XVII | Ações Impensadas |

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" Quando os meus sentimentos começaram a se revelar, tudo que fiz foi rejeita-los. Agora percebo que, quanto mais se rejeita um sentimento verdadeiro, maior ele fica."

 Christian Andrews.

º Por Calvin Lemos:

Depois que Christian e eu nos afastamos, segui para dentro da escola, sentindo os olhares dos outros em mim. Estavam com pena de mim e não há nada mais nesse mundo que eu odeia do que pena. Isso faz eu me sentir inválido quando na verdade é o contrário. Odeio quando ficam fofocando sobre algo que nem sabem, como o motivo que me deixou com a perna quebrada. As teorias eram diversas. como " com certeza ele deu encima de outra garota do Christian" ou " Ele e Arthur parece que pegaram pesado demais na brincadeirinha deles" e isso me irrita demais. Poderia ter continuado amaldiçoando os alunos de olhos "piedosos" quando Olliver Winters apareceu na minha frente, acompanhado de alguém que não conheço..

— E ai, Lemos! — Olliver deu dois tapinhas nas minhas costas, tentando não querer demonstrar seu olhar de dó, e falhou miseravelmente. — Como está?

— Com a perna quebrada. Olha Ollie. — O cara que o acompanhava disse, rolando os olhos e aproximando de mim. — Prazer, Cody Winters, primo desse lerdo aqui.

Pela primeira vez no meu dia, eu sorri. Gostei desse garoto, se eu não estiver errado, talvez ele esteja no mesmo ano em que estou e o seu primo. Gostei dele por não parecer um completo alienado como os outros nessa escola.

— Prazer Cody. Sou o Calvin — Me apresentei, com um singelo sorriso. — Acho que o seu primo provavelmente já te falou sobre mim.

— Claro. Não só ele, como a maioria dos alunos daqui. É uma celebridade, Calvin. — Cody podia parecer inocente, mas tinha uma personalidade sarcástica e posso até arriscar narcisista e é esse ponto onde o deixa interessante para mim.

— Não sou famoso porque quero, Cody. Acredite, eu trocaria tudo pelo luxo do anonimato. — Respondi, sendo sincero. Depois de muito tempo passei a ficar fatigado da minha dentro da escola. Sempre sendo visto como o "Esquentadinho", "Galo de Briga" ou "Inimigo do Christian", quando sou bem mais que isso. Sou uma pessoa que gosta de  sair sem me preocupar com os olhares ou com os vigias. Quero errar sem ter medo de milhares de pessoas me criticando.  O ensino médio junto da adolescência é uma grande merda colossal e só quem vivenciou o ensino médio sabe como o inferno é.

— Odeia tanto assim sua fama? — Quem perguntou foi Ollie, não parecendo estar com tanta pena assim. 

— Acreditem, meninos quando digo que sim. — Confessei, com um olhar sério. — Mas enquanto não recebo a benção do anonimato, que tal irmos para a sala?

— Tudo bem! — Concordaram, se colocando os dois ao meu lado. Arqueei as sobrancelhas à eles. — Meninos, não preciso de babá, por favor. — Falei, quando percebi a real intenção deles.

  Os dois bufaram.

— Agradeço a preocupação de vocês, mas saibam que isso só me fará me sentir pior do que já estou. — Expliquei.

— Sério? — Cody perguntou.

— Sim, Cody. — Respondi, me arrastando naquelas muletas, ainda tendo a sensação fantasma dos olhos dos alunos em mim. Cody ainda se mantinha ao meu lado, e Ollie também, porém sem indício de estarem acompanhado cada passo meu, como se eu fosse cair a qualquer momento. Agradeço a eles por isso.  

O Último Beijo | Livro #1 | Romance gay | Concluído✅Onde histórias criam vida. Descubra agora