Capítulo XVI

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LIA

O sol está nascendo e o Marco ainda não apareceu.

Analisei a floresta intensamente, tentando sentir sua presença, mas não conseguia encontrar nada. Estava quase indo procura-lo quando vi sua pele pálida entre as arvores, sorri, por notar que ele não está sozinho. Observei os dois se aproximarem com calma, Liam está falando algo e o Marco o ouvia atentamente.

— Vejo que estão se entendendo — comentei, chamando atenção dos dois. Marco pareceu desconfiado, o que foi bastante engraçado. — Você tem alguma notícia? — questionei, encarando o Liam.

— Até agora encontramos um rastro de alguém como vocês — revelou, e olhei rapidamente para o Marco.

— Deve ser o Edgar — contou e confirmei com um aceno. — Avise que estamos juntos, ele está tentando ajudar a Lia.

Liam concordou e me enviou um olhar.

— Mas e o da bruxa? Conseguem sentir? — insisti, com expectativa. Liam continuou com sua expressão calma e serena.

— Ainda não — revelou, fazendo-me dar as costas a eles. — Ainda é muito cedo, Lia. Podemos encontrar algo — declarou, mas suas palavras não me acalmaram. A cada dia que passa, coisas ruins podem acontecer com ela, talvez, ela nem esteja mais viva. Aquele pensamento fez a ruiva dominar meu coração, senti minha magia correndo pelas minhas veias, rastejando sobre minha pele, fazendo a terra sobre meus pés tremerem.

— Lia? — chamaram e quase não senti as mãos do Marco em meus ombros. Seus olhos vermelhos entraram em foco e encarei seu rosto pálido. — Se acalme — pediu, apertando-me. Respirei fundo, fazendo meu corpo se acalmar e a magia desaparecer aos poucos. Marco me olhou com preocupação e colocou uma mecha de cabelo atrás da minha orelha.

— Acabei deixando alguns pensamentos ruins me consumirem. — Forcei um sorriso, fugindo do seu toque e caminhando até a beira do lago.

— Lia, você está bem? — perguntou Liam, sem se aproximar. Apenas murmurei uma confirmação e afundei os pés descalços na beira do lago.

Escutei alguns murmúrios, mas não me incomodo em ouvi-los e apenas me foquei na água e no céu azul. Eu preciso manter o foco, preciso estar com a lente limpa, preciso pensar apenas no melhor.

Que ele não seja minha única opção.

— Aconteceu alguma coisa? — A voz do Alec me trouxe de volta. Segui o som da sua voz, notei seus cabelos negros desgrenhados e suas roupas sujas de terra. Sinto um leve cheiro de sangue e não conseguia imagina-lo se alimentando de um animal.

— Nada aconteceu — rebati, desviando o olhar para frente.

Alec se afastou, mas ainda sinto seu olhar queimando minha pele e desejei profundamente, descontar toda a minha raiva nele. Sorri, sabendo que ele até que iria gostar disso.

Longos minutos foram se passando e senti Liam indo embora, voltando para a vila. Marco e Alec entraram na cabana e tudo que consegui fazer, foi ficar parada na beira do lado, pensando no murmúrio que queimava em minha mente. Que nunca havia me deixado, que sempre esteve comigo, que me deu essa nova vida.

"Você sempre foi a minha criação preferida."

~*~

MARCO

— A Lia está me preocupando — confessei para o Alec, que passava os dedos entre os cabelos.

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