24• Espectro

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   Estela

Olá voz na minha mente, você pode me ouvir?
  Antes de eu ir embora?
Prazer em conhecer você  não me deixe esquecer... nos vivemos, amamos... mentimos....

-Tudo bem?

-Sim - Eu digo antes de apagar com a anestesia...

  Quando acordo eu ja tenho pulmões novos, e estou totalmente limpa da fibrose.
   Eu não vou ascender como uma árvore de natal nos exame.
   Abro os olhos pra ver lá fora, Will estava na cadeira do lado da maca, com uma roupa de cirurgião.

-Então é só isso, você vai me deixar? Vai me largar, que droga!

-Eu não vou. -Digo rindo, ele sorri também.

-As enfermeiras vão ver você, vai Will.

-Você sabe que a gente não vai poder mais...

-Vai Will.

   Ele some por detrás da cortina e as enfermeiras entram, uma lágrima desce, depois outra e eu fecho os olhos, adormeço.
Os medicamentos estavam fazendo um efeito rápido, dois dias depois da operação eu ja fui pro CTI.
  Minha mãe e todo mundo estavam tão felizes, desde que eu fui pro CTI eu só consegui ver o Will por poucos minutos, e sempre por frente de um vidro ou pela tela do meu notebook velho, a cada dia estávamos mais convencidos de que tudo ficaria bem, estava bem, a fibrose de Will estava em estágio 3.
    Pool estava numa viajem em New Jersey com o amor dele, só eu estou aqui mofando.
   Dana entra com os remédios e me desconecta de todos os fios, e pela primeira vez, eu não estava respirando ar emprestado...
  Meus pulmões novos eram ótimos, eu sinto o ar circular por todo o meu corpo e depois voltar na mesma sequência, como uma macieira talvez?

-Estela...

-Un?

-Nos estamos perto de conseguir um pulmão pro Will.

  Antes que eu de a ordem meu sorriso se forma de orelha a orelha.

-Já podemos nos ver?

-Eu não recomendaria mas... no caso de vocês... tudo bem.

  Aquela fila na base do CTI estava pequena, pareci que tinha anos que eu não passava por ela.
   E eu demoro pra reconhecer de novo o caminho que levava pro meu antigo quarto,  bom saber que continuava a mesma coisa, me apresso em vestir um jeans e uma blusa qualquer pra ir... embora?
 
 

Will estava escorado na porta do incrível e centenário hospital de Manhattan, os fones de ouvido pendendo de onde eram pra estar os fios de respiração, quem ele queria enganar?
 
-Todo mundo está vendo.

-Você é muito certinha Estela.

  Antes que Dana fale ou gesticule algo nós ja estamos num abraço, não um de despedida, mas um abraço que sugeria: Vamos pra Paris juntos?
   Mas não... o abraço para e instantaneamente eu começo a tossir, meus novos pulmões não parecem ter se dado muito bem com o Will.

-Não....

-Foi só uma tosse Will.

   Retomo o abraço, de um jeito em que eu pudesse disfarçar se tivesse um ataque de tosse, o que podia claramente acontecer.

-Agora é arrumar um pulmão pra mim não é?

-Eu não estou mais a cinco passos Will

A CINCO PASSOS DE....Onde histórias criam vida. Descubra agora