Capítulo XIII

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MARCO

O clima dentro do carro é tenso. Ninguém diz nada e mal ouço seus corações batendo. O meu está disparado, agitado por ver o mundo de uma forma que já havia me esquecido há muito tempo. A luz, o calor, o sol tocando minha pele. Tudo seria incrível se não estivéssemos uma missão, então, tudo o que resta é a sensação de desgosto e melancolia.

— Vamos trocar de lugar? — perguntei para Lia, que estava dirigindo o dia todo.

— Não, eu estou bem — disse, abrindo o vidro da janela e permitindo que o vendo invada o carro. O ar tem cheiro de grama, pinheiros e terra. Olhei ao redor, o último vestígio do sol desaparece entre as arvores, deixando o céu com cores em rosa e laranja.

— Falta muito? — perguntei por fim.

— Algumas horas — contou, sem tirar os olhos da estrada. — Quando chegarmos, apenas façam o que eu mandar — avisou Lia, dando uma olhada para o Alec, sentado no banco de trás sozinho.

— Eu sei o que preciso fazer — rebateu ele, com calma.

— Eu gostaria de concordar com você, mas isso não é verdade — disse Lia, deixando-o tenso e sem palavras. Ela me olhou, enviando-me um pequeno sorriso cansado.

— Vamos trocar — pedi e ela não recusou dessa vez, parando no encostamento. Saímos juntos, a estrada está deserta e o cheiro forte da floresta se intensificava a noite. Lia ficou parada, encarando as enormes arvores. Seu olhar está distante e acaricio suas costas, entendo seus pensamentos. — Nós vamos encontrá-la, Lia — murmurei, esperando ter demonstrado confiança.

— Eu sei — sussurrou de volta, apoiando a cabeça em meu peito. — Obrigada — falou, antes de se afastar e entrar novamente no carro. Meus olhos foram para o Alec, que estava parado no mesmo lugar, evitando nos encarar. Sentei atrás do volante e voltamos para a estrada.

Lia ficou em alerta o caminho todo, me dando instruções de como chegar ao nosso destino, enquanto que o Alec havia apagado no bando de trás. Seu olho está fechado há horas e ele não emitia nenhum som.

— Eu bebi muito sangue dele — contou Lia, com os pés apoiados no painel do carro.

— Você precisava — rebati, fazendo-a confirmar. Encarei o retrovisor mais uma vez, encarando o homem ainda adormecido. — Talvez seja melhor, vocês conversarem — sugeri, Lia me encarou com a testa franzida. — Assim é melhor, para que nada atrapalhe vocês nessa busca. Brigas constantes e alfinetadas é a última coisa que queremos, não acha?

— Você fala como se não o conhecesse — disparou, revelando sua irritação. — Se nós conversássemos de verdade, nada disso estaria acontecendo. — Lia roeu a unha, encarando a estrada de terra que seguíamos, o carro balançava graças às elevações no caminho, mas nada muito incomodo. — E, não existe justificativa para uma traição — ela murmurou, sem me encarar.

— Mas a sua existe, Lia — discordei, vendo-a suspirar com força. — Eu sei por que você fez isso e digo como alguém que já esteve com ele há muito tempo: Você não tinha outra escolha. — As palavras ficarem pairando entre nós, deixando o clima pesado.

— Para o carro! — Lia mandou e fiz o que foi pedido. As luzes do carro iluminavam pouca coisa à frente.

— Não estamos sozinhos! — A voz do Alec me fez estremecer, medo que ele tenha nos escutado.

— Vai ficar tudo bem. É só ficarem calmos e não fazerem movimentos bruscos — avisou Lia, abrindo a porta e fazendo a luz dentro do carro acender.

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