O Último Beijo | Livro #1 | Romance gay | Concluído✅

XI | Apenas Sendo Humano |

"Sou apenas um humano, tentando consertar erros. Desejando alcançar a felicidade, mas toda vez, sou tragado pela realidade cruel da vida."

— André Soeiro

º Por Christian Andrews: 

Meu plano de conquistar Calvin está cada vez melhor. Vejo pelas suas reações que minhas investidas estão dando resultado e ele estão de certa forma abalado. Pensar no coração dele partido me traz paz. A verdade é que não ligo para o dinheiro envolvido, apenas para o sofrimento dele. Quero que Calvin se sinta traído assim como eu me senti há anos atrás e apenas por isso vou cultivar essa amizade e "amor", só para então derrubá-lo. Toda essa minha vontade pode parecer masoquismo, porém ao invés de sentir prazer na dor dos outros, só sinto na dor de Calvin e somente na dele e nada mais.

Penso nisso olhando para a Mansão Lemos pela minha janela. Eu sei que nunca deveria ter entrado de cabeça nessa aposta de adolescentes bêbados, e até posso ouvir a voz do meu falecido irmão Ed me repreendendo pelas minhas últimas ações, mas não pude perder a oportunidade. Percebo da sacada do meu quarto que a luz do quarto de Calvin está ligada. Fico me perguntando o que ele pode estar fazendo.

Mas minha dúvida não é respondida e logo a luz do quarto dele é desligada, quase que em sincronia ao toque do meu telefone.O ecrã do aparelho mostrava o nome de Megan Wilson. Revirei os olhos, recusando a chamada. Preciso dormir para ter energias o suficiente para amanhã. Ainda falta duas ou três semanas para a aposta acabar e não poso nem cogitar em perder isso.

Calvin mexeu com o meu lado competitivo e garanto  que foi a pior escolha que ele poderia ter feito.

Deitei na minha cama, querendo dormir e falhei miseravelmente por causa do Calvin. O momento em que os olhos dele focaram nos meus mais cedo, em frente a escola estão me atormentando. A intensidade daqueles olhos azuis, o mistério que há neles estão, de alguma forma, me fazendo pensar no Calvin. A troca momentânea de calor dos nossos corpos, o encaixe perfeito do dele no meu; os meus dedos subindo vagarosamente da cintura para as costas dele sem eu perceber. Isso está me atormentando.

Que sensação esquisita é essa?

Sentei na cama, ofegante e furioso. Calvin ronda a minha cabeça, e me atormenta com aquelas íris azuis intensas e vibrantes. Existe algo estranho comigo. Muito estranho.

Puxei meus cabelos frustrado. Como pode eu sentir isso sendo que agora pouco meu ódio me guiava?

Me joguei na cama outra vez, tentando novamente dormir. Ainda que aquele Riquinho de Merda esteja alojado na minha mente.

                              — The Last Memory  —

Na manhã seguinte dirigi a minha moto até a casa de Marcus num estado sonâmbulo, quase dormindo. As ruas de Stars Home estão quase vazias por ser um fim de semana e a maioria dos habitantes iam para a Califórnia, curtir as praias da cidade. Prefiro ficar aqui e conversar com meu melhor amigo. A noite passada foi um tormento. Consegui cochilar um pouco por volta das quinze para as seis da manhã. Acordei às dez manhã, assustado com o sonho que tive.

O sentimento que de pouco a pouco se aloja no meu peito é um um tanto quanto nostálgico, por parecer demais com o que tive anos atrás. Sentimento esse, que sumiu bruscamente.  Minha ida até a casa de Marcus é justamente para pedir conselhos. É terminantemente proibido esse sentimento voltar para mim. Da primeira vez a dor foi grande demais.

A casa de pintura vermelha e cerca branca apareceu na minha visão. As cores da residência de Marcus esta desabotoando e por isso ele está proibido pelo tio de sair esse fim de semana. Marcus recebeu o dever de o ajudar na pintura da casa ou nas palavras do tio dele: da "Grandiosa Residência dos Stone". As novas cores pelo que aparentava seriam azul e preto. Quando estaciono a moto, percebo o estado do meu amigo. Seu macacão jeans tinha generosos pingos de tinta azul e preta e na camisa amarela que usava por baixo também estava manchada de tinta. O tio dele estava num estado pior.