aposentos, acompanhada por Cecilia. Conversaram até serem interrompidas por uma batida na porta.

O dragão e a princesaOnde histórias criam vida. Descubra agora