Capítulo XVIII

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ALEC

Passei as costas da mão na testa, sentindo sangue escorrer. Olhei ao redor, sentindo o cheiro forte de sangue e os corpos sem vidas espalhado por todo lugar. Minha atenção vai para uma garota no canto da sala, encolhida e com uma expressão aterrorizada. Aproximei-me com calma, sem me importar de pisar nos cadáveres. A garota me olhou com medo e vejo várias marcas de mordidas em seu corpo.

— Olhe para mim — pedi, me curvando na sua direção. Seu coração batia loucamente e ela tremia quando seguro seu ombro. — Eu não vou machuca-la — declarei, fazendo seus olhos negros me encararem e lágrimas escorrerem pelas suas bochechas. — Vá até o meu quarto, tome um banho, descanse e vista uma roupa. Quando você notar, não se lembrará de nada do que aconteceu aqui e você voltará para casa viva e bem. — Ela parou de tremer e piscou de forma pesada. Não demorou muito para ela confirmar e levantar. Ouvi ela subindo as escadas e retirei o papel dentro do bolso.

Eu voltarei sozinho.

Olhei para a porta aberta, notando o sol nascer lentamente. Eu não tenho mais tempo. Levei o papel até a vela solitária. O papel começou a queimar e sentindo meus músculos ficarem tensos e algo estranho acontecer.

Caí de joelhos sobre a terra quente. Levantei a cabeça, sentindo o sol aquecer minhas costas ao ponto de me deixar incomodado.

— Você é o único? — Sua voz macia me forçou a levantar e me virar na sua direção. Lia está usando roupas escuras, uma calça jeans apertada e camisa masculina, o que a faz parecer mais magra.

— Desculpe — pedi, sem desviar os olhos dos seus. Ela franziu a testa, incomodada com o sol fervendo sobre nossas cabeças. — Mas ouve muitos problemas — declarei, apontando para as várias marcas de sangue em minhas roupas. Ela me avaliou com cuidado e confirmou com um aceno.

— Deve ter sido difícil para você — apontou com calma. Meu olhar correu para os outros atrás delas. Homens e mulheres. Havia tantos deles que era difícil não se impressionar.

— Isso não importa — confessei, umedecendo os lábios secos. — Vamos buscar nossa filha — declarei, fazendo-a concordar com um aceno.

— Lia, estamos prontos — Liam apareceu ao seu lado, Marco o está acompanhando e noto as duas armas amaldiçoadas em seus quadris. — Quando você quiser — avisou e ela balançou a cabeça. Analisei o seu rosto, ela não parecia cansada, mas sua expressão demonstrava melancolia e isso me preocupava.

Ela respirou fundo, prendendo os cabelos longos em silêncio. Seus olhos vermelhos me encararam intensamente.

— O que você está escondendo de mim? — questionei, mas não ouve respostas. Lia apenas fechou os olhos, trazendo a noite com ela. Olhei para cima, vendo o céu estrelando e a imensa lua cheia.

— Quando eu abrir caminho, vocês vão precisar ser rápidos — disse Lia, evitando me olhar e convocando seu punhal. — E não se esqueçam, ninguém bruxa deve sobreviver — declarou, cravando o punhal em uma parede invisível, notei a luz branca preenchendo a lâmina de ferro. Lia gemeu baixo, tentando abrir caminho na barreira mágica das bruxas.

Meu corpo ficou em alerta ao ouvi-los se transformando. Encarei Liam, suas roupas se rasgavam na medida em que seu corpo animalesco crescia e sua pele negra se rasgava. Seus pelos escuros nasceram e ele ficou o dobro do meu tamanho. Ele uivou e todos seguram em um único som. Encarei o Marco, ainda do seu lado, analisando-o com atenção a fascínio.

O grito de Lia me assustou, ela puxou o punhal com força, fazendo um grande rasgo, rompendo com a barreira, que pareceu cair como um lençol, lento e suavemente.

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