Capítulo IV

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Lia

Ninguém aqui deveria saber.

Nem mesmo o Marco. Ele é meu melhor amigo, mas serve ao Alec fielmente. Se ele exigir saber, ele contaria. Por isso, ele também não deveria saber. Ninguém deveria. Respirei fundo, sabendo que grande parte do meu plano acabou descendo ralo. Agora é só torcer, para que Marco mantenha a sua palavra. Que coloque a nossa amizade, a frente do Alec.

Terminando de tomar banho, segui para o quarto, em busca das minhas roupas. Sinto a magia correndo pela minha pele, penetrando minha carne, eu preciso que Alec ceda. Preciso do seu sangue, ela não vai esperar por muito tempo.

Ao terminar de colocar minha calça jeans, peguei a escova jogada na cama, mas paralisei quando senti um arrepio correr pela minha espinha, um calafrio se acomodar no meu peito. O ar ao meu redor se tornou pesado, forçando-me a olhar ao redor. Eu sabia quem seria capaz de me provocar dessa forma, sei que gosta de brincar comigo, mas Marco disse que não o encontrou na propriedade.

— Tyron? — chamei, esperando que ele aparecesse. Entretanto, nada foi dito e a tensão que se formou em meu quarto, desapareceu com rapidez, deixando-me zonza.

— Está tudo bem? — perguntou Marco, assim que encontrou no quarto e me encontrou curvada perto da cama.

— Acho que sim — murmurei, me recompondo e sentando-me na cama. — Tudo pronto? — questionei, encarando suas roupas bem passadas e aninhadas sobre medida ao seu corpo.

— Sim — respondeu, parando ao meu lado. O analisei com cuidado, notando a tensão em seus ombros e maxilar. Ele me olhava com um brilho estranho, um brilho que eu odiava.

— Não me olhe assim, Marco — pedi, recusando a aceitar sua pena.

— Eu não quero que nada de ruim aconteça com você — disse ele e fiquei surpresa por vê-lo tão sentimental.

— Então o faça ceder — mandei, escovando os cabelos sem olha-lo. Ficamos em silêncio, mas ainda sentia a tensão pairando sobre o Marco, deixando-me ansiosa, bastante preocupada. — O que? — questionei, olhando-o nos olhos.

— Você precisa saber de uma coisa — começou ele, sem mudar de posição. Balancei a cabeça, esperando que ele continuasse. — Ele não está sozinho nessa casa. — Suas palavras pareciam facadas em meu peito. Paralisei, analisando seu rosto seriamente.

— Com quem ele está? — Minha voz era densa, mas não demonstrei irritação. Essa ainda é a minha casa.

— Uma mulher — revelou, fazendo-me balançar a cabeça. — Um pouco problemática, devo admitir — concluiu, esperando que eu fizesse algum comentário.

— Eu não esperava outra coisa dele — comentei, jogando a escova na cama. — Ele é incapaz de ficar sozinho — completei, mas Marco não sorriu. — Podemos ir? — Sustentei o peso do seu olhar. Marco não disse nada, apenas me ofereceu o braço.

Caminhamos pelos corredores desertos em silêncio. Automaticamente, várias lembranças me invadiram, lembranças que pensei nunca reencontrar. Respirei fundo, sentindo meu coração acelerar as batidas.

— Espera — pedi, parando na sala de jantar e esperando que meu tolo coração se acalmasse.

— Está tudo bem? — perguntou Marco, segurando meu ombros.

— Sim, eu só preciso de um tempo — declarei, apoiando-me no vão da porta e analisando o lugar. Posso sentir cheiro de poeira e mofo. Ninguém está cuidando desse lugar e aos poucos, ele será destruído e esquecido. E pelo que estou vendo, ele não se importa nem um pouco. Senti uma pontada de raiva invadir meu peito e aquele leve tremor que subiu pelas minhas pernas, fazendo aquela angustia simplesmente desapareceu. — Vamos! — chamei, voltando a caminhar pela casa, em direção ao seu escritório.

ProibidaOnde histórias criam vida. Descubra agora