Capítulo XII

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LIA

Eu me sentia tão viva.

Todas as dores e cansaço haviam desaparecido. Meu coração batia com força e sinto a magia correndo pela minha pele, até as pontas dos meus dedos.

Fazia doze horas que o Alec dormia e doze horas que o Marco me contará o que aconteceu depois que fiquei desacordada. Eu poderia ver o em seu rosto o quanto aquilo o estava deixando desesperado, algo que nunca aconteceu e ele mal conseguia me olhar nos olhos. Aproveitei o tempo para limpar a mente e me acostumar novamente com aquela forma. Peguei algumas roupas da bruxa e tomei um banho em sua banheira. Tirando o sangue seco da minha pele e o cheiro de suor.

Elas levaram a minha filha.

Fechei os olhos, me lembrando do seu rostinho inchado e dos seus cabelos finos e negros. Eu nem pude segurá-la no colo, senti-la em meus braços e seu cheiro. Dentro da banheira, chorei sem consegui me controlar, sinto as lágrimas frias escorrendo pelas minhas bochechas com medo do que aconteceria com ela. Irão machuca-la por algo que eu fiz. Uma dor extrema abraçou o meu coração e não consegui parar de chorar.

— Lia? — Marco bateu na porta enquanto me vestia dentro do banheiro minúsculo.

— Estou saindo — avisei, sem força na voz. A saia longa me deixava desconfortável, mas não tenho escolha. Visto a camisa de mangas longa marrom e saio do banheiro, dando de cara com o Marco.

— Lia, eu... — começou rapidamente e sei o que ele está para dizer, por isso o interrompi com a mão contra seu peito.

— Não foi culpa sua — declarei, encarando-o nos olhos.

— Se eu não a tivesse procurando, isso nunca teria acontecido — rebateu em voz baixa. Segurando minha mão com gentileza.

— Se você não tivesse ido atrás de mim, o Tyron teria nos matado. — Marco desviou o olhar. — Você não tinha como saber. Por isso, não pense mais assim. — Sem dizer nada, o abracei, fazendo seu corpo relaxar e ele suspirar contra meus cabelos molhados.

— O que vamos fazer? — murmurou, apertando-me contra seu corpo.

— Vamos fazer o óbvio — falei contra a curva do seu pescoço. — Vamos buscar a minha filha.

Nos afastamos quando ouvimos um barulho vindo do outro cômodo. Marco se afastou e foi o primeiro a procurar a razão do barulho. Segui atrás dele, mas sem pressa. Meu olhar caiu no homem sentado na cama. Em suas roupas destruídas e seus cabelos negros como a noite. Ele olhou na minha direção e pude notar que ele estava ferido. Seu olho não havia se recuperado muito bem e acredito que não vá melhorar.

— Você foi ferido por uma arma amaldiçoada? — questionei, quebrando o silêncio entre nós. Marco arregalou os olhos e se aproximou do homem sentado, examinando seu olho.

— Isso não é bom, Alec — disse Marco seriamente, porém ele apenas o afastou, sem se importar com a cicatriz permanente. Um silêncio pesado caiu sobre nós e senti o clima se tornar frio com o olhar sério que Alec me enviou.

— Achou mesmo que poderia esconder isso de mim? — perguntou, levantando-se, mas não desviei os olhos dos seus.

— Você vai querer falar sobre isso ou ir atrás da minha filha? — apontei, deixando-o paralisado.

— Nossa filha — corrigiu, sem pensar duas vezes. Fiquei calada, sabendo que não era hora de brigar.

— Tirem as roupas! — mandei, dobrando as mangas da camisa feia.

— Como é que é? — Marco e Alec disseram ao mesmo tempo.

— Mandei tirar a porra das roupas — repeti, quase sem paciência. — Logo vai amanhecer e não ficarei preso nessa casa por causa de vocês — falei, analisando o piso marcado com símbolos.

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