Capítulo XI

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ALEC

Sinto o sangue escorrendo a cada respirada. Levo a mão ao peito, sentindo o longo ferimento que ele me causou. Ela queima como fogo. Minha atenção vai para Tyron, do outro lado do cômodo completamente arruinado. Não havia mais móveis, as paredes está manchada de sangue e decorada com buracos. Tyron cuspiu no chão, fazendo o sangue escorrer pelos seus lábios feridos. Encarei suas longas unhas negras, suja com minha carne e sangue. Eu não posso ficar sangrando, isso me deixa fraco.

— Se não cuidar disso ai — Tyron apontou para meu peito e segurei a ferida com mais força. — Vai sangrar até perder a consciência, vai dormir por estar fraco demais e quem sabe, dormir para sempre — contou, abrindo um sorriso e me fazendo ver vários dentes faltando.

— Não deixarei você passar — declarei com a voz firme. — Você não vai tocar na Lia — falei, vendo-o caminhar na minha direção. Ele parecia bem, e isso não é uma coisa boa.

— Sabe o que é interessante? — perguntou, mesmo não querendo uma resposta. — Mesmos que tenhamos nos transformado na mesma noite, eu sou aquele que assinou o contrato com o Deus Caído, tenho mais poder do que você, mas não se preocupe pequeno irmãozinho, eu não vou matar você. Não seria divertido acabar com aquela mulher sem você nesse mundo! — Apontou, revelando seu verdadeiro motivo de querer mata-la. Ele quer apenas me atingir. Ferir-me, me destruir de dentro para fora. Quer me ver de joelhos. Fico em silêncio, sabendo que se conseguisse cumprir sua meta, ele realmente me destruiria. Lia tem esse poder em mim e eu a odiava profundamente por isso.

— Isso não vai acontecer — rebati, sem desviar o olhar dos seus.

— Vamos ver! — disse, correndo na minha direção. Tyron me atacou, mas consegui segurar seu pulso antes que acertasse meu rosto, porém, não tive reação quando seu pé chutou meu joelho me levando ao chão e fazendo a ferida se abrir mais. Soltei um palavrão quando ele me chutou outra vez, acertando meu peito machucado e me fazer acertar o resto que sobrou da cama de madeira. Minhas feridas estavam demorando a cicatrizar e isso é um incomodo.

Tentei levantar, colocando pressão na ferida.

— Apenas fique no chão! — Gritou Tyron com irritação.

Eu preciso terminar isso logo. Preciso vê-la, saber como ela está. Saber se está em segurança. Encarei Tyron se aproximar com pressa, mas antes que ele acertasse outro golpe, segurei sua mão e o puxei para o chão comigo, caindo sobre seu corpo, colocando toda a força que ainda me restava. E sem dizer nada, sem ao menos pensar duas vezes, cravei minhas unhas em seu peito. Tyron arregalou com olhos, segurando meu pulso, esperando se livrar. Mas enfiei mais fundo, segurando seu coração, que latejava com força.

— Alec — chamou em desespero. Sustentei seu olhar, sentindo o cheiro do seu sangue misturado com o meu. — Eu sou seu irmão — disse, esperando que eu recuasse, mas isso não vai acontecer, não novamente, não com ele ameaçando a existência dela. E antes que ele me empurrasse para longe, arranquei seu coração.

Hyron me encarou com seus olhos vazios e sem vida. Com dificuldades, levantei, libertando seu corpo. Encarei o coração em minha mão, o sangue que escorria pela minha pele e entre os dedos. Deixei o coração cair, perto do Tyron e segui para a parede em ruínas que dava para o beco escuro. Parei na borda, procurando o cheiro de Lia, esperando correr até ela.

Aos poucos, senti minha ferida se fechando e pude ficar mais aliviado, encarei meu machucado, reparando na pele cortada se juntar lentamente. Isso vai demorar um pouco. Pulei no beco quando capturei seu cheiro fraco e um som alto ecoou pelo lugar quando aterrissei no chão de pedra. Porém um som alto, e bastante familiar fez meu corpo paralisar e uma dor extrema e profunda percorrer todo o meu corpo, até o centro do meu olho. O impacto me levou ao chão e me senti tonto e franco. Pisquei rapidamente, encarando o céu escuro por apenas um olho.

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