Tentar descontrair

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Passei o fim de semana inteiro com Mingi. Estávamos pensando em algum plano para finalmente descobrir quem era o chefe da área vinte. Tínhamos espalhados por todo seu apartamento, fotos, documentos, mapas, etc. Não podíamos deixar nada passar. Estávamos estudando a vida de todos do departamento. Desde a suas vidas pessoais, até a profissional. O problema é que todos pareciam ter uma vida normal. Tiveram as suas dificuldades, os seus avanços, mas nada com que fizessem eles se tornarem maníacos ou assassinos sem coração. Estava começando a ficar com raiva por não conseguirmos sair da estaca zero:

- Ahhhhh!!!!! Mais que merda! Não achamos nada! – digo jogando uma pilha de papéis sobre a mesa. Mingi, que estava sentado no chão avaliando mapas, me olha com a cara emburrada.

- Docinho eu adoro trabalhar com você, mas eu juro que se você berrar no meu ouvido novamente, eu te jogo pela janela! – Mingi joga uma bolinha de papel na minha cabeça. “Chato!”

- Eu não aguento mais Mingi... – falo manhosa – Estou farta de não sairmos do mesmo lugar. – jogo a minha cabeça sobre a mesa.

- Odeio te ver assim. – Mingi larga o que estava fazendo e se levanta– Tive uma ideia! – tiro a minha cabeça da mesa e o encaro esperando que continue - Estamos trabalhando há três dias inteiros. O que acha de descontrair um pouco? – me levanto animada com o que havia dito.

- Acho perfeito! Essa é definitivamente a melhor coisa que disse desde que cheguei! – digo cutucando a sua barriga. Mingi aproveita a situação e puxa o meu braço para si. Antes que eu me desse conta, ele me abraça forte e eu sou envolta por um calor relaxante junto ao seu perfume amadeirado.

- Não gosto de ver o meu docinho triste. – Mingi diz me apertando forte enquanto apoia o seu queixo na minha cabeça– Vamos passar no mercado, comprar umas besteiras, alguma bebida forte e assim fugir um pouco deste mundo de merda! – ainda abraçados, eu levanto a minha cabeça para tentar encará-lo.

- O mundo não é uma merda e eu não quero te ver bêbado! – Mingi abaixa a cabeça e me dá um selinho demorado. Não tive tempo de reagir e talvez nem quisesse. Me parecia o certo a se fazer. Este abraço. Este beijo. Não queria soltá-lo.

- Tudo bem! – ele responde levantando a cabeça enquanto fazia um biquinho triste – E aquele conhaque que está na sua casa? Poderíamos voltar para pegá-lo? – acabo sorrindo com a sua pergunta.

- Só o conhaque! Não quero que pegue nenhuma outra bebida do meu armário?

- Há mais bebidas no seu armário? – Mingi encena uma cara de surpresa. “Viciado!” Acabo rindo com o meu pensamento.

- Claro que há, mas eu só te darei se você se comportar até o fim do caso! – desta vez sou eu quem lhe dou um selinho. Mingi foi pego de surpresa, mas adorou a minha reação. Com isso ele inicia um beijo de verdade. É calmo e lento, mas é o suficiente para me deixar exitada. “Agora não é hora S/N!” Essas palavras rodavam pela minha mente, mas Mingi conseguia fazer eu perder os meus sentidos com apenas um beijo. Nossos corpos estavam tão colados, o ambiente estava extremamente quente. A boca de Mingi era algo tão viciante, que eu achava que não fossemos parar tão cedo. 

Só foi eu pensar nisso que um trovão alto ecoa pelo céu. Com um pulo, nós nos afastamos e começamos a rir do susto que havíamos tomado:

- Acho melhor irmos andando para não correr o risco de pegar a chuva que está pra chegar! – disse.

Mingi concorda com a cabeça. Pegamos os nossos casacos, carteiras e saímos de seu apartamento. A moto de Mingi estava no estacionamento, mas optamos pelo meu carro já que havia um temporal a caminho. Mingi foi em direção ao banco do motorista. “Óbvio!” Gostava de se sentir importante em qualquer situação, sempre foi assim. Já estava me acostumando com isso. Mingi girou a chave e deu partida para o mercado. Mesmo querendo descontrair, tanto Mingi quanto eu, não conseguíamos parar de pensar em alguma forma de desmascarar o chefe da área vinte. Não tínhamos conseguido muito tempo livre para descansar. Nossas mentes não paravam de trabalhar. Ser policial é realmente se entregar por completo em qualquer caso que venha a lhe incomodar, e era exatamente isso que estávamos fazendo:

Uma bela mentira - ATEEZ (VOL.1)Onde histórias criam vida. Descubra agora