XII | Não Diga Que Não Avisei |

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"Aquele garoto só sabia fingir. A gente te disse, você não quis ouvir. Mas finalmente, você percebeu."

Told You So, Little Mix

º Por Calvin S. Lemos:

No sábado fui com um peso sob meu peito, e esse peso era muito peludo, e tentava me lamber no rosto a todo custo. Vagarosamente abri os olhos, a procura do culpado pelo meu despertar e encontrei uma bolinha de pêlos me encarando fixamente, querendo brincar. Eu conhecia aquele cãozinho. Era Spark, o filhote da minha irmã Jessie.

— O que pensa que tá fazendo, pulguento? — Brinquei, o puxando para perto de mim. Spark se deixou ser trazido de bom grado. Jessie deixou ele comigo antes de ir para Nova York junto da nossa mãe. Virá busca-lo no próximo final de semana. Spark se alinha a mim, deixando com que eu sinta o cheiro do shampoo no seu pêlo. Ele ronronou com o cafuné que comecei a fazer nele. — Você gosta disso tanto quanto eu.

Enquanto acariciava o cachorro da minha irmã, meus pensamentos me guiaram até a noite de ontem, quando Christian e agarrou pela cintura e me manteve perto dele o suficiente para me sentir ameaçado. Por uns segundos, fui tragado por aqueles olhos verdes sombrios e sedutores, onde quis desvendar os pensamentos dele. Os olhos de Christian exerciam um poder sobre mim ao ponto de desejar esclarecer o que aconteceu anos atrás. Porém, não sou o errado da história, estou mais para vítima, ainda que deixei de me comportar como há algum tempo.

Meu telefone tocando perto de mim foi o que me tirou do meu devaneio. Era Arthur.

— Oi, poço de preguiça. — Sua voz eletrônica ecoou no meu ouvido. Rolei os olhos, parando de fazer carinho no Spark, que imediatamente reclamou. Sorri, achando graça. — Está me ouvindo, Calvin?

— Deveria? — Retruquei, me forçando a ficar de pé. Arthur tem razão sobre eu ser um poço de preguiça, pois sou mesmo. — Não prestei atenção por causa do Spark.

— Desde que esse cachorro chegou, você me esqueceu completamente. — Reclamou meu amigo em tom choroso. Arthur é dramático demais ao ponto de eu questionar o motivo pelo qual ele não faz parte do Clube de Teatro. — Está me abandonando...

— Quer atenção, pede para o Tyler. Seu namorado é ele, não eu. — Encarei minha cara no espelho, encontrando a imagem de alguém que precisa de férias. Não apenas da escola, mas de toda Stars Home.

— Gentil como um coice. — Arthur falou na ligação.

— Sempre, meu amigo. — Ironizei. — O que aconteceu?

— Vamos ao shopping! — O tom animado de Arthur não era fazendo uma pergunta e sim uma afirmação. — Nem venha dizendo que não pode ir, porque eu estou subindo suas escadas. Espero que esteja vestido.

Eu não estava pelado, mas semi-nú, apenas de camiseta e cueca. Ignorei isso.

— Não quero ir Arthur. — Teimei, como uma criança de quatro anos. — Não pode me obrigar.

— Não serei eu a te obrigar...

A ligação foi encerrada. Quando eu ia começar a xingar Arthur, ele aparece no meu quarto sorrindo, com Kate Santiago Lemos, minha mãe, atrás dele.

— Mamãe?

— Achou que era quem? Angelina Jolie? — Minha mãe retrucou, chegando perto de mim. O fato de eu estar apenas de cueca não a incomodava em nada ela, assim como em Arthur. De acordo com ela, já me viu pelado tantas vezes que não se surpreende mais com o que eu tenho entre as pernas, e eu não tenho vergonha do que eu tenho. A diferença do meu e do Arthur é que o dele é de outra cor, simples assim. — Vá banhar.

O Último Beijo | Livro #1 | Romance gay | Concluído✅Onde histórias criam vida. Descubra agora