Enquanto Jane e Cristina, que era a menina negra bonita da qual tinha mencionado mais cedo, se dirigiram para o karaokê, eu tentei puxar assunto com a líder do time, Amy. Já que eu pretendia pertencer ao time, não queria nenhuma rivalidade com as jogadoras.
-Kristin sempre canta tão bem assim?-perguntei, a olhando pelo canto. Sua mandíbula tremeu e ela lambeu os lábios volumosos.
-Ela se empolga muito nas quartas-feiras, principalmente depois de comer gordura.
Eu ri e ela deu um sorrisinho de canto.
-Hey, eu não quero tomar seu lugar, tampouco ligo pro título de líder. Sei que você batalhou muito para consegui-lo.
Amy olhou para os sapatos e depois para mim. Ela parecia...nervosa?
-Nós lutamos sim. Afinal, os únicos privilegiados eram os garotos com o futebol americano. Demoramos muito para conseguir incluir o Lacrosse na escola, ainda mais formado só por meninas. - ela demorou o olhar um pouco nos meus olhos e eu estranhei -Mas sei que você será uma ótima parceira...No time! - suas bochechas coraram e eu sorri.
-Obrigada, eu agradeço muito.
-Você vai no jantar na sexta? Lá em casa?
Eu pensei um pouco e acho que minha mãe falou sobre isso enquanto eu a ignorava mais cedo.
-Devo ir sim, minha mãe está animada e quando ela coloca algo na cabeça, ninguém tira.
Amy sorriu e começamos a conversar sobre os filmes que gostávamos.Tempo depois, por volta das 21:00, eu e Amy estávamos voltando juntas pois morávamos próximo. Não tão próximo, mas quase.
-Então, eu te vejo amanhã, certo?
Amy tirou um punhado de cabelo do rosto e assentiu com a cabeça.
-Amanhã. -quando eu já estava virando a esquina, ela me gritou- Foi bom te rever, Ramirez.
Sorri e acenei.-Você vai poder vir para cá no final de semana?
Jake perguntou novamente, enquanto eu tentava achar minha blusa amarela que comprei em uma liquidação da Victoria Secrets em Eugene.
Mudei o telefone de lado e o segurei entre o ombro e a orelha.
-Eu não tenho certeza. Tenho teste do time na segunda e teste de química na quarta. - escutei alguns barulhos de tiro no fundo da ligação e revirei os olhos.
-Mas eu estou com saudade, gatinha.- a voz de sua mãe entrou na linha e eu afastei um pouco o celular- Grace, querida! Estamos com saudade. Apareça!
Momentos depois, Jake retornou.
-Eu preciso ir mas não acabamos ainda, mocinha.
Murmurei um "eu te amo" e desliguei o celular.
Kristin enviou uma foto no grupo e comecei a gargalhar com nossas caretas.
Por um momento, me senti acolhida, principalmente depois de hoje.
Amy era tão legal e compreensiva. Ela aparentava ser durona mas depois de alguns minutos, sua face era desmascarada.
Algo nela me prendia a atenção. Não sei saber se eram seus olhos esverdeados ou o formato de sua boca, parecida com as modelos do catálogo da Vogue na edição de inverno. Mas naquela noite, dormi pensando em como me sentia bem ao lado dela novamente.Exatamente às 7:45, o Toyota Etios 2018 prateado de minha mãe estacionou na garagem de casa, enquanto eu treinava alguns acertos para o teste na segunda que vem.
Minha mãe, Roxana, trabalhava para os leilões de casas da empresa de Carolyn Alvarez, uma porto riquenha metida a besta que transformou a herança do seu falecido pai em uma empresa capitalista sugadora de dinheiro. Minha mãe viajava muito, então eu passava a maior parte dos dias com meu Pai, Richard. Que trabalhava com programação.
-Não está atrasada, mocinha? -ela abaixou os óculos de sol, que usava até em tempos chuvosos e pôs a mão na cintura.
Olhei para cima e percebi uma nuvem de chuva se formando. Como já tinha treinado bastante, resolvi entrar e tomar um banho antes de ir à escola.15 minutos depois, de banho tomado e dentes escovados, desci para a cozinha e enfiei o saquinho pardo dentro da minha mochila holográfica.
-Não esqueça que hoje temos aquele jantar na casa de Melissa.
Meu pai tomou um longo gole de sua caneca natalina.
-Acha necessário realmente irmos?
Minha mãe lançou o olhar de "você está brincando comigo, certo?" para meu pai e eu abaixei a cabeça.
-Melissa precisa de nosso apoio agora, Richard.
-Pensei que não fossem amigas.-comentei, lembrando do pouco que sabia, antes de me mudar para Eugene.
Minha mãe virou sua panqueca de banana e sussurrou entre os lábios.
-Ela ficou sem falar comigo por um tempo mas eu nunca entendi o porquê.
Richard reprimiu os lábios e eu levantei uma sobrancelha.
-Mas isto está no passado.-Melissa sorriu e eu revirei os olhos, sentindo o estômago sendo revirado pela ansiedade de encontrar Amy hoje a noite.
Após o 2º tempo de química no dia anterior, eu e as meninas fomos comer na Abraccio, um restaurante italiano cujo Gnocchi foi o melhor que já provei na vida. Após pedir uma coca gelada, o garçom colocou um pouco distante de onde estava e Amy segurou o copo para que eu tomasse no canudo. Rimos disso e as meninas nos nomearam como "as casadinhas do Lacrosse". Percebi que Amy ficara um pouco desconfortável com a brincadeira, então mudei de assunto. Mas ao voltarmos para os dois últimos tempo de física, senti que a vibe entre nós duas estava diferente.
Ao voltar para a realidade, percebi o olhar de minha mãe com a famosa sobrancelha arqueada dela.
-Você não precisa ir para a escola?
Pisquei e saí pela porta da frente, ignorando o "até mais tarde" de minha mãe.
![](https://img.wattpad.com/cover/206487523-288-k195780.jpg)
VOCÊ ESTÁ LENDO
BROKED - Concluída
Lãng mạnAmy Thomas sempre teve uma grande curiosidade sobre sua orientação sexual, e Grace Ramirez chega para confundi-la ainda mais. Com seus all star sujos e blusas polo, Amy é muito mais do que uma jogadora de Lacrosse competitiva. Mas a competição se en...