Capítulo XV

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LIA

Meu coração bate forte quando termino de contar tudo o que aconteceu ao Liam. Mesmo que ele não demonstre pena, sei que é isso o que está sentindo.

— Vocês conseguem fazer isso? — questionei, olhando-o com expectativas. — Tem algumas coisas da bruxa dentro do carro que usamos — contei, esperando uma resposta rápida.

— Nós podemos tentar, mas não posso prometer nada Lia — declarou com calma e apenas confirmei com um aceno, antes de deixar a cabana sufocante, para a floresta. Respiro o ar puro, sentindo meu coração apertado e o vazio preencher meu peito.

Eu não quero acreditar que nunca mais verei minha filha, mas se o Liam não pode prometer, significa que ele não conseguirá encontra-la. Mesmo que tenhamos passado apenas alguns meses juntos, foi o suficiente para eu conhecê-lo. E agora, eu estava completamente destruída.

— Lia. — Marco me abraçou, enquanto eu chorava perto do lago cristalino. O sol aquecia minhas bochechas molhadas e não consigo dizer nada enquanto me acomodo entre seus braços. — Vai ficar tudo bem — murmurou ele, acariciando minhas costas. — Vamos encontra-la — prometeu, beijando meus cabelos e mesmo que não devesse, eu estava desesperadamente me agarrando as suas palavras de conforto.

Liam foi embora sem se despedir e levou todos os outros que estavam escondidos na floresta com ele. Encarei a água com cuidado, vendo a movimentação dos pequenos peixes na margem, Marco ainda está me abraçando, mas está dormindo com a cabeça apoiada na arvore. Sinto a terra entre meus dedos dos pés, sujando minha única roupa, mas não me importo, e continuo sentada no chão. Sinto o Alec dentro da cabana pequena e me pergunto o que ele fará se não a encontrarmos.

— Estou com medo — sussurrei, contra a camisa do Marco.

— Eu também. — Suas palavras em assustaram. Olhei para cima, vendo seus olhos vermelhos brilharem com o sol que banhava seu rosto.

— Eu tinha até esquecido como é sentir medo — contei, voltando a repousar a cabeça em seu peito.

— Eu sei. É um sentimento que não mim fazia falta — respondeu, mergulhando os dedos entre meus cabelos e os acariciando. — Mas ele é necessário para esse momento — declarou, com sua voz rouca e sonolenta.

— Não para mim — rebati, sabendo que só me sinto impotente e perdida. Como a garota ainda presa pelas correntes de Belledisse. Eu prometi a me mesma que nunca mais deixaria o medo tomar conta de mim e agora, estou de joelhos perante a ele. Fechei os olhos, sentindo o coração de o Marco bater com calma e de forma lenta.

Marco e eu só deixamos o lago quando o sol começou a se pôr entre as arvores. Ele me ajudou a levantar e tirou a terra da minha saia. Seguimos para a cabana juntos, as luzes das várias velas iluminavam o local. Fui a primeira a entrar, dando de cara com o Alec sentado na cama. Ele desviou o olhar e fechou a mão antes que eu pudesse ver o que ele estava segurando.

Marco analisou o lugar com calma, mas sei que não tem muita coisa. Apenas algumas velas e cobertores.

— Por quanto tempo ficaremos sem fazer nada nesse lugar? — Alec quebrou o silêncio, me sentei na cadeira de madeira perto da janela e brinquei com os fósforos.

— O Liam voltará amanhã — falei, fazendo o fósforo queimar sem precisar risca-lo.

— Ainda sim, precisamos de um segundo plano — rebateu, me fazendo encara-lo.

— Se tiver encontrado outra maneira, estou disposta a ouvi-lo Alec — disparei com calma, sabendo que ele não tinha. Que ele estava tão perdido quanto eu. — O Liam é nossa melhor opção — menti, respirando com força e vendo suas sobrancelhas se juntarem em confusão.

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