Estranha sensação

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Naquela tarde de dezembro a chuva de verão tinha a tendência de aumentar a cada minuto. O mesmo acontecia com a minha dor. Ela só aumentava a cada minuto. A cada passada. Não poderia confiar nele novamente. Poderia?

As minhas lágrimas corriam soltas e, junto com a chuva, lavavam a minha alma de dentro pra fora. Gostaria tanto que fosse diferente. Gostaria que ele não tivesse que se esconder atrás dessa maldita máscara e me deixasse sem uma única pista para encontrá-lo novamente. “Esta é a minha última mentira”. Era o que dizia a carta. Mas o que significa exatamente? Por favor... Pare de se esconder de mim.

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- Amor, você pegou a correspondência da semana passada? - gritei do meu quarto enquanto ajeitava o colarinho do meu uniforme de trabalho - Eu preciso pagar a conta do...

- A conta do seu patrão! - respondeu ele aparecendo na porta do quarto se apoiando nela. Olhava pra ele um pouco confusa e ansiosa pelo resto da resposta. Não sei exatamente que cara estava fazendo neste momento, mas foi o suficiente para ele soltar uma breve gargalhada. - Você anda muito esquecidinha meu amor.

- Vai ficar zombando da minha cara mesmo? - ele desencostou da porta e veio me ajudar com o colarinho.

- Não estou zombando de você... Mas gostaria que soubesse que eu paguei pra você ontem linda, não se lembra? - como pude ser tão tola? Havia pedido a ele para fazer isso ontem.

Com as minhas caras e bocas, Hong só obteve mais motivos para rir da minha cara. Querendo entrar na mesma onda de provocação, eu apenas faço um biquinho para dar a resposta:

- Eu poderia me lembrar se ganhasse um beijinho antes... - sem me deixar terminar de falar, HongJoong me puxa pela cintura e inicia um beijo intenso e provocador.

É tão bom tê-lo só pra mim. Poderia ficar aqui com ele o resto do dia, mas o meu trabalho me impede. Toda vez que ele faz isso eu fico brava por me atrasar para o trabalho, mas desta vez não. Desta vez o seu toque é diferente. Seu beijo é diferente. A sensação é outra, e o recado por trás disso também. Não querendo ser muito estraga prazeres eu ponho as minhas mãos em seu peito e começo a afastá-lo devagar, de modo que o nosso beijo vai ficando mais leve até parar de vez. Seus olhos querem me dizer algo, mas infelizmente eu não sou capaz de ler mentes. Hong me olhava com carinho, como sempre fez. Já estávamos juntos há quase três anos e isso nunca havia ocorrido antes. Essa sensação estranha... Devo ignorá-la?

- Vai se atrasar para o trabalho novamente minha linda. – disse ele cortando os meus pensamentos.

- Ah... É verdade. Até mais tarde meu bem! - digo depositando um selinho em seus lábios.

Afasto-me dele correndo para descer as escadas. Pego a minha bolsa e as minhas chaves. Sigo para a garagem, entro no carro e o ligo. Assim que começo a dar ré, vejo o Hong pela janela do nosso quarto falando ao telefone. Ele parece tenso. Percebendo que eu estou demorando a dar partida de vez, ele me encara rapidamente. Cancela a ligação na hora e me manda um “tchuazinho”. Depois bate o dedo indicador no pulso esquerdo para me indicar o atraso. Realmente não sei o que deu em mim hoje. A minha resposta foi um leve sorriso de canto. Saí com o carro por completo e finalmente segui rumo a delegacia.

Como responsável por abrir o departamento todas às manhas, um pequeno atraso já é um baita motivo para os gritos do meu patrão. Aposto que se ele tivesse uma namorada, iria entender o motivo dos meus atrasos. “Preciso arranjar uma namorada para o Sr. Jeong”. Acabo rindo do meu pensamento.

Jeong Yunho é uma pessoa bem autoritária, mas eu o conheço há anos, e só por isso ainda não fui demitida. Nós estamos atolados de trabalho nas últimas semanas. Após alguns casos de assassinatos, não temos conseguido tempo para descansar o suficiente. Já havíamos passado noites em claro atrás do responsável por esses crimes, mas infelizmente até agora não obtivemos sucesso algum. Cheguei no departamento. Desci do carro e fui abrir os portões.

Uma bela mentira - ATEEZ (VOL.1)Onde histórias criam vida. Descubra agora