X | Atitudes de um (Mal) Coração |

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"Querido, somos tão bons em sermos ruins um com o outro, que sinto medo de quando começarmos a sentir algo a mais que 'ódio'."

Calvin S. Lemos

° Por Calvin Lemos:

Sinto a minha dor de cabeça aumentar exponencialmente ao perceber na situação que cai, cercado do time rival. Estou na aula de História, tentando a todo custo pulverizar o professor e treinador Hollend. O motivo pelo qual estou fuzilando-o de ódio é pelo simples fato de que terei que fazer trabalho em grupo, com os membros que ele escolheu, que para meu azar são totalmente leigos nesse assunto.

Alguém me tira daqui, por favor...

— Muito bem. Os grupos estão divididos e todos com os seus assuntos, certo? — O professor passeava pela sala, observando os alunos e por um triz ele não me pegou mostrando a língua para ele. — O que quero que façam é pesquisar sobre cada mitologia que lhes entreguei. Com todos os deuses, semideuses citados. Terão uma semana para entregar.

O que significa que terei que ver esses idiotas mais do que sou obrigado, penso me rendendo a vontade de bufar e abaixar a cabeça. Arthur teve sorte de cair no grupo de Marcus Stone e Alice Wilson. Meu melhor amigo me observa com um misto de pena e vontade de rir, e sem cerimônia alguma, mostrei o dedo para ele, que libertou o riso. O resto da aula permaneço de cabeça baixa, remoendo a informação de que vou ser forçado a cooperar com Christian Andrews e Tyler Hoop. Quando a aula acabou, imediatamente agarrei as minhas coisas e sai da sala, almejando poder ir embora sem precisar falar com o Andrews ou Hoop.

— Ei! Espera, Santiago! — Pelo que parece, o destino nunca me ajuda e talvez seja por isso que eu o odeio. Atrás de mim os meus dois colegas de grupo marchavam a minha direção.

— Já iria embora, Calvinzinho? — Christian realmente não sabia o quanto odeio esse apelido. — Temos um encontro, lembra?

— Um encontro, Andrews? Tem certeza de que não bateu a cabeça? — Ajeitei a minha mochila no meu ombro. — Não iremos à um encontro. Vamos apenas fazer esse trabalho ridículo de uma vez por todas.

— Você tira toda a graça da situação, babe. — Ouvi ele reclamar, contudo optei por ignorar, poupando a minha paciência e ele.

— Podemos fazer na minha casa. É melhor, assim nenhum dos dois irão se conter. — Tyler disse. Olhei incrédulo para ele.

— O que quer dizer com isso, Hoop?

— Que vocês precisam resolver essa tensão sexual. — Respondeu, direto. Revirei os olhos, desacreditado no que Tyler havia dito. — Não vai me dizer que vocês mantém essa rivalidade de fachada e estão namorando em segredo.

É, Tyler. Estamos mesmo, igual você e o Arthur, seu imbecil, pensei em dizer, mas isso me faria um babaca igual à eles e prometi ao meu melhor amigo que nunca revelaria essa relação errônea dele com o Tyler.

— Como soube? — Christian teatralmente e inesperadamente colocou a mão no meu ombro, de forma bem íntima. Seus olhos verdes voltaram-se para mim, com um sorriso de moleque travesso no rosto. — Parece que fomos descobertos, amor.

Por um instante minha fúria abaixou. Por um instante me acalmei ao ver o sorriso de moleque que Christian usava e a forma genuína que ele sorria, ainda que ao meu lado. Muito parecido com quando ele era apenas um pré-adolescente e éramos amigos. Me absorvi a memória calorosa daquele Christian.

Até lembrar quem realmente está ao meu lado.

— Não viaja, Christian. Mesmo que eu fosse gay, você seria o último homem com quem eu me relacionaria. — Me afastei dele, pondo uma distância segura entre meu corpo e o dele, tentando disfarçar o abalo que sua ação causou em mim. Me recompus, colocando meu melhor olhar arrogante. — Amanhã fazemos esse trabalho na biblioteca. Lá iremos dividir os temas de cada um.

O Último Beijo | Livro #1 | Romance gay | Concluído✅Onde histórias criam vida. Descubra agora