XV |O Calor da Paixão - Parte I |

217 26 37
                                    

"Suporto toda a dor da vida se no final você me receber com um sorriso e o calor do seu amor."

— André Soeiro.

º Por Calvin S. Lemos:

A primeira coisa que notei ao recobrar os sentidos foi o som do bip perto de mim. Sinto dor por todo o meu corpo, e me sinto meio perdido e grogue. Ao abrir os olhos, pude perceber o quarto branco de hospital que estou. Naquele quarto tão branco e entediante há um sofá próximo a cama que estou deitado. Posso ver claramente a silhueta de meu melhor amigo deitado lendo um pedaço de papel.

— Que porra, Marcus! Minha vida já é difícil o bastante e você quer acabar ainda mais com ela? — Ouço praguejar. Sua reclamação me faz denunciar meu despertar com uma gargalhada, que chama a atenção de Arthur. Só então pude perceber o que ele lia. Era uma folha de caderno, com palavras que infelizmente não pude decifrar sobre o que diziam. Para a sorte de Arthur, porque eu iria caçoar dele tanto. Só não seria hoje por causa da dor excruciante que me impede de provocá-lo.

— Calvin! — Exclamou ele, largando imediatamente o papel e se aproximando de mim. — Como se sente?

— Com dor. O que acha, Thur? — Respondi um pouco rude. Percebi quando ele arregalou os olhos. — Desculpe, Thur....

Arthur apenas assentiu com a cabeça e puxou uma cadeira para perto da cama, questionando como realmente estou me sentindo:

— Dolorido. A surra foi bastante severa. — Respondi, sentando no colchão. — Como vim parar aqui?

— Benjamin — prontamente Arthur respondeu, um pouco ríspido e rápido demais para mim. — Ele por incrível que pareça estava aparecendo perto do beco onde a vaca da Lydia te batia e ajudou você e Jessie.

Isso não pode ser verdade. Tudo bem que Benjamin Allen faz parte do time de Futebol da escola e é um cara enorme e musculoso, mas ele não é de usar a violência em nada. Aliás, ele é super da paz e nunca o vi bater em alguém. Então é meio difícil acreditar que ele tenha sido o meu "salvador". E a pressa e urgência de Arthur em me responder isso só torna as coisas ainda mais estranhas.

— Há quanto tempo estou apagado?

— 17 horas — Arthur parecia estranhamente ansioso, mas irei esconder o fato de que reparei nisso. Também irei esconder o seu surto momentos atrás com que quer que esteja escrito naquela carta de Marcus a ele. — Sua mãe veio aqui há pouco tempo, assim como Jessie e... Marcus...

— Marcus Stone esteve aqui? — Ergui a sobrancelha. — Christian também veio me ver?

A ideia de meu arqui-inimigo me ver nesse estado enviou uma onda de arrepios por toda a minha coluna. Apenas de imaginar Christian preocupado comigo me faz sentir decepção por não estar acordado e vê-lo.

— Não. Apenas Marcus. — E a decepção aumenta.

Que caralhos você está pensando, Calvin?

— Que bom. Fico arrepiado só de imaginar Christian. — Minto, sabendo que o tolo do meu coração sente justamente o contrário do que falei. Espero que Arthur não perceba a minha mentira, ou ignore ela assim como estou ignorando o seu surto. É óbvio que não foi Benjamin que me resgatou, mesmo eu estando quase desmaiado, posso jurar já ter estado naqueles braços antes e a única certeza que tenho é que não são os braços de Benji. Fora que o cheiro dele não me é estranho, assim como a sua voz.

Minha conversa com o meu amigo foi interrompida por minha irmã entrando no quarto com minha mochila nas costas e uma bandeja em mãos.

— Chegou o jantar do doentinho.

O Último Beijo | Livro #1 | Romance gay | Concluído✅Onde histórias criam vida. Descubra agora