Mingi e eu nunca fomos amigos muito íntimos. Mingi sempre foi aquele cara cobiçado por todas as mulheres, enquanto eu era uma pessoa mais calma e tímida. Nós havíamos entrado no departamento no mesmo período. Ele conhece bem todos os meus pontos fracos, uma vez que já havíamos trabalho dois anos como parceiros. Por mais irritante que ele seja, Mingi é uma boa pessoa. Sempre me ajudava nos casos e nas provas quando éramos inciantes. Sempre me dava puxões de orelha quando fazia alguma merda. Era um amigo protetor. Gostava de cuidar de mim, mesmo sem eu nunca ter pedido, e agora não era diferente. Mingi sabia que Hongjoong era um assassino de aluguel e mesmo assim veio me avisar do perigo. Veio me mostrar quem o Hong era de fato. Depois de tudo que passamos juntos, a nossa situação neste momento era totalmente fora do normal. Não teria coragem de atirar em Mingi. Verdade seja dita. Mas eu ainda precisava das informações sobre a área vinte.
Abaixei a arma e comecei a chorar novamente. A diferença é que desta vez eu não sabia exatamente por que estava chorando. Medo? Raiva? Angústia? “Mais que merda!” Mingi encara o chão por um tempo. Sabia que eu não estava disposta a falar mais nada. Respeitava o meu silêncio, a minha perda, a perda de um namorado e da minha total confiança nele. As lágrimas só aumentavam com o passar do tempo. Era como se eu as tivesse guardado por horas. Largo a arma e me ajoelho no chão com as mãos no rosto. Tentava esconder a minha vergonha de Mingi. Só que não adiantara nada. Mingi se ajoelha ao meu lado me abraçando forte. Um abraço mais do que reconfortante. Precisava daquilo. Devagar tiro as mãos do meu rosto para abraçar Mingi de volta. Ele me aperta mais forte ao ver a minha reação. “Estou protegida ao seu lado!” Era tudo o que eu sentia. Proteção. Mingi e eu ficamos assim por um tempo. Tempo suficiente para as minhas lágrimas cessarem junto com os meus soluços:
- Está mais calma agora? – assenti com a cabeça – Não queria que fosse assim docinho... – seus olhos se encheram de lágrimas. “Nunca vi Mingi chorar!” – mas eu precisava tirar a máscara dele na sua frente.
- Tudo bem... Eu ia acabar descobrindo de qualquer forma! – forço um sorriso, mas acabo falhando na tentativa – Pelo menos terei um pouco de paz em casa. – Mingi se distancia um pouco, passando a sua mão nos olhos com o intuito de se livrar das lágrimas que não caíram totalmente.
- Ele ainda vai voltar. – O encaro confusa – Ei, não me olhe assim! Você me dá medo sabia? – dou um soco em seu ombro pela brincadeira feita na hora errada. – Aí, aí...
- Explica isso melhor Mingi. Sem brincadeiras por favor! – tento manter a minha voz firme.
- Bem... Ele deixou a maior parte das coisas aqui. Fora isso... – ele pausa passando a mão em sua nuca – Ele ainda te ama. Provavelmente virá para se despedir.
- Não!
- Não? Sua louca, ele vai vir de qualquer forma!
- Mas eu não quero correr o risco de vê-lo novamente. – me levantei bruscamente.
- Não digo o mesmo – Mingi também se levanta – Não o deixarei fugir da próxima vez que o vir.
- Você também não irá vê-lo! – o encaro séria.
- Como é que é? – ele pergunta bravo e confuso.
- Não deixarei que você mate o Hongjoong até encontrarmos o líder. O chefe por trás de tudo isso. Ele é o nosso alvo! – levanto a voz ao respondê-lo.
- Fala sério S/N?
- É isso ou eu te mato! Ainda tem que me contar o que sabe e eu ficarei te vigiando o tempo todo para que não faça nenhuma besteira.
- Primeiro, quem sempre faz besteiras é você! – infelizmente Mingi tinha razão, mas desta vez seria diferente – Segundo, como vai me vigiar o tempo todo? Por acaso vai se mudar e vir morar comigo? – pergunta sarcástico.
- É uma excelente ideia! – sorri ao ver uma careta formando em seu rosto. – Vou fazer as minhas malas. – ia me virando para sair da cozinha, mas volto rapidamente pegando as duas armas do chão – E se o senhor tentar fugir... – aponto as duas em sua direção encenando o um tiro certeiro – Já sabe! – Mingi revira os olhos. “Ótimo”
Me viro de vez, indo em direção as escadas. Ao subir os degraus rapidamente, escuto uma resposta tardia de Mingi:
- Você é insuportável! – gritou da cozinha.
- Já teve a chance de me matar idiota! – grito de volta.
Vou para o meu quarto e começo a recolher tudo o que preciso. Roupas, utensílios pessoais, documentos. Não me importo que tudo esteja sendo jogado de qualquer forma na mala. Não tinha mais forças para fazer nada. Já tinha chorado, já tinha ficado com raivs e agora estava completamente arrependita de ter deixado Hongjoong fugir. “É um deles.” Me forçava a encaixar estas palavras na minha mente, mas infelizmente não era tão simples. Em meio uma bugiganga e outra, um quadro em cima da minha escrivaninha chamou a minha atenção. Era uma foto minha e de Hong. Estávamos de mãos dadas na praia. Uma viagem inesquecível. Me lembrava do cheiro do mar, da lagosta que comemos e até mesmo do Hong ter vomitado elas ao subirmos no barco. Solto uma risada abafada com a lembrança:
- Vai ser um baita desafio ter que te esquecer! – digo para mim mesma.
- Desafio mesmo será levar tudo isso pro meu apartamento! – Mingi aparece na porta me fazendo pular de susto. Ele estava apoiado na porta de braços cruzados como Hong costumava fazer. A luz da Lua entrava pela janela e deixava o Mingi com um ar mais maduro. Suas curvas ganharam destaque, e seu sorriso... “Maldito sorriso!”. Tudo me lembrava Hongjoong. “Merda!” – Vai ficar aí parada me admirando mesmo? – Mingi diz, fazendo com que os meus pensamentos desapareçam. – Tira uma foto e põe no museu!
- Cala a boca! – digo colocando o quadro na mala. Fechei a mala e o encarei novamente. – Vamos, antes que você me faça mudar de ideia! – Pego a mala e passo por ele.
- É o que eu mais quero! – diz Mingi atrás de mim.
Descemos as escadya e fomos em direção ao meu carro. O de Hong ainda permanecera na garagem. “Ele não deve estar muito longe então!” Pensei. Deixei o banco do motorista para Mingi, até por que se não fosse assim, iríamos iniciar mais um bate boca para ver quem iria dirigir. Já chega disso. Coloquei a mala no banco traseiro seguindo para o banco do passageiro. Mingi se senta e eu lhe entrego a chave do carro. Ele não demora para ligar e dar partida. A casa de Mingi fica bem longe da minha. O que significa que a nossa viagem também seria bem longa. Não pude conter a minha curiosidade. Queria saber de tudo o mais rápido possível:
- Desembucha! – Mingi suspira, sem tirar os olhos da estrada e me deixa sem resposta por alguns minutos. Só abre a boca para me responder quando paramos em um sinal.
- O líder deles é alguém do nosso departamento sabia?
- Como é que é? – me viro pra ele sem acreditar em suas palavras.
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Uma bela mentira - ATEEZ (VOL.1)
Hayran KurguEsta é uma bela mentira. A minha última mentira. Mesmo que doa à morte, eu estou me escondendo sob uma máscara para você ... Está tudo bem se você me deixar, eu só quero que você seja feliz ... Eu não passo de um belo mentiroso