XXIX | Corações Agitados|

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" Pode partir meu coração; pode parti-lo em mil pedaços. Eu te dou permissão."

— Julian Blackthorn, O Senhor das Sombras.

º Por Christian Andrews

Falar que ir embora da festa do Arthur sem me resolver com Calvin não me frustou seria uma total mentira. A cada segundo que passo sem ter ele comigo, sendo meu, fico mais louco e irritado. Como não pude mais suportar ficar mais naquela Casa do Lago, peguei o caminho rumo a saída, ainda pensando na forma de pôr meu plano em ação, que colocaria em xeque todas as dúvidas de Calvin. Pelo visto, para o que eu estava planejando dar certo, teria que fazer uma viagem para a Califórnia por um ou dois dias.

Porém, naquela noite consolei o meu melhor amigo, que após a conversa com Arthur e Tyler, voltou a ficar depressivo, afirmando que agora perdeu o Greyman para sempre. Ele me explicou tudo, enquanto enchíamos a cara sentados na varanda do meu quarto, observando juntos o sol nascer. Foi uma noite repleta de conversas sobre os dois garotos que mexem com nossos corações. Juntos, eu e ele pensamos e planejamos na melhor forma de conquistarmos os nossos garotos e no final, combinamos de colocar o plano "Bobos Apaixonados" na segunda-feira. Cada um faria a sua parte, mas nós dois iríamos para a Califórnia.

Agora estou aqui, andando lado a lado com Calvin até o estacionamento. Seguimos em direção a vaga onde minha moto está estacionada, essa da qual eu não usava há um tempo.

— Aonde vamos exatamente, Andrews? — Calvin parou no lugar, com a mãos nos quadris. — Me diga logo ou vou achar que está me sequestrando.

— E estou. — Falei, rindo da cara de espanto dele. A expressão dele além de estar em choque, mostrava uma leve confusão. Para acalmá-lo, o puxei pela cintura para perto de mim. Ele veio de bom grado. — Relaxa, amor. Estava apenas brincando...

  Não percebi no primeiro momento, o que havia feito, mas logo depois me afastei, de orelhas vermelhas de vergonha. Para o meu azar, ele percebeu e foi a oportunidade de me zoar.

— Que fofo. — Começou, apertando a minha bochecha. — Ele consegue ficar com vergonha...

— Calado! — Mandei, tirando a sua mão do meu rosto, e subi na moto, colocando o capacete logo. Ainda ouvia a gargalhada. — Vai subir na moto ou vai ficar ai rindo igual uma hiena?

— Ele ficou emburradinho... — Apesar de suas palavras, calvin subiu na moto, também pondo o seu capacete. No entanto, antes que eu pudesse dar partida na moto, percebi a leve confusão dele, sem saber onde se apoiar.

— Se segura em mim, Lemos. Ou vai cair. — Alertei, olhando para trás. Senti ele ficar inquieto, e com as mãos agitadas. — Anda, Calvin. Segura em mim, não vou te morder. Não agora, ao menos...

Antes que ele enfim seguisse o que eu falei, depois de um suspiro, ainda recebi um tapa nas minhas costas. Mas seus dedos se ancoraram em minha cintura, firmes e fortes em seu aperto. Nem ousei dizer nada quanto a aquilo, apenas expressei o meu sorriso mais contente, que ele não percebeu, é claro. Desta forma, liguei a moto e comecei a dirigir para o meu refúgio, que talvez em breve, será nosso.

  Sinto borboletas dançarem em meus estômago somente de pensar nisso.

— 

O caminho até a Flower Forest (reserva florestal da cidade) foi tranquilo; silencioso e com o clima vespertino banhando os nossos corpos com um vento gostoso. Apesar de todo o nervosismo que está energizando os meus músculos, sinto que estou num topor, num lugar onde nada nem ninguém pode me alcançar além de Calvin.

Os dedos dele continuam apertando sinuosamente a minha cintura, e estou ciente de sua preocupação com relação ao lugar em que estou levando-o, e nem posso julgá-lo por isso, mas acho adorável.

O Último Beijo | Livro #1 | Romance gay | Concluído✅Onde histórias criam vida. Descubra agora