MARCO
Encarei a casa com cuidado. Logo vai amanhecer e sei que Lia não tem muito tempo. Ela precisa de mim, precisa de um curandeiro. Não sei se ela será capaz de passar pelo processo do parto sem a ajuda do sangue do Alec e tenho medo que ele recuse a oferta.
Caminhei até a casa e assim que piso na sua propriedade, eu sinto como se um grande peso caísse sobre meus ombros. Sinto minha pele suar, algo que raramente acontece. Dei um passo para trás, fugindo daquela coisa estranha. Respirei fundo, voltando ao normal.
Analisei a casa, sem saber como me aproximar. Porém, quando a porta se abriu, fiquei mais aliviado quando Margery apareceu.
— Eu quero conversar — avisei, quando notei que ela não iria se aproximar.
— Sobre o que? — perguntou, enrolando-se em sua manta vermelha.
— Uma bruxa — contei, esperando que me deixasse entrar. — É urgente, por favor — pedi, sem precisar esconder minha ansiedade.
— Tudo bem — aceitou, depois de longos minutos em silêncio. Vi ela levantar a palma da mão na minha direção e pude notar um brilho negro se formar nas pontas dos seus dedos. — Entre — mandou. Dei um passo e quando não senti nada, me aproximei da porta aberta.
O lugar cheirava a incenso e ervas. A luz ambiente era amarelada, o que deixava o lugar com um tom mais velho. Fechei a porta atrás de mim, analisando a bruxa sentar na poltrona e pegar sua xícara de chá.
— Fique a vontade, Turno — pediu e me sentei na poltrona a sua frente. Analisei sua pele negra e seus cabelos cheios e cacheados. Ela parecia mais cansada, na última vez que nos vimos, ela organizou a reunião com as bruxas. Se ela não tivesse nos ajudado, nunca a teríamos encontrado. — O que o trás em minha casa? — questionou, tomando o gole da bebida quente.
— Você sabe realizar partos? — perguntei, fazendo-a cuspir o chá. Margery tossiu e limpou a boca com as costas da mão.
— O que disse? — Ela me olhou com surpresa.
— Existe uma mulher, minha amiga — comecei um pouco nervoso. — Ela está grávida e está sentindo dores.
— Contrações — corrigiu, cruzando as pernas.
— Eu não sei — falei com pressa. — Ela só está sentindo dores, precisa de ajuda e eu pensei, que você pudesse ajuda-la — sugeri, esperando que ela não fizesse muitas perguntas a apenas aceitasse.
— E quem seria essa mulher, Turno? — perguntou com a testa franzida. — Nãos sabia que sua espécie possuía laços com humanos — criticou, olhando-me atentamente.
— Ela não é humana — revelei, fazendo-a arregalar os olhos negros. — Ela é uma de nós, mas também ainda é uma de vocês — contei, vendo seu rosto se transformar. Margery levantou, arrumando a manta em seus ombros e olhando-me seriamente.
— A mulher que está falando é Madeliena? — perguntou com surpresa.
— Esse não é o nome dela — apontei com mais dureza do que deveria. Margery recuou um passo e murmurei um pedido de desculpas. — Ela precisa de ajuda. Estou disposto a dar o que você desejar, o que você precisar, qualquer coisa. Eu só tenho você a recorrer — falei com sinceridade.
— Sabe o que o clã fará comigo se souberem que ajudei aquela mulher? — questionou. — Eu tive uma separação amigável com elas e agora consigo viver da minha maneira, eu não quero perder isso, Turno — declarou, andando de um lado para o outro.
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Proibida
Vampire[ CONTINUAÇÃO DO LIVRO INTOCADA] Passaram-se quase três anos desde a morte de Belledisse e a libertação de Lia. Muita coisa havia mudado nesse curto espaço de tempo para a bruxa. Lia não é mais a garota ingênua e cega. Ela conheceu o mundo e aprende...