Reconciliação

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Após a chuva ter cessado de vez, eu sigo sozinha para a casa de Mingi. San havia me oferecido carona, mas eu preferi rejeitar. Ainda precisava de um tempo sozinha. Tempo no qual apenas Hongjoong havia me dado. Estava caminhando bem devagar, não queria chegar a casa de Mingi tão rápido. O céu estava coberto de nuvens cinzas. Mesmo estando bem tarde da noite, ainda havia claridade. Era possível se ter uma boa visão das ruas, das calças e das casas ao redor. As roupas na qual usava ainda eram aquelas que eu tinha trocado no laboratório. Estava usando calças jeans, uma camiseta longa e uma jaqueta. Não estou tão quentinha quanto antes, mas é o suficiente.

Acho incrível como essas ruas mudam a partir do meu estado de ânimo. É como se a cidade inteira soubesse como eu me sentia. Hoje ela se encontrava completamente vazia, assim como o meu interior. Vazio. Os postes de luz estavam quase todos apagados. Eu disse quase. Se não fosse por um único, ao fim da rua, que estava piscando. Talvez esta seja a minha pequena ponta de esperança para solucionar o caso.

Me perguntava como foi o dia de trabalho hoje? Era segunda feira, mas eu preferi tentar me descontrair com Mingi. O pequeno problema é que acabamos sendo perseguidos, quase morremos, dormimos juntos, cozinhamos juntos, lemos uma carta, nos desentendemos... E agora eu ainda tinha a cara pau de voltar para o seu apartamento e pedir ajuda. “Doideira minha!”. Pensei. Estava tão perdida em meus pensamentos, que não havia percebido que já havia virado a esquina de onde Mingi morava. Estava encarando o chão, ainda em passos lentos. De repente, sinto alguém se aproximando de mim. Levanto o meu rosto e o vejo de cabeça baixa. Como se ele estivesse arrependido. “Mas arrependido do que?” Antes que ele pudesse falar algo, eu lhe envolto em um abraço. Mingi não retribui. Ele apenas apoia a cabeça no meu ombro e começa a... A chorar?

Mingi estava desmoronando em lágrimas. O abraçava cada vez mais forte para lhe mostrar que podia contar comigo:

- Me desculpe S/N! – disse ele em meio a soluços. “O que foi que eu fiz?”

- Shhh... Você não precisa se desculpar por nada Mingi! – ao ouvir isso, Mingi se afastou do meu ombro para ficar ereto em minha frente.

- Preciso! – Mingi enxugou as suas lágrimas – Nunca deveria ter forçado você a dormir comigo, quando ainda tem sentimentos pelo Hong... – acabo o silenciando colocando a minha mão em sua boca.

- Não diga isso! Você não me forçou a nada! – abaixei a minha mão para enfim pegar a sua – Vamos entrar, já está ficando tarde! – Mingi segurou a minha mão forte e juntos voltamos ao seu apartamento.

Subimos a escadas em um silêncio reconfortante. Não precisavamos falar mais nada. Estamos vivendo em meio de uma bagunça tão grande, que acabamos nos perdendo um do outro. Bem, isso já não importa mais uma vez que eu sei que vamos nos reencontrar. Seremos nós mesmos outra vez. Mingi, o galanteador do sorriso mais lindo do mundo e S/N, a garota desastrada e alegre de sempre. “Só espero que não demore muito!”.

Chegamos ao andar de seu apartamento. Em momento algum Mingi soltou a minha mão. Com a outra, ele destravou a sua porta com o cartão e nós entramos. Mingi ainda estava com a respiração pesada por conta do choro. “Nunca imaginei que fosse vê-lo aos prantos!” Deixo a minha bolsa no braço do sofá, e é aí que eu vejo uma meça de roupas encharcadas em cima dele:

- Mingi, que roupas são essas? Você pegou chuva? – Mingi não queria virar o seu olhar para o sofá, mas também não foi relutante ao me responder.

- Eu fui atrás de você! – disse em um susurro.

- Ah, Mingi! – o abracei novamente. Mas desta vez com um único braço, já que Mingi ainda segurava firme a minha mão esquerda. – Você é mais do que eu mereço sabia?

Uma bela mentira - ATEEZ (VOL.1)Onde histórias criam vida. Descubra agora