MARCO
— Como ela está? — perguntou Alec, deixando-me um pouco surpreso.
— Se você está tão interessado, por que não vai saber pessoalmente? — questionei, sem pensar duas vezes. Ele me analisou com seriedade, mas não desviei o olhar, o desafiando. Ele permitiu que aquela garota ferisse Lia, permitiu que ela a humilhasse.
— Você está aqui para pedir uma nova reunião? — rebateu ele, desviando o assunto. Alec sentou na cadeira de couro e me esforcei para não sentir o cheiro de sexo naquele lugar. Lia estava sangrando e ele estava mais interessado em transar. Não que ele ainda se importasse com ela, as marcas em suas costas demonstram claramente isso. O que quer que ele sentia pela Lia, acabou quando ela fez aquela escolha.
— Estou — respondi, com calma. — Lia quer acabar logo com isso para poder ir embora e sei que você também deseja isso — declarei, deixando-o em silêncio. Os minutos foram se passando, Alec acariciava o lábio com o polegar e me fitava friamente.
— Você está do lado dela? — Sua pergunta foi direta. Forcei a sustentar seu olhar pesado.
— A Lia é minha amiga — contei, sabendo que isso o deixaria irritado.
— E eu sou o seu senhor — retrucou, levantando-se. — Talvez eu deva lembra-lo disso, Marco. Você segue a mim, não a ela. Nunca a ela — sua voz fez meu corpo tremer. Cruzei as mãos nas costas, mantendo minha postura reta. — Ela é uma mentirosa, uma fingida, ela não ver você como um amigo, mas só alguém que pode ajuda-la quando for necessário — cuspiu com raiva.
— Como você? — falei, sem consegui me segurar. Alec ficou calado, surpreso com meu questionamento. — Se não me engano, você ensinou tudo isso a ela ou se esqueceu? — perguntei, fazendo-o se aproximar com passos calmos e sem qualquer expressão no rosto. — Você pode me bater, pode me fazer sangrar se desejar, eu não vou rebater, você sabe que não. Mas se você permitir que aquela garota toque na Lia mais uma vez, eu mesmo cortarei a garganta dela — apontei, vendo seu maxilar travar.
— O que ela fez para ganhar sua lealdade? — pude sentir desgosto em sua voz. — Eu nunca imaginaria que você se curvaria para uma mulher. — Forçou um sorriso.
— Diferente de você, ela me entende — respondi, notando seu rosto suavizar por alguns segundos. — Marque outra reunião, escute o que ela tem a dizer e se não for do seu interesse, ela partirá e você nunca mais ouvirá falar dela outra vez.
Retirei-me do cômodo sem sua permissão e segui pelos grandes corredores de madeira. Meu coração bate com força e por um momento, sinto-me muito bem. Sinto-me no controle.
~*~
LIA
Caminhei sem pressa pelo jardim banhado pela lua. A grama acaricia meus pés e o cheiro da floresta ao redor me deixa relaxada. Sento-me no banco de pedra, apreciando o ar puro e limpo. Levantei a cabeça, encarando o céu azul escuro e as várias estrelas cintilando. É uma visão bonita e relaxante, uma visão que me trás lembranças indesejáveis. Meu olhar corre para o centro do jardim, para as rosas vermelhas espalhadas, para a grama bem verde e aparada. Quantas vezes transamos nesse lugar? Não consigo me lembrar, mas sei que foram várias noites prazerosas.
— Há quanto tempo você foi transformada? — perguntei, ao senti-la parada entre as arvores, a alguns metros de distância. Não me virei para encara-la, mas sinto sua energia facilmente.
— Dias. Semana. Meses — comentou em voz baixa. — Perdi a noção do tempo presa nesse lugar. Ele nunca me leva a lugar nenhum, é difícil saber quanto tempo se passou. — Ouvi seus passos se aproximando e ela entrar no meu campo de visão. Seu vestido é negro, longo e do melhor tecido. Fiquei em alerta, ciente da sua mente instável e ainda se adaptando em seu novo corpo.
— Você deveria ir embora — sugeri, encarando seus olhos vermelhos como sangue. Eu podia sentir o cheiro dele em sua pele e consigo imagina-los transando naquele escritório.
— Eu não quero ir embora. — Ela sorriu, relevando as pressas afiadas. — Tristen apresentou um mundo novo para mim, ele é meu rei e eu sou a rainha dele. — Rir, deixando-a séria. — E você não é ninguém nesse lugar — declarou de repente, com malícia e diversão no olhar. — Você perdeu seu lugar, não passa de uma vadia suja para ele. Por que não faz um favor para todos e vai embora? — questionou, inclinado a cabeça e fazendo seus cabelos sedosos balançarem.
— Existem algumas regras nesse lugar — comecei, ainda sentada no branco de pedra.
— Foda-se as regras. Realmente acha que me importo que ele tenha construído essa casa para você? — criticou com deboche. Odiei o sorriso que preenche seus lábios. — Não importa quando tempo leve, eu mesma colocarei esse lugar abaixo. — Sorriu, mordiscando o lábio inferior. — Eu vou me certificar que tudo o que você criou seja destruído, apagado e esquecido.
Ela se virou e começou a se afastar. Seu vestido negro arrastava no chão e analisei seus cabelos dançarem com o ritmo do vendo.
— Boa sorte — falei, fazendo-a parar. — Você vai precisar. — Ela me olhou de lado e pude sentir sua raiva. A garota partiu, desaparecendo na noite.
Olhei para a lua cheia, apreciando seu brilho me banhando e fazendo meu enjoou as poucos desaparecer. Era bom capturar as energias da lua, elas deixam minha magia mais leve, o que dificilmente sinto nos últimos dias.
— Não acho seguro você ficar sozinha com ela — Marco quebrou o silêncio, forçando-me a abrir os olhos e encara-lo.
— Ficarei bem — comentei, esperando acalma-lo um pouco. Não quero que ele me veja como um peso, um problema. — Não se preocupe tanto — pedi, segurando sua mão e a beijando.
— Isso não vai acontecer — respondeu, roubando um sorriso sincero. — É meu dever proteger vocês. — Entrelacei meus dedos nos seus e apoiei a cabeça no banco, encarando seu rosto atraente.
— Eu não sou sua obrigação, Marco — rebati com seriedade. — Agradeço tudo o que você está fazendo por mim e espero um dia poder retribuir, mas não me veja como um dever a ser comprido.
— Eu sei — concordou, soltando minha mão e dando a volta no banco, sentando ao meu lado. — Estive pensando, talvez devêssemos chamar um médico para você. — Ri, me divertindo com suas palavras. — Estou falando sério — apontou, franzindo a testa.
— Não podemos ver um médico humano, Marco. — Suspirei longamente. — Ele não entenderia essa situação.
— Você entende? — questionou, com um sorriso simples. — Em toda a minha existência, isso nunca aconteceu Lia. — Ele me analisou com cuidado. — Acha que isso aconteceu por causa da sua magia? — Dei de ombros, sem ter uma resposta e sem querer saber como aconteceu. Eu estava grávida, saber como isso foi possível não faz mais diferença nenhuma. — Eu posso procurar um curandeiro — sugeriu e gostei do seu plano. — Alguém que esteja ligado ao nosso mundo.
— Isso parece uma boa ideia — aceitei, com um sorriso tímido. — Estou no último mês e não cheguei a pensar que precisaria de ajuda quando o momento chegasse — apontei, irritada com minha própria falta de noção. — Obrigada, Marco. — Apoiei-me em seu ombro, entrelaçando seu braço com o meu.
— Também estivesse pensando. — Ele parou de repente, fazendo-me olha-lo. — Que quando você for embora, eu devesse ir com você. — Sentei, olhando-o com surpresa. — Não quero que você fique sozinha com tantos inimigos a solta. — Analisei seu rosto com espanto.
— Você está falando sério? — murmurei, sentindo algo quente abraçar meu coração. — Você deixaria o Alec por mim? — falei, ainda sem acreditar.
— Por vocês, eu farei qualquer coisa.
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Muito obrigada a todos que leram e espero de todo coração que tenham gostado. Se deixei qualquer erro passar, peço desculpas e agradeço imensamente a todos pela paciência.❤️
Espero publicar outro capítulo ainda essa semana. Como eu ainda estou escrevendo o livro, não tenho tantos capítulos extras disponíveis, por isso um capítulo por semana e desculpe-me pela demora.
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Proibida
Vampire[ CONTINUAÇÃO DO LIVRO INTOCADA] Passaram-se quase três anos desde a morte de Belledisse e a libertação de Lia. Muita coisa havia mudado nesse curto espaço de tempo para a bruxa. Lia não é mais a garota ingênua e cega. Ela conheceu o mundo e aprende...